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Onde o guarda-roupa faz a diferença

(sl/rsr)20 de dezembro de 2005

O mundo dos negócios possui regras próprias. São códigos que precisam ser respeitados para que transações tenham sucesso. Entre estas regras está incluída, também, a vestimenta.

Com a globalização, empresários precisam dar atenção aos códigos de vestimenta de outros paísesFoto: BilderBox

O que um empresário, um banqueiro ou um executivo têm em comum? Todos circulam nas mesmas rodas e dominam o mesmo vocabulário. A comparação prosseguiria até esbarrar em um item que pode passar despercebido para olhos ocidentais, mas que fazem uma grande diferença em outras partes do mundo: a roupa.

"Em Roma, como os romanos." O velho ditado parece servir como uma luva para o guarda-roupa dos executivos. Apesar da rotina de compra, venda, busca de clientes e parcerias ser a mesma em todo o planeta, não é somente o comportamento de cada empresário que deve se adaptar à cultura local.

O que se veste também precisa ser levado em consideração. O que é comum na Alemanha, pode causar estranheza no Japão, Irã ou Dubai. Quem não repara nestes pequenos "detalhes", poderá ser visto de forma negativa no exterior, ofender o parceiro de negócios ou colocar em risco um grande contrato, sem saber o porquê.

Nem sempre uma obrigação

A gravata, artigo fundamental no Japão, não é usada no Irã (na foto: presidente Ahmadinejad)Foto: dpa

A tira de tecido, estreita e longa, que se usa em torno do pescoço e que é presa por um nó tinha, no passado, entre outras funções, a de cobrir a fivela do cinto. Nos dias de hoje, a gravata ainda é usada, mas seu significado extrapolou as esferas da etiqueta.

A peça, predominantemente do vestuário masculino, foi introduzida ao vestuário feminino como símbolo de igualdade e independência do sexo. Rebatizada pelos yuppies americanos, a gravata faz parte do terno. Afirmação que vale, pelo menos no Japão. Lá, é um detalhe essencial.

"A gravata é o símbolo de quem faz negócios. Para os olhos de muitos asiáticos, não usar uma significa não ser um negociante e, por isso, não será levado a sério", explica Kuang-Hua Lin, diretor de uma empresa de assessoria para países da costa do Pacífico.

Diferenças à parte

Quebrando radicalmente o paradigma, há o exemplo dos países muçulmanos, como o Irã. "Gravata é um tabu", diz o consultor Amin Janzir, que ensina a empresários alemães as regras do mundo árabe dos negócios. "Ela é vista no Irã como um símbolo cristão, algo que remete às Cruzadas", comenta.

Os países do Golfo (Pérsico), ao contrário, são um pouco mais abertos e voltados para o Ocidente: um homem pode usar sossegado a gravata, contanto que seu padrão ou sua estampa não remetam a associações religiosas.

Mesmo no calor

As mulheres precisam tomar mais cuidado que os homens durante viagens de negóciosFoto: BilderBox

Um capítulo especial precisa ser dedicado às mulheres de negócios. Apesar de já terem provado competência em um ambiente dominado por homens, o "sexo frágil" precisa prestar atenção no que coloca na mala quando em viagem para nações asiáticas ou árabes.

"Vestir-se de forma muito feminina desperta a desconfiança sobre a competência da mulher", ressalta Kuang-Hua Lin. As saias precisam ir até a altura dos joelhos e não podem ser muito justas. Para as blusas curtas ou de alças, o especialista recomenda às mulheres ocidentais que depilem os braços. "Mulheres asiáticas não têm quase nenhum pêlo no corpo", informa. "Braços com pêlos em mulheres surpreende muitos asiáticos e têm, em alguns, um efeito repulsivo".

Nos países árabes, a forma de se vestir está estabelecida por lei. Na Arábia Saudita, por exemplo, as mulheres têm a orbigação (legal) de serem vistas somente com um lenço para a cabeça e uma túnica longa preta, cobrindo completamente o corpo. Regra que vale também para as estrangeiras. Em outras nações, as executivas precisam incluir na bagagem blusas de manga comprida (sem decote) – independente da temperatura.

Leia a seguir: regras para meias e sapatos

Código americano

Pouca roupa é condenada pelos americanosFoto: ZB - Fotoreport

Os Estados Unidos também se mostram conservadores quando o tema é o que vestir no ambiente de trabalho ou em reuniões de negócios. Em geral, a regra exige saias com comprimento até os joelhos, pernas depiladas e o uso de meias-calças.

O consultor de empresários Jan Kuhnert lembra que o dress code no Leste europeu é mais aberto. "Lá a mulher pode mostrar um pouco mais das pernas".

Clima mediterrâneo

Posição semelhante pode ser encontrada na França e na Itália. Autora do livro Business-Etikette in Europa ( Etiqueta nos negócios na Europa), Elke Uhl-Vetter explica que nos dois países "as mulheres podem se mostrar mais femininas e as roupas são mais coladas ao corpo". Uhl-Vetter sabe, ainda, o papel das cores.

"Na Espanha ou Itália, conjuntos marrons são permitidos. Já na Grã-Bretanha, ninguém usa". Cuidado no país do chá das cinco também para os padrões, pois uma determinada combinação de cores é freqüentemente associada a uma clube ou a um internato específicos. Países escandinavos, segundo Elke, não são tão rigorosos. "Pode acontecer de alguém chegar para uma reunião usando um blusão de tricô".

Meias e sapatos

Muitos homens de negócios esquecem que no Oriente é tradição tirar os sapatosFoto: Wrede

Quem pensa que as pessoas não olham para baixo, tem um grande problema. O diretor de uma empresa de aconselhamento para países asiáticos do Pacífico, Kuang-Hua Lin, sabe que este ponto é sempre esquecido por ocidentais. "Eles simplesmente esquecem que geralmente se tira os sapatos na Ásia", lembra.

Um anfitrião poderia, com este ato, perceber se os sapatos e as meias de seus convidados estão limpas. Embaraço maior para quem tem sapatos sujos ou meias furadas. Quem viaja ao Japão deve levar sempre um par de meias a mais para usar nestas ocasiões."Se o destino é o mundo árabe, atenção aos sapatos", ressalta Amin Janzir. Um absoluto tabu é mostrar a sola do sapato para um árabe. "Os europeus fazem isso freqüentemente, sem perceber, quando cruzam as pernas", complementa.

Em outras regiões, até a cor é um elemento importante: combinar terno azul-marinho com sapato marrom em países de língua inglesa é uma gafe – mesmo quando a moda o permite. "As tendências não se aplicam para as regras de vestimenta do mundo dos negócios", conclui Uhl-Vetter.

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