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Refugiados: ONG católica pede mais fatos e menos emoções

28 de setembro de 2017

Malteser divulga relatório para amparar discussões sobre imigração na Alemanha e afirma que participação no mercado de trabalho é decisiva para integração bem-sucedida.

Symbolbild Migranten Menschenrechte Gesellschaft
Foto: picture-alliance/dpa/R. Jensen

Ao apresentar um novo estudo sobre imigrantes na Alemanha nesta quarta-feira (27/09) em Berlim, o presidente da seção alemã da associação Malteser International, Karl Prinz zu Löwenstein, já esperava por esta pergunta: por que mais uma pesquisa sobre imigração?

De fato, só o governo alemão já publicou 11 relatórios sobre o tema. Löwenstein respondeu afirmando que o estudo de sua organização é "único", ressalvando que não se trata de competir com os outros, mas de apresentar o tema sob um novo enfoque.

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O relatório de 112 páginas da organização católica se apoia em análises científicas das questões migratórias e é o "resultado da longa experiência da Malteser em apoiar refugiados", disse Löwenstein. Ele explicou que o objetivo é tornar o debate sobre a imigração menos emotivo, embora ressalve que emoções não são algo ruim. "Quem não se emociona com o destino daqueles que passam necessidade?"

A Malteser publicou o relatório, intitulado Fatos e não sentimentos, de propósito logo após a eleição parlamentar alemã do último fim de semana, com o objetivo de influenciar a agenda política do novo período legislativo, disse o presidente da seção alemã da organização.

"Um país de imigração"

"A Alemanha é e foi um país de imigração", afirmou Lars Peter Feld, diretor do Instituto Walter Eucken da Faculdade de Economia da Universidade de Freiburg, que foi responsável pelo aspecto científico do relatório.

Feld apontou que a Alemanha passou por vários períodos migratórios desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Ele disse ainda que a experiência anterior do país com a questão mostra que a participação no mercado de trabalho é decisiva para uma integração bem-sucedida.

As conclusões do relatório indicam que os imigrantes de países não europeus não estão bem integrados no mercado de trabalho alemão, apontou Feld. Os obstáculos incluem língua, nível educacional e dificuldade no reconhecimento de diplomas e certificados estrangeiros.

O nível educacional e as qualificações dos refugiados do mais recente fluxo migratório em 2015-16 se adequam mais "a trabalhos auxiliares do que a atividades de alta qualificação", ressaltou o especialista, explicando ainda que os novos imigrantes poderiam se integrar mais rapidamente no mercado de trabalho se os procedimentos para a concessão de refúgio pudessem ser realizados com mais rapidez.

Estatísticas de crimes

A estatística de crimes é outra área que precisa ser analisada de forma mais atenta, disse Feld. De forma geral, ela caiu em relação há 20 anos. No entanto, o percentual de delitos supostamente praticados por estrangeiros aumentou de 33% em 1993 para 40% em 2016. Essa estatística inclui as violações relacionadas ao próprio refúgio, nas quais os cidadãos alemães não podem incorrer.

Seria incorreto afirmar que "os refugiados representam uma parte central do aumento da criminalidade nos últimos dois anos", disse Feld, acrescentando que há ainda diferenças significativas relacionadas ao local de origem.

Ele mencionou como exemplo os 11% de crimes cometidos por não alemães provenientes de países do Norte da África, "embora eles sejam somente 2% dos imigrantes". Já os estrangeiros provenientes da Síria, do Iraque e do Afeganistão são menos propensos a cometer crimes do que pessoas de outros países, apontou o professor de economia, com base em estatísticas.

Quando se trata de impor um limite ao número de refugiados na Alemanha, o especialista da Universidade de Freiburg afirmou ser contra, chamando a questão de um debate equivocado. Ele disse que o foco deve estar na integração "verdadeiramente sensata" daqueles que já estão na Alemanha.

Marcel Fürstenau Autor e repórter de política e história contemporânea, com foco na Alemanha.
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