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ONG pede fim de prática para "curar" gays na China

15 de novembro de 2017

Human Rights Watch reivindica combate à prática em que pessoas LGBT são internadas em clínicas e hospitais para que se "convertam" em heterossexuais. Casos envolvem terapia de aversão e tratamento de eletrochoque.

Casal de ativistas gays chineses: direitos ainda não são reconhecidos
Casal de ativistas gays chineses: direitos ainda não são reconhecidosFoto: picture-alliance/dpa/Q. Peng

A ONG Human Rights Watch (HRW) pediu nesta quarta-feira (15/11) o fim da "terapia de conversão" na China, uma prática controversa que busca "curar" indivíduos membros da comunidade LGBT para torná-los heterossexuais.

A organização de defesa dos direitos humanos pediu ao governo em Pequim que enfrente a prática, que é ilegal de acordo com a legislação chinesa.

"Se as autoridades chinesas estão empenhadas em acabar com a discriminação e o abuso contra as pessoas LGBT, é hora de pôr fim a esta prática nas instalações médicas", disse Graeme Reid, diretor de direitos LGBT da HRW, em comunicado.

Para o relatório, foram entrevistadas 17 pessoas. Elas descreveram terem sido retidas em instalações médicas, algumas em alas psiquiátricas, e passado por "consultas psiquiátricas, hipnoterapia, medicação, terapia de aversão e tratamento de eletrochoque".

Na maioria dos casos, as pessoas foram tratadas em hospitais públicos, levadas pelos próprios familiares, embora a homossexualidade seja legal na China desde 1997 e tenha sido desqualificada como transtorno mental em 2001. 

"A experiência deixou um profundo impacto psicológico em mim", contou Yang Teng, ativista dos direitos dos gays que foi submetido a choques na cidade de Chongqing, no sudoeste do país.

No relatório, homossexuais contam como, uma vez internados, eram atormentados por médicos, que os chamavam de "doentes, pervertidos e sujos". Um deles foi submetido a terapia de aversão: "pacientes" tomavam medicação que forçava o enjoo, enquanto assistiam a pornografia gay.

Tommy Chen, porta-voz do grupo Rainbow Action Hong Kong, disse à agência alemã de notícias DPA que tem notado um aumento no número de incidentes e que a prática é ainda mais comum na região administrativa de Hong Kong.

"Eu diria que a situação da terapia de conversão em Hong Kong é ainda muito pior", disse. "O que se lê na China não é feito pelo governo, mas o caso da terapia de conversão em Hong Kong é apoiado pelo próprio governo de Hong Kong."

Segundo as diretrizes do Comitê Nacional de Saúde, o Estado tem obrigação de investigar atividades dos hospitais, onde é proibido o confinamento forçado de pacientes, a não ser que eles representem um perigo para a sociedade.

Mas o governo ainda não tem leis claras para tratar o caso das "conversões" e para punir os responsáveis por aplicá-las.

A sociedade chinesa continua a favorecer descendentes que possam levar o nome da família adiante, e como no país união entre gays e adoção de crianças por casais do mesmo sexo não são permitidas, muitos acabam forçando a internação de parentes homossexuais.

A China também não tem leis específicas que protejam cidadãos contra a homofobia, o que acaba afastando vítimas das "conversões" de buscarem justiça.

PV/dpa/ap/ots

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