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ONG propõe limite de 120 km/h em autoestradas alemãs

21 de janeiro de 2019

Medida visa reduzir emissão de CO2 no país, mas ministro dos Transportes diz que não vai apoiar propostas que provoquem "raiva e irritação" em motoristas. A autobahn não possui limite de velocidade em vários trechos.

Bildergalerie Straßenverkehr
Uma parte da malha de autoestradas da Alemanha não tem limite de velocidade definidoFoto: picture-alliance/C. Ohde

A organização ambientalista alemã Deutsche Umwelthilfe (DUH) propôs nesta segunda-feira (21/01) limitar a velocidade máxima nas autobahnen (plural de autobahn) a 120 km/h e nas estradas estaduais a 80 km/h, com o objetivo de diminuir a emissão de CO2.

As autobahnen (autoestradas alemãs) são famosas por não terem limite de velocidade em muitos trechos, e não é incomum que motoristas trafeguem a velocidades bem superiores a 120 km/h. O mesmo ocorre em várias estradas estaduais.

"Nós exigimos um limite de 120 km/h em todas as autoestradas e de 80 km/h nas estradas estaduais", disse o diretor da DUH, Jürgen Resch, ao jornal Rheinische Post. Segundo ele, a medida poderia evitar a emissão de pelos menos 5 milhões de toneladas de CO2 por ano.

No ano passado, o tráfego de automóveis foi responsável pela emissão de 115 milhões de toneladas de CO2, segundo o Escritório Federal de Estatísticas da Alemanha.

Na semana passada, uma comissão que contou com o apoio do governo alemão e de setores da indústria automotiva já havia feito uma proposta similar. Nesse caso, o limite nas autobahnen seria de 130 km/h. O grupo também sugeriu um imposto adicional sobre o diesel e quotas de produção de veículos elétricos. As ideias têm como objetivo reduzir a emissão de CO2 no país até 2030.

Embora não passassem de sugestões, essas propostas acabaram provocando reações firmes, inclusive de membros do próprio governo. O ministro dos Transportes, Andreas Scheuer, que é filiado à legenda conservadora União Social Cristã (CSU), disse no domingo que as recomendações "são jogos mentais fora da realidade". "Alguns lobistas querem empurrar sua própria agenda contra todo o bom senso."

Recentemente, a França impôs uma taxa ambiental sobre a venda de combustíveis, mas a medida acabou servindo de estopim para o movimento dos "coletes amarelos", que há semanas castigam o governo de Emmanuel Macron com protestos.

Scheuer demonstrou não desejar que o governo alemão corra o mesmo risco. "Pedidos que provocam raiva, irritação, estresse e que ameaçam nossa prosperidade não vão se tornar realidade. Eu rejeito isso", completou o ministro.

Em resposta, Resch, da DUH, afirmou que os "comentários derrogatórios" de Scheuer sobre as propostas da comissão "mostram claramente que o Ministério dos Transportes não tem em mente nem a segurança do trânsito nem a proteção do clima". Ele também disse que a CSU e seu partido irmão, a União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel, são "partidos da indústria automotiva". "União Diesel Cristã", referiu-se o diretor da ONG à CDU.

Nos últimos anos, a DUH tem feito lobby para que várias cidades da Alemanha proíbam ou limitem a circulação de carros a diesel – mais poluentes e que foram pivô do escândalo de manipulação de emissões que atingiu a indústria automotiva alemã. Essas proibições são extremamente impopulares entre motoristas e associações de proprietários de veículos, que alegam que eles não podem pagar pelos erros da indústria.

A CSU e a CDU têm se colocado ao lado dos proprietários e passou a criticar a atuação da Deutsche Umwelthilfe. Num encontro dos conservadores em dezembro, vários partidários pediram que a DUH perca seu status de ONG. A própria sucessora designada de Merkel na chefia da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, acusou o grupo de estar travando uma "cruzada" contra o diesel e de estar prejudicando a indústria.

JPS/ots

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