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Esporte

"ONG representa sonho de Senna"

Roberta Jansen
20 de outubro de 2016

Há 25 anos, piloto se tornava o mais jovem tricampeão da categoria, e instituto lembra data com várias estátuas em São Paulo. Morte prematura marcou criação de entidade que ajuda na educação de milhares de crianças.

Ayrton Senna Imola 1994
Senna em Ímola, em 1994, no dia da tragédia: sonho foi comunicado à irmã semanas antesFoto: picture-alliance/dpa

Há exatos 25 anos Ayrton Senna conquistava o campeonato de Fórmula 1 no Japão, se tornando o mais jovem tricampeão da categoria e se consagrando como um dos maiores pilotos de todos os tempos. Em virtude da data emblemática, diversas estátuas do piloto poderão ser vistas a partir desta quinta-feira (20/10) em diferentes pontos de São Paulo, como forma de lembrar o seu legado no esporte, mas também nas questões sociais.

A morte prematura de Ayrton Senna em um acidente em primeiro de maio de 1994 marcou o trágico desaparecimento de um dos maiores atletas do país. Mas marcou também o nascimento de uma ONG, em novembro daquele mesmo ano, que iria ajudar na educação de milhões de crianças por todo o Brasil.

As 11 estátuas em homenagem ao piloto podem ser vistas em diferentes pontos da cidade de São Paulo até o dia 15 de novembroFoto: Instituto Ayrton Senna

"Ele sempre teve essa preocupação com o Brasil, essa vontade de ajudar a melhorar a situação do país”, relembra Bianca Senna, diretora de marca do Instituto Ayrton Senna e sobrinha do piloto. "Mas ele fazia essas coisas de forma não oficial, por meio de doações a escolas e hospitais. No começo daquele ano de 1994, quando estava de férias, antes do início do campeonato, ele procurou a minha mãe [a irmã do piloto, Viviane Senna] para conversar sobre a ideia de fazer algo mais estruturado, de ajudar de forma mais eficaz.”

Os irmãos combinaram de voltar a falar sobre o tema de forma mais concreta no fim do ano, depois do campeonato. Senna morreu em maio, no Grande Prêmio de San Marino, em um acidente sofrido enquanto liderava a prova. Sete meses depois, Viviane realizava o sonho do irmão e inaugurava o Instituto Ayrton Senna.

"No início, trabalhamos muito com ações pontuais, mas logo percebemos que, no caso do Brasil, com tantos problemas, não dava para atuar no varejo. Precisávamos mirar no atacado”, explica Bianca.

Dessa constatação veio a ideia de trabalhar no desenvolvimento de tecnologias sociais em educação – ou seja de criar técnicas para ajudar as escolas da rede pública a melhorar a qualidade do ensino oferecido. Hoje, o instituto ajuda 1,8 milhão de crianças em 720 municípios.

Um dos programas mais famosos criados pelo Instituto é o Acelera – cujo objetivo é fazer com que alunos que estão atrasados nos estudos possam completar três anos em apenas um; uma espécie de supletivo para evitar a evasão escolar.

Legado e inspiração

O nome Acelera, claro, não é por acaso. Conceitos caros ao piloto como determinação, garra e foco em resultados estão presentes na idealização da ONG e de seus projetos.

"O instituto representa o sonho de Ayrton realizado: ajudar o país a melhorar”, resume Bianca. "E nós acreditamos que isso é possível através da educação. Se tivermos uma educação melhor, formaremos pessoas mais capazes para o mundo de hoje.”

O legado de Senna para a Fórmula 1 é bem mais conhecido, embora não menos importante. A questão da segurança das pistas e dos automóveis, por exemplo, era uma bandeira importante de Senna. Após o acidente que resultou em sua mort, muita coisa mudou neste sentido. Hoje, os carros e os circuitos são muito mais seguros.

"Neste sentido foi uma verdadeira revolução”, avalia Bianca, lembrando que, desde então, o número de acidentes com vítimas foi drasticamente reduzido.

Outro aspecto inovador legado por Senna foi o da importância do preparo físico do piloto.

"Ele levava muito a sério o preparo físico, corria, fazia dieta, tinha uma alimentação balanceada; isso não era comum na época”.

Não por acaso, 25 anos depois do tricampeonato, Senna segue sendo um grande exemplo, um dos maiores nomes do esporte no país. Pesquisa divulgada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) antes das Olimpíadas revelou que praticamente 90% dos atletas olímpicos diziam se inspirar no piloto.

"Até hoje ele inspira e ajuda atletas e pessoas em geral.”

E deve continuar sendo assim. As 11 estátuas em homenagem ao piloto podem ser vistas em diferentes pontos da cidade (shoppings, aeroportos, clubes) até o dia 15 de novembro. Depois disso, elas serão reunidas em Interlagos, numa espécie de museu a céu aberto.

 

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