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ONGs socorrem animais no meio da guerra na Ucrânia

Martin Kuebler
18 de março de 2022

Organizações se mobilizam para arrecadar ração e medicamentos para abrigos e zoológicos ucranianos, além de prestar apoio na retirada de animais das zonas de conflito.

Pessoas carregando animais em fuga da guerra
Quem pode carrega consigo os animais de estimação na fuga da UcrâniaFoto: Vadim Ghirda/AP/picture alliance

Milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde que as tropas russas invadiram o país em 24 de fevereiro. A maioria buscou abrigo em países da Europa Ocidental. Muitos levaram seus amigos de quatro patas. Ao lado dos milhares de voluntários que prestam assistência aos refugiados nas fronteiras, grupos de proteção aos animais, como a Humane Society International (HSI), se mobilizaram para fornecer ração e cuidados veterinários para os animais que chegam.

"Deixar animais de estimação para trás para morrer de fome ou serem feridos na guerra é para muitos compreensivelmente uma decisão impossível. Ouvimos de refugiados que ajudamos em Berlim que a leal companhia de seus animais de estimação manteve eles e suas famílias seguindo em frente na árdua jornada em busca de segurança", contou Sylvie Kremerskothen Gleason, diretora da HSI na Alemanha.

"Especialmente para as crianças, os animais de estimação são uma enorme fonte de conforto para ajudá-las a lidar com o trauma da guerra. Estes refugiados estão assustados e exaustos, portanto, ajudá-los a cuidar de seus animais significa que eles têm uma preocupação a menos num momento em que mais precisam de ajuda", acrescentou.

Entidades de caridades e ONGs estão coletando fundos para ajudar os abrigos de animais que ainda operam na Ucrânia. Estas doações estão sendo usadas para enviar os suprimentos urgentemente necessários nestes locais. Entre os voluntários está uma jovem que vem resgatando cães deficientes dos abrigos, como retratou o fotógrafo Christopher Occhicone para o The Wall Street Journal.

Zoológicos em risco

Porém, quando se trata de espécies maiores, a evacuação é simplesmente impossível. No zoológico de Kiev, um pequeno grupo de tratadores ficou para trás para cuidar dos animais, incluindo elefantes, camelos, grandes felinos e um gorila.

"A guerra está causando um estresse terrível para os animais", escreveu o zoológico em seu site no final de fevereiro, nos primeiros dias da guerra. Alguns precisaram de sedativos para acalmá-los em meio as explosões e tiros que ecoam na capital ucraniana.

Em 9 de março, o zoológico informou que tinha ração para alimentar seus cerca de 4 mil animais por apenas mais duas semanas. Uma semana depois, pediu um corredor humanitário para evitar que os bichos morressem de fome e frio. "Não podemos tirar de lá rinocerontes e girafas, e nem sequer temos medicamentos para eutanasiá-los", disse o porta-voz do local Mykhailo Pinchuk, segundo a agência de notícias Unian.

Nos últimos dias, o zoológico recebeu um carregamento de ração granular de longa duração de zoológicos da Alemanha, República Tcheca, Eslováquia e Polônia, juntamente com suplementos e remédios.

Abrigo na Europa Ocidental

Alguns animais maiores conseguiram ser retirados do país e estão em segurança no exterior. Cerca de 80, entre eles leões e tigres, foram levados no início de março de um santuário perto de Kiev para um zoológico em Poznan, na Polônia. "Eles tiveram que percorrer um longo caminho para evitar Zhytomyr e outras zonas de bombardeio", contou Malgorzata Chodyla, porta-voz do local.

Depois de algum tempo para descansar e se recuperar, e dos controles veterinários necessários, alguns dos animais viajaram mais para o oeste para encontrar segurança em outros santuários europeus, por exemplo, na Bélgica.

Lêmure nascido no zoo de Kiev recebeu o nome Bayraktar, em homenagem aos drones turcos utilizados pelos militares ucranianosFoto: Jamie Wiseman/Daily Mail/dmg media Licensing/picture alliance

A organização de bem-estar animal Four Paws International, que organiza missões em lugares como Síria, Gaza e Iraque desde 1988, também está ativa na Ucrânia. Sua equipe de veterinários, grupos de resgate e gerentes de crises estão em contato com grupos locais e ajudam a enviar recursos para abrigos quase inacessíveis devido ao combate.

"Por enquanto, nossa prioridade na Ucrânia não é tanto resgatar animais de uma zona de guerra, mas protegê-los e cuidar deles em um país que se tornou uma zona de guerra", disse um porta-voz do Four Paws. "Portanto, não estamos em uma missão de resgate, mas de proteção, a fim de ajudar e preservar a saúde de nossos colegas e dos animais".

Ajuda também a animais de criação

No início de março, a equipe da Four Paws ajudou a evacuar sete ursos de um santuário perto de Kiev para um abrigo administrado pelo grupo em Domazhyr, a cerca de 60 quilômetros da fronteira com a Polônia. Lá, eles se juntaram a outros 29 ursos. "Embora haja relatos recentes do aumento de incidentes de guerra também na parte ocidental da Ucrânia, nossa equipe e todos os animais estão bem", disse Ihor Nykolyn, diretor do local.

Veterinário Radoslaw Fedaczynski, da clínica Ada, na Polônia, trata de um cordeiro ucranianoFoto: picture alliance / AA

Four Paws também alimenta cães de rua e coordenou a evacuação de emergência de cavalos de um estábulo perto de Odessa. Fora da Ucrânia, a organização trabalha com grupos locais na Bulgária, Romênia e Moldávia para fornecer serviços gratuitos como vacinas, instalação de chips, cuidados veterinários, ração e outros suprimentos necessários para os animais de estimação dos refugiados.

A maioria dos bichos que deixaram as zonas de guerra são animais de estimação − gatos, cães, coelhos e ocasionalmente algum réptil. Mas instituições na Polônia também têm cuidado de animais de criação, como ovelhas.

"Estamos envolvidos em muitas missões de resgate por lá, seja salvando animais sobre os quais nos avisam ou que foram levados para abrigos", disse Konrad Kuzminski, veterinário do grupo de resgate Dioz, ao jornal britânico The Daily Mail. "Muitos deles estão em más condições, doentes, famintos ou sofrem com patas quebradas. Coletamos todos os animais que encontramos e os trazemos ao nosso abrigo para serem cuidados".

"Alguns dos cães e animais que recebemos estão tão fracos e subnutridos. Nestes casos, não há nada que possamos fazer por eles, é muito angustiante", contou Radoslaw Fedaczynski, veterinário da Fundação ADA em Przemysl, Polônia, ao The Daily Mail.

Fedaczynski e outros veterinários trabalham sem parar desde o início da guerra, tratando os animais e dando-lhes um lugar seguro para viver. Uma vez recuperados, muitos acabarão sendo colocados para adoção. Alguns refugiados pediram, no entanto, à organização para manter seus animais de estimação seguros até que a guerra termine e eles possam levá-los de volta para casa.

 

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