ONU: 5 mulheres são mortas por hora por familiar ou parceiro
Farah Bahgat
25 de novembro de 2022
Mais da metade das 45 mil mulheres e meninas assassinadas no ano passado foram mortas pelo próprio parceiro ou por um parente próximo, afirma relatório. Verdadeira cifra deve ser ainda maior, adverte a ONU.
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Pelo menos 45 mil mulheres e meninas em todo o mundo foram mortas por seus familiares ou parceiros em 2021, afirmou um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado às vésperas do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, comemorado nesta sexta-feira (25/11).
Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e a ONU Mulheres, isso significa que mais de cinco mulheres ou meninas foram mortas a cada hora por alguém de seu convívio próximo.
O relatório enfatiza ainda que, embora os números do feminicídio sejam "assustadoramente altos", a verdadeira cifra é provavelmente ainda maior.
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Quando o próprio lar não é um lugar seguro
Segundo a ONU, cerca de 81,1 mil mulheres e meninas foram mortas intencionalmente no ano passado.
"De todas as mulheres e meninas mortas intencionalmente no ano passado, cerca de 56% foram mortas por parceiros íntimos ou outros membros da família, (…) mostrando que o lar não é um lugar seguro para muitas mulheres e meninas", concluíram os escritórios da ONU.
O relatório reconheceu que homens e meninos são, no geral, muito mais propensos a serem mortos, representando 81% de todas as vítimas de homicídios. Mas mulheres e meninas são particularmente afetadas pela violência de gênero em suas próprias casas.
O texto acrescentou que o maior número de feminicídios em 2021 foi registrado na Ásia, com uma estimativa de 17,8 mil vítimas. Em segundo lugar ficou a África, com 17,2 mil vítimas registradas, diz a ONU.
América Latina e a luta pelos direitos das mulheres
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'Pouquíssimo progresso'
"As evidências disponíveis mostram que houve pouquíssimo progresso na prevenção de assassinatos de mulheres e meninas relacionados ao gênero", disse o comunicado da ONU.
De acordo com o relatório, os dados da Europa mostraram uma redução de 19% nos assassinatos de mulheres e meninas no ambiente familiar na última década, enquanto as Américas registraram um declínio médio de 6% no mesmo período.
Os lockdowns decorrentes da pandemia de covid-19 foram apontados como um dos possíveis fatores que teriam contribuído para um ano "particularmente mortal" para mulheres e meninas na América do Norte em 2020, disse a ONU.
Como as mulheres combatem o feminicídio pelo mundo
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O relatório observou ainda que os feminicídios registrados no início da pandemia de coronavírus "foram maiores do que quaisquer variações anuais observadas desde 2015".
A ONU disse que, devido à falta de dados, não foi possível traçar uma série histórica na África, na Ásia e na Oceania.
"Ao garantir que todas as vítimas sejam contabilizadas, podemos garantir que os agressores sejam responsabilizados e a justiça seja feita", defenderam os escritórios da ONU.
O órgão apelou também por um compromisso político para a prevenção da violência de gênero. Isso incluiria a introdução de políticas em favor da igualdade entre os sexos, investimentos em organizações de direitos das mulheres e "alocação de recursos suficientes para a prevenção".
Dez mulheres que fizeram história
Ao longo da história, houve várias pioneiras, seja na ciência ou na luta pelo voto feminino e o direito à educação. Conheça algumas mulheres que se destacaram no seu tempo.
Foto: Hilary Jane Morgan/Design Pics/picture alliance
Primeira rainha-faraó
Após a morte de seu marido, o faraó Tutmés 2º, Hatschepsut assumiu o trono em 1479 a.C., como rainha-faraó tanto do Alto quanto do Baixo Egito. As duas décadas em que esteve no poder foram de paz e de prosperidade econômica. Seu sucessor, Tutmés 3º, no entanto, tentou apagar todos os vestígios da primeira rainha-faraó da história.
Foto: picture alliance/dpa/C.Hoffmann
Mártir francesa
Na Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França, Joana d'Arc, uma filha de camponeses de 13 anos, teve uma visão. Santos pediram a ela que salvasse a França e trouxesse Carlos 7º ao trono. Em 1430, ela foi presa durante uma missão militar. No julgamento, em que virou heroína da França, foi condenada a morrer na fogueira. Mais tarde, seria reabilitada e, em 1920, canonizada por Bento 15.
Foto: Fotolia/Xavier29
Catarina, a Grande
Com um golpe audacioso, Catarina 2ª derrubou o odiado marido do trono e se proclamou imperatriz da Rússia. Ela provou sua capacidade de governar ao dominar todo o território russo e liderar campanhas militares até a Polônia e a Crimeia. Graças a isso, Catarina é a única governante do mundo com o epíteto "a Grande".
Foto: picture alliance/akg-images/Nemeth
Monarca perspicaz
Quando Elisabeth 1ª ascendeu ao trono britânico, ela assumiua supremacia sobre um país em revolta. Ela acabou conseguindo apaziguar a guerra religiosa entre católicos e protestantes, e trouxe uma era de prosperidade ao império britânico. A cultura viveu seu auge com Shakespeare e os navios britânicos derrotaram a armada espanhola.
Foto: public domain
Feminista radical
Em 1903, Emmeline Pankhurst (1858-1928) fundou o movimento feminista no Reino Unido. Na luta para que as mulheres pudessem votar, fez greve de fome, incendiou casas e foi condenada. Em 1918, conseguiu que mulheres a partir dos 30 anos pudessem votar. Morreu em 1928, ano em que começou a vigorar na Inglaterra o sufrágio universal para as mulheres.
Foto: picture alliance/akg-images
Revolucionária alemã
Num tempo em que as mulheres ainda não podiam votar, Rosa Luxemburg estava à frente do revolucionário movimento social-democrático alemão. Cofundadora do movimento de esquerda Liga Espartaquista e do Partido Comunista da Alemanha, tentou acelerar o fim da Primeira Guerra Mundial com greves em massa. Após a repressão da revolta espartaquista, em 1919, ela foi assassinada por militares alemães.
Foto: picture-alliance/akg-images
Grande pesquisadora
Marie Curie (1867-1934) foi uma das pioneiras na pesquisa da radioatividade, o que inclusive lhe rendeu um Nobel de Física, em 1903, mas também os sintomas da então ainda desconhecida doença provocada pela radiação. A descoberta dos elementos Rádio e Polônio lhe valeu o Nobel de Química em 1911. Após a morte do marido, Pierre, ela assumiu sua cátedra, tornando-se a primeira professora na Sorbonne.
Foto: picture alliance/Everett Collection
Diário revelador
"Sua Anne". Assim Anne Frank termina o diário que escreveu entre 1942 e 1944. Na última foto, a garota de 13 anos ainda sorri despreocupada. Dois meses mais tarde, em julho de 1942, ela se mudaria para o esconderijo em Amsterdã. Ali ela viveu na clandestinidade até ser deportada para Auschwitz, onde morreu em março de 1945. Seu diário é um dos mais importantes testemunhos do Holocausto.
Foto: Internationales Auschwitz Komitee
Primeira Nobel africana
"A primeira verde da África" escreveu um jornal alemão referindo-se a Wangari Maathai. Desde os anos 1970, ela se engajava tanto pelos direitos humanos quanto pela preservação do meio ambiente. Com a ONG Movimento Cinturão Verde ela plantou árvores para frear a desertificação. Em casa, no Quênia, ela muitas vezes foi ridicularizada. Mas, em 2004, seu trabalho foi coroado com o Prêmio Nobel da Paz.
Foto: picture-alliance/dpa
Símbolo do direito à educação
Ela tinha 11 anos em 2009 quando falou à imprensa sobre os horrores do Talibã no Paquistão. Quando sua escola para meninas foi fechada, ela lutou pelo direito à educação. Em 2012, sobreviveu a um atentado à bala. Já recuperada, escreveu a autobiografia "Eu sou Malala". Em 2014, com 17 anos, ganhou o Nobel da Paz por defender os direitos de meninas e mulheres.