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ONU: 5 mulheres são mortas por hora por familiar ou parceiro

Farah Bahgat
25 de novembro de 2022

Mais da metade das 45 mil mulheres e meninas assassinadas no ano passado foram mortas pelo próprio parceiro ou por um parente próximo, afirma relatório. Verdadeira cifra deve ser ainda maior, adverte a ONU.

Manifestante de punho erguido durante protesto do coletivo feminista NousToutes contra a violência contra as mulheres, em Paris, em 19 de novembro de 2022.
A boa notícia: na Europa ,assassinatos de mulheres e meninas por familiares teve uma redução de 19%Foto: JULIEN DE ROSA/AFP

Pelo menos 45 mil mulheres e meninas em todo o mundo foram mortas por seus familiares ou parceiros em 2021, afirmou um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado às vésperas do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, comemorado nesta sexta-feira (25/11).

Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e a ONU Mulheres, isso significa que mais de cinco mulheres ou meninas foram mortas a cada hora por alguém de seu convívio próximo.

O relatório enfatiza ainda que, embora os números do feminicídio sejam "assustadoramente altos", a verdadeira cifra é provavelmente ainda maior.

Quando o próprio lar não é um lugar seguro

Segundo a ONU, cerca de 81,1 mil mulheres e meninas foram mortas intencionalmente no ano passado.

"De todas as mulheres e meninas mortas intencionalmente no ano passado, cerca de 56% foram mortas por parceiros íntimos ou outros membros da família, (…) mostrando que o lar não é um lugar seguro para muitas mulheres e meninas", concluíram os escritórios da ONU.

O relatório reconheceu que homens e meninos são, no geral, muito mais propensos a serem mortos, representando 81% de todas as vítimas de homicídios. Mas mulheres e meninas são particularmente afetadas pela violência de gênero em suas próprias casas.

O texto acrescentou que o maior número de feminicídios em 2021 foi registrado na Ásia, com uma estimativa de 17,8 mil vítimas. Em segundo lugar ficou a África, com 17,2 mil vítimas registradas, diz a ONU.

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'Pouquíssimo progresso'

"As evidências disponíveis mostram que houve pouquíssimo progresso na prevenção de assassinatos de mulheres e meninas relacionados ao gênero", disse o comunicado da ONU.

De acordo com o relatório, os dados da Europa mostraram uma redução de 19% nos assassinatos de mulheres e meninas no ambiente familiar na última década, enquanto as Américas registraram um declínio médio de 6% no mesmo período.

Os lockdowns decorrentes da pandemia de covid-19 foram apontados como um dos possíveis fatores que teriam contribuído para um ano "particularmente mortal" para mulheres e meninas na América do Norte em 2020, disse a ONU.

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O relatório observou ainda que os feminicídios registrados no início da pandemia de coronavírus "foram maiores do que quaisquer variações anuais observadas desde 2015".

A ONU disse que, devido à falta de dados, não foi possível traçar uma série histórica na África, na Ásia e na Oceania.

"Ao garantir que todas as vítimas sejam contabilizadas, podemos garantir que os agressores sejam responsabilizados e a justiça seja feita", defenderam os escritórios da ONU.

O órgão apelou também por um compromisso político para a prevenção da violência de gênero. Isso incluiria a introdução de políticas em favor da igualdade entre os sexos, investimentos em organizações de direitos das mulheres e "alocação de recursos suficientes para a prevenção".

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