Coordenadora da ajuda humanitária diz que 1,9 milhão de pessoas tiveram de deixar seus locais de moradia e buscam abrigo em outras partes do território palestino. Nova ordem israelense de evacuação deve agravar problema.
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A coordenadora da ajuda humanitária da ONU na Faixa de Gaza, Sigrid Kaag, afirmou nesta terça-feira (02/07) que há 1,9 milhão de pessoas desalojadas no território palestino, o que corresponde a 80% da população.
Kaag disse ao Conselho de Segurança da ONU que "palestinos civis em Gaza foram jogados em um abismo de sofrimento; seus lares foram despedaçados e suas vidas viradas do avesso". "Mais de um milhão de pessoas foram mais uma vez deslocadas, desesperadamente em busca de abrigo e segurança, sendo que 1,9 milhão de estão agora deslocadas ao longo de Gaza."
"Estou profundamente preocupada com os relatos de novas ordens de evacuação na área de Khan Yunis", afirmou, se referindo à cidade no sul de Gaza, próxima a Rafah, onde as forças israelenses realizam operações contra militantes do grupo extremista Hamas em meio à população civil e aos refugiados de outras partes da Faixa de Gaza, que buscavam abrigo na região, próxima à fronteira com o Egito.
A ONU estima que até 250 mil pessoas estejam sendo afetadas pela nova ordem das Forças de Defesa Israelenses (IDF) para que a população deixe partes de Khan Yunis e de Rafah.
"Turbilhão de miséria humana"
"A guerra não apenas criou a mais profunda das crises humanitárias, mas desencadeou um turbilhão de miséria humana", disse Kaag. Ela criticou os limites impostos ao acesso de ajuda humanitária e ressaltou a necessidade da reabertura dos postos de fronteira entre Gaza e o Egito. A holandesa pediu que a comunidade internacional faça mais para financiar os esforços das entidades que prestam ajuda à população.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou nesta terça-feira que as "ordens de evacuação de uma área de 117 quilômetros quadrados entre Khan Yunis e Rafah afetam um terço do território da Faixa de Gaza, sendo a maior ordem desse tipo desde outubro do ano passado.
"Uma evacuação em escala tão massiva irá apenas aumentar o sofrimento dos civis", afirmou o porta-voz Stephane Dujarric.
Os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023 – que desencadearam a ofensiva israelense em Gaza – resultaram em cerca de 1.200 mortes, além do sequestro de 251 pessoas; das quais 116 ainda estão em Gaza, incluindo 42 que, segundo as IDF, estariam mortas.
A ofensiva israelense no enclave matou quase 38 mil palestinos, na maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.
rc (AFP, ots)
Morte e desespero em Gaza
Uma catástrofe humanitária atinge a Faixa de Gaza. Após os ataques do Exército israelense em retaliação aos atentados terroristas do grupo radical islâmico Hamas, o número de mortos e feridos só aumenta.
Foto: Fatima Shbair/AP/picture alliance
Fumaça preta sobre escombros
Uma imagem de destruição máxima: três dias após os ataques do grupo fundamentalista islâmico Hamas, classificado como organização terrorista pela UE, EUA e outros países, Israel intensificou os bombardeios na Faixa de Gaza. A retaliação foi anunciada pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu: "O que faremos com nossos inimigos nos próximos dias repercutirá por gerações."
Foto: Belal Al SabbaghAFP/Getty Images
Centenas de prédios destruídos
Segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), cerca de 800 edifícios na Faixa de Gaza foram completamente destruídos, e mais de 5 mil foram severamente danificados. Além disso, o abastecimento de água foi interrompido para cerca de 400 mil pessoas.
Foto: Mohammed Talatene/dpa/picture alliance
Mais de mil mortos de ambos os lados
Equipes de resgate buscam sobreviventes após ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza. Em apenas seis dias, o conflito entre o Hamas e Israel já deixou mais de 2,5 mil mortos de ambos os lados.
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Luto pelas vítimas
Um homem carrega o corpo de uma criança morta no ataque israelense ao campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, antes de ela ser enterrada ao lado de outras vítimas. Segundo autoridades de saúde palestinas nesta quinta-feira (12/10), mais de 440 crianças e mais de 240 mulheres estão entre os mortos em Gaza.
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Fugir para onde?
Palestinos na Faixa de Gaza fogem dos ataques israelenses em um micro-ônibus. Segundo informações da ONU, mais de 338 mil pessoas já foram deslocadas de suas casas. Grande parte está se abrigando em escolas, e outras, em residências particulares. A fuga de Gaza deixou de ser possível depois que Israel isolou a área.
Foto: Saleh Salem/REUTERS
Israel controla a fronteira
Tropas de Israel patrulham a fronteira com Gaza. Na noite de 7 de outubro, combatentes do Hamas romperam barreiras em alguns pontos e entraram em território israelense. A cerca, que tem 60 quilômetros de extensão, foi construída em 1994. A fronteira com o Egito também é cercada numa faixa de um quilômetro.
Foto: Oren Ziv/AP/picture alliance
Movimentação de tropas
Após a mobilização de mais de 300 mil reservistas por parte de Israel, muitas pessoas na Faixa de Gaza temem uma ofensiva terrestre das forças israelenses. Veículos e equipamentos militares foram agrupados ao longo da fronteira. Além disso, as populações das cidades israelenses que fazem fronteira com Gaza foram quase que totalmente evacuadas.
Foto: Ilia Yefimovich/dpa/picture alliance
"Desastre absoluto"
Crescem os temores de uma catástrofe humanitária na Faixa de Gaza. O secretário-geral do Conselho Norueguês de Refugiados, Jan Egeland, alertou sobre um "desastre absoluto". Uma "punição coletiva" da população violaria a lei internacional: "Se crianças feridas morrerem em hospitais porque não há eletricidade, isso pode ser um crime de guerra."
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Jahia Sinwar, líder do Hamas
Jahia Sinwar, chefe do Hamas na Faixa de Gaza desde 2017, é considerado um dos líderes do ataque terrorista a Israel. O extremista, que cresceu em um campo de refugiados em Gaza, é o segundo homem mais poderoso depois do líder supremo Ismail Haniya. Sinwar conceitua "seu povo" como "mártires que preferem morrer a ceder à humilhação frente ao inimigo".
Foto: Mohammed Abed/AFP
Escalada da violência
A escalada da violência continua. Um porta-voz do Hamas disse a agências de notícias que toda vez que Israel bombardear civis sem aviso, um refém israelense será morto. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, respondeu à ameaça, alertando sobre mais violência contra os reféns: "Esses crimes de guerra não serão perdoados."