Comissão da Assembleia Geral aprova resolução proposta pelo Brasil para iniciar negociações com o objetivo de eliminar os arsenais nucleares. Grandes potências se opõem.
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Apesar da forte resistência das grandes potências nucleares, uma comissão da Assembleia Geral da ONU votou favoravelmente nesta quinta-feira (28/10) pelo início das negociações sobre um tratado para o banimento das armas nucleares.
Depois de semanas de pressões por parte das potências nucleares pelo "não" à iniciativa, a resolução apresentada por Brasil, Austrália, Irlanda, México, Nigéria e África do Sul foi aprovada com 123 votos a favor, 36 contra e 16 abstenções.
Entre as potências nucleares representadas no Conselho de Segurança da ONU, votaram contra Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia. A China se absteve, juntamente com Paquistão e Índia.
A Coreia do Sul, que vive sob ameaça nuclear da Coreia do Norte, também votou contra, assim como o Japão. Os críticos à resolução defendem que o desarmamento nuclear deve ser negociado no âmbito do Tratado de Não Proliferação Nuclear (NPT), e não através da nova iniciativa.
A resolução será o tema de uma conferência em março de 2017, onde será negociado um "instrumento legalmente vinculativo para a proibição das armas nucleares, que deverá levar à eliminação total das mesmas".
A diretora executiva da Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares, Beatrice Fihn, considerou a aprovação um "momento histórico" rumo a um mundo livre do arsenal nuclear.
"Este tratado não vai eliminar as armas nucleares de vez. Mas vai estabelecer um poderoso novo padrão legal internacional, estigmatizando as armas nucleares e compelindo as nações a atuarem urgentemente no desarmamento", afirmou.
A resolução será votada no plenário da Assembleia Geral da ONU no final de novembro ou início de dezembro.
RC/lusa/afp
Os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki
Ataques às duas cidades japonesas em 1945 são os únicos casos de emprego de armas atômicas numa guerra.
Foto: Kazuhiro Nogi/AFP/Getty Images
O primeiro ataque
Em 6 de agosto de 1945, o avião Enola Gay lançou, sobre Hiroshima, a primeira bomba nuclear da história. A bomba carregava o inocente apelido de "Little Boy". A cidade tinha então 350 mil habitantes. Um em cada cinco morreu em questão de segundos. Hiroshima foi praticamente varrida do mapa.
Foto: Three Lions/Getty Images
O Enola Gay
O ataque a Hiroshima estava planejado para acontecer em 1 de agosto de 1945, mas teve que ser adiado devido a um tufão. Cinco dias depois, o Enola Gay partiu com 13 tripulantes a bordo. A tripulação só ficou sabendo durante o voo que lançariam uma bomba atômica.
Foto: gemeinfrei
O segundo ataque
Três dias depois do ataque a Hiroshima, os americanos lançaram uma segunda bomba, sobre Nagasaki. A cidade de Kokura era o alvo original do ataque, mas o tempo nublado fez com que os americanos mudassem seus planos. A bomba apelidada de "Fat Man" tinha uma potência de 22 mil toneladas de TNT. Estima-se que 70 mil pessoas morreram até dezembro de 1945.
Foto: Courtesy of the National Archives/Newsmakers
Alvo estratégico
Em 1945, Nagasaki era sede da Mitsubishi, então fábrica de armas responsável por desenvolver os torpedos usados no ataque a Pearl Harbor. No entanto, apenas alguns soldados japoneses estavam baseados na cidade. A má visibilidade não possibilitou um ataque direto contra os estaleiros da fábrica.
Foto: picture-alliance/dpa
As vítimas
Durante meses após os ataques, dezenas de milhares de pessoas morreram por causa dos efeitos das explosões. Somente em Hiroshima, até o fim de 1945, 60 mil pessoas morreram por conta da radiação, de queimaduras e outros ferimentos graves. Em cinco anos, o número estimado de vítimas dos dois bombardeios atômicos é de 230 mil pessoas.
Foto: Keystone/Getty Images
Terror no fim da guerra
Depois de Hiroshima e Nagasaki, muitos japoneses temeram um terceiro ataque, a Tóquio. O Japão declarou então sua rendição, pondo fim à Segunda Guerra também na Ásia. O então presidente americano, Harry Truman, ordenou os bombardeios. Ele estava convencido de que essa era a única maneira de acabar com a guerra rapidamente. Para muitos historiadores, no entanto, os ataques foram crimes de guerra.
Foto: AP
A reconstrução
Devastada, Hiroshima foi reconstruída do zero. Apenas uma ilha, no rio Ota, foi mantida e se tornou o Parque Memorial da Paz. Hoje, há uma série de memoriais: o Museu Memorial da Paz de Hiroshima; a Estátua das Crianças da Bomba Atômica; as Ruínas da Indústria e Comércio; e a Chama da Paz, que vai permanecer acesa até a última bomba atômica do planeta ser destruída.
Foto: Keystone/Getty Images
Contra o esquecimento
Desde 1955, o Museu da Bomba Atômica e o Parque da Paz de Nagasaki prestam homenagem às vítimas dos ataques. No Japão, a reverência às vítimas desempenha um grande papel na cultura e na identidade nacional. Hiroshima e Nagasaki se tornaram símbolos mundiais dos horrores das armas nucleares.
Foto: Getty Images
Dia para relembrar
Desde os ataques de agosto de 1945, as pessoas em todo o mundo lembram as vítimas dos bombardeios atômicos. Em Hiroshima, acontece anualmente um memorial. Sobreviventes, familiares, cidadãos e políticos se reúnem para um minuto de silêncio. Muitos japoneses estão engajados contra o desarmamento nuclear.