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ONU adverte contra crimes de guerra no conflito da Síria

10 de fevereiro de 2018

Encarregado da ONU para direitos humanos critica paralisia do Conselho de Segurança e condução da guerra síria como "vergonhosa". Ataques com apoio russo teriam envolvido agentes tóxicos e atingido postos médicos.

Ataques aéreos contra a cidade de Arbin, em Ghouta Oriental
Ataques aéreos contra a cidade de Arbin, em Ghouta OrientalFoto: picture alliance/abaca/A. Al-Bushy

O alto-comissário da Nações Unidas para os direitos humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, divulgou neste sábado (10/02) que 230 civis foram mortos recentemente na Síria, numa ofensiva do governo apoiada por ataques aéreos russos.

"A semana passada foi um dos períodos mais sangrentos de todo o conflito, com onda após onda de ofensivas aéreas causando mortes de civis em áreas de Ghouta Oriental [nas proximidades de Damasco] e Idlib", relatou, alertando que os ataques podem constituir crime de guerra.

Além disso, seu comissariado recebeu relatórios, fundamentados por gravações em vídeo, sobre a liberação de "agentes tóxicos" na sequência de pelo menos um ataque contra a cidade de Saraqeb, no noroeste do país. Além disso, outros relatórios indicam que os aviões da Rússia teriam atingido "pelo menos nove instalações médicas".

"Depois de sete anos de paralisia no Conselho de Segurança da ONU, a situação na Síria clama por ser apresentada ao Tribunal Criminal Internacional, assim como por um esforço mais coordenado pelos Estados, afim de trazer a paz", instou Hussein.

Civis são medicados em Ghouta Oriental após ataques por forças governamentaisFoto: picture alliance/AA/K. Akasha

Rússia barra cessar-fogo em escala nacional

Alguns dias antes, a Organização das Nações Unidas insistira para que o Conselho de Segurança estabelecesse um cessar-fogo imediato em toda a Síria, para permitir o fornecimento de ajuda humanitária urgentemente necessária às áreas sitiadas.

No entanto, na quinta-feira o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, declarou "não ser realista" impor uma trégua em nível nacional, comentando: "Gostaríamos de ver um cessar-fogo, o fim da guerra na Síria, mas não estou certo de que os terroristas estejam de acordo."

Espera-se que o Conselho de Segurança vote em breve um esboço de resolução exigindo o fim imediato de todos os cercos na Síria, inclusive em Ghouta Oriental, considerada o último bastião rebelde que ainda enfrenta o presidente sírio, Bashar al-Assad.

"Fracasso épico"

Mais de 300 mil cidadãos já morreram, e milhões foram desalojados desde a eclosão do conflito na Síria, em 2011, quando forças governamentais reprimiram brutalmente os protestos pacíficos pedindo a renúncia de Assad.

Desde então, os choques evoluíram em uma guerra em diversos fronts, envolvendo países vizinhos, protagonistas não estatais e potências globais, entre elas a Rússia e os Estados Unidos.

"A condução e gestão desta guerra tem sido profundamente vergonhosa, desde o princípio, e a falha em dar-lhe fim marca um fracasso épico da diplomacia global", declarou Hussein neste sábado.

AV/rtr,afp

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