Nações Unidas avaliam que grande número de moradores tentará fugir da cidade iraquiana por causa dos combates. Cruz Vermelha teme que jihadistas façam uso de armas químicas.
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Combatentes curdos localizam túnel do EI perto de Mossul
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As agências humanitárias da ONU alertaram nesta terça-feira (18/10) que a batalha para libertar a cidade iraquiana de Mossul das mãos do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) poderá resultar na "mais longa e complexa crise humanitária" do próximo ano.
Thomas Lothar Weiss, diretor-geral da missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM) no Iraque, afirmou que milhares de pessoas deverão deixar a cidade durante a batalha, o que poderá provocar uma "enorme crise humanitária em 2017".
"EI" divulga imagens de cotidiano "normal" em Mossul
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A ofensiva das Forças Armadas do Iraque, com apoio de milícias curdas e da coalizão aérea americana, foi iniciada nesta segunda-feira. Estima-se que de 1,2 milhão a 1,5 milhão de pessoas vivam na segunda maior cidade do país, há dois anos sob domínio do EI. Diversos observadores afirmam que a batalha deverá se longa e sangrenta.
No primeiro dia dos combates, poucas pessoas conseguiram fugir, mas, segundo Weiss, "esse número subirá dramaticamente à medida em que as forças iraquianas se aproximarem dos arredores da cidade".
O diretor-geral da OIM disse que a ONU teme que, ao tentar fugir da cidade, os moradores não apenas irão se colocar em meio ao fogo cruzado, mas também acabarão sendo usados como "escudos humanos" – prática adotada pelos combatentes do EI.
William Spindler, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), disse que a batalha poderá provocar "uma catástrofe humanitária", mas não especificou quando isso ocorreria. Ele calcula que até 1 milhão de pessoas abandonem a cidade, tornado-se deslocados internos ou refugiados nos países vizinhos.
"Os civis se encontram numa situação de risco extremo", alertou Spindler. O Acnur, segundo ele, teme ainda o uso de armas químicas pelo EI. Apesar de a ONU não ter recebido relatos da utilização desses armamentos, os temores se baseiam em informações da imprensa local de que os jihadistas teriam-nos utilizado próximo a posições das forças curdas peshmerga.
Weiss disse que, se isso ocorrer, não haverá máscaras de gás suficientes para proteger os civis. Essa preocupação também é compartilhada pelo diretor do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Iraque, Robert Mardini. "Ninguém sabe o que vai acontecer. Estamos preparados, elaboramos planos de contingência, temos material e profissionais posicionados, mas o problema é que a situação é imprevisível", afirmou. Ele assegurou, porém, que, em caso de um ataque químico, a Cruz Vermelha tem remédios e material para as vítimas.
Mardini disse que a Cruz Vermelha deseja manter o diálogo com os dois lados do conflito para obter acesso às áreas de detenção de prisioneiros e assegurar que recebam tratamento adequado. Ele afirmou que a organização não conseguiu estabelecer contato com o EI, mas que é essencial que isso seja feito. "Faremos todo o possível para dialogar com o grupo", disse.
RC/efe/afp
As combatentes peshmerga
Há quase duas décadas que mulheres lutam ao lado dos homens nas forças curdas, conhecidas como peshmerga, que lutam no norte do Iraque contra o "Estado Islâmico".
Foto: Getty Images/S. Hamed
O início
A primeira unidade feminina das forças peshmerga, como o Exército curdo é conhecido, remonta a 1996. Segundo o próprio Exército, cada vez mais mulheres se unem à luta dos curdos contra o "Estado Islâmico", mas não há verificação independente dessa informação.
Foto: Getty Images/S. Hamed
No front
Uma das maiores unidades femininas fica centenas de quilômetros ao sul de Dahuk, na província de Suleimânia. Cerca de 600 mulheres servem no local. Elas são responsáveis pela vigilância de prédios públicos e também de instalações militares. Cerca de cem já participaram de combates.
Foto: Getty Images/S. Hamed
Número desconhecido
A quantidade exata de mulheres que servem no Exército curdo é segredo militar. Mas a noção de que a participação feminina nas forças peshmerga é necessária é muito forte. "Quero aprender a manusear armas para defender meu país", declarou uma das combatentes. Os curdos possuem autonomia no norte do Iraque e lutam pelo próprio Estado.
Foto: AFP/Getty Images/S. Hamed
Solteiras e casadas
Algumas das mulheres que se alistam como voluntárias são casadas e têm filhos. Em alguns casos, os maridos também são combatentes. Outras são filhas de antigos soldados, ou lutam ao lado dos irmãos. Mas a maioria delas é solteira, e muitas se alistaram ainda adolescentes.
Foto: Reuters/Ahmed Jadallah
Aceitação
Algumas combatentes têm o apoio familiar. Mas nem sempre é o caso. De acordo com uma oficial, a unidade feminina ainda é vista com ceticismo por alguns homens. Mas muitos deles as apoiam e incentivam.
Foto: Getty Images/S. Hamed
Engajamento
Para a comandante de um regimento, os batalhões femininos são um acréscimo importante para o Exército peshmerga. E o comprometimento das mulheres é exemplar, afirma. "Aqui estão mulheres armadas e dispostas a lutar por seu país."
Foto: Getty Images/S. Hamed
Beleza e coragem
Peshmerga significa "aquele que encara a morte". O olhar determinado e a beleza de muitas das combatentes chamam a atenção.
Foto: Getty Images/S. Hamed
Contra o "Estado Islâmico"
Unidades femininas já participaram de combate contra milícias do "Estado Islâmico". Com o avanço dos radicais, a participação das mulheres ganha em importância.
Foto: AFP/Getty Images/S. Hamed
Medo das mulheres
Uma guerrilheira disse achar engraçada a ideia de encarar um dos jihadistas do Estado Islâmico, grupo radical que reprime as mulheres nas áreas que ocupa. "Acho que eles teriam mais medo de nós do que dos homens, pois acreditam que vão para o inferno se forem mortos por uma mulher."
Foto: AFP/Getty Images/S. Hamed
Luta contra a repressão
Outra guerrilheira disse que se alistou justamente para combater um grupo radical que reprime as mulheres, proibindo-as de circular nas ruas e obrigando-as a vestir a burca.