Conselho de Segurança adota resolução para garantir retirada "voluntária, segura e digna" de civis do último bastião rebelde no leste da cidade. Após impasse durante o fim de semana, processo de evacuação é retomado.
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O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta segunda-feira (19/12), por unanimidade, uma resolução para permitir o envio de observadores para monitorar a retirada de civis e combatentes da oposição do leste de Aleppo.
A resolução, que resulta de um entendimento entre Rússia, Estados Unidos e França, é a primeira demonstração de unidade das potências mundiais em relação à crise na Síria nos últimos meses. A Rússia havia ameaçado vetar o texto original, proposto pela França. Foram necessárias horas de negociações para se chegar ao consenso entre os 15 países-membros do Conselho.
Segundo o documento adotado nesta segunda-feira, a equipe humanitária da ONU que já se encontra no país se encarregará de vigiar o processo de evacuação do leste de Aleppo. A resolução determina a importância de "garantir a passagem voluntária, segura e digna de todos os civis dos distritos orientais de Aleppo ou outras zonas ao destino que escolherem, sob a supervisão e a coordenação das Nações Unidas e outras instituições pertinentes".
O embaixador francês na ONU, François Delattre, garantiu que a resolução dá base "para evitar novas atrocidades maciças no leste de Aleppo". Segundo Delattre, a ONU está preparada para começar a aplicar a resolução sem atraso.
Retirada de civis
A retomada de Aleppo pelas forças do governo sírio – a maior vitória do regime de Bashar al Assad em quase seus anos de guerra civil – deixou milhares de pessoas sitiadas no último bastião rebelde no leste da cidade. Nesta segunda-feira, milhares de pessoas foram retiradas da área, após um novo acordo que permitiu a evacuação dos habitantes de dois vilarejos pró-governo sitiados pelos insurgentes na província de Idlib.
Comboios de ônibus provenientes do leste de Aleppo chegaram a territórios controlados pelos grupos de oposição a oeste da cidade, segundo informou a organização Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Ao mesmo tempo, dez ônibus deixaram os vilarejos xiitas de Al-Foua e Kefraya, com destino às linhas de frente do regime de Damasco.
Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, 5 mil pessoas deixaram Aleppo nesta segunda-feira em 75 ônibus, após outras 350 serem retiradas durante a noite. Dos dois vilarejos em Idlib, cerca de 500 pessoas haviam sido retiradas, segundo informou o Observatório.
A evacuação dos dois vilarejos foi uma exigência do eExército sírio e seus aliados antes de permitir que os combatentes e civis do enclave rebelde em Aleppo deixassem o local. O impasse havia paralisado a retirada do leste da cidade durante o fim de semana.
O ministro turco do Exterior, Mevlut Cavusoglu, afirmou que até o momento 20 mil civis foram retirados do leste de Aleppo. Segundo a ONU, 50 crianças de um orfanato foram resgatadas no leste da cidade, algumas delas com ferimentos graves.
"Retiradas complexas do leste de Aleppo e de Foua e Kefraya estão agora a todo vapor. Mais de 900 ônibus foram necessários para as evacuações. Não podemos fracassar", afirmou Jan Egeland, que preside a força-tarefa humanitária da ONU na Síria.
RC/rtr/afp
Síria: patrimônio histórico destruído na guerra civil
Cerca de 300 locais de interesse histórico já foram danificados, saqueados ou totalmente destruídos na guerra civil da Síria. Uma excursão aos patrimônios culturais ameaçados do país.
Foto: Fotolia/Facundo
Destruição
Em quase quatro anos, a guerra civil síria contabilizou centenas de milhares de mortos e o deslocamento de cerca de dez milhões de pessoas. Análises do Instituto das Nações Unidas para a Formação e Pesquisa (Unitar, em inglês) feitas por satélites mostram a destruição de patrimônios culturais no país. Nesta foto, o centro histórico de Damasco.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Tödt
Mesquita dos Omíadas
A análise revelou que 290 sítios culturais foram fortemente atingidos. Do ano 708, a Mesquita dos Omíadas, em Damasco, teve o mosaico de sua fachada destruído por tiros.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/Neukirchen
Imagem de destruição
Especialmente atingida foi a metrópole de Aleppo, que, com 7 mil anos de história de assentamentos, faz parte das cidades mais antigas do mundo. A imagem de satélite à direita mostra a destruição na região próxima à cidadela.
Foto: US Department of State, Humanitarian Information Unit, NextView License (DigitalGlobe)
Antes dos tiros
A Mesquita dos Omíadas, em Aleppo, também foi fortemente danificada. A mesquita, do ano 715, foi reconstruída diversas vezes nos séculos seguintes à sua construção. Especialmente o minarete, do ano de 1092, é considerado uma obra-prima arquitetônica. Aqui, uma foto da mesquita antes de ser destruída.
Foto: picture alliance/Bibliographisches Institut/Prof. Dr. H. Wilhelmy
Troca de acusações
O minarete da Mesquita dos Omíadas foi destruído durante uma batalha, em 2013. Hoje sobrou somente o escombro, já que grande parte da edificação foi gravemente danificada. O governo e os rebeldes acusam-se mutuamente.
Foto: J. Al-Halabi/AFP/Getty Images
Luta implacável
A batalha entre o governo e rebeldes por Aleppo ocorre desde 2012 e faz com que os danos sejam proporcionais ao tempo do confronto. O hotel Carlton, de 150 anos, em frente à cidadela de Aleppo, era famoso, entre outros motivos, por seu interior histórico e bem conservado.
Foto: CC-SA-BY-Preacher lad
Totalmente destruído
Hoje não sobrou nada do hotel. Em maio de 2014 foram acionados explosivos em um túnel localizado embaixo da construção. De 210 prédios históricos analisados pela Unitar em Aleppo, a metade foi danificada e um quinto foi totalmente destruído.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Mercado de "conto de fadas"
Visitantes do mercado de Aleppo se sentiam num conto de fadas das mil e uma noites. O bazar, que permaneceu inalterado desde o século 16, consistia de uma longa rede de vielas totalizando sete quilômetros.
Foto: AP
Perdido para sempre
Em 2012, um incêndio causou danos irreversíveis ao mercado. De acordo com números oficiais, 1.500 das 1.600 lojas no bazar foram danificadas ou destruídas.
Foto: AP
Inconquistável, mas…
Numa fortaleza curda, foi construído durante os séculos 12 e 13 o chamado Forte dos Cavaleiros, um castelo para cavaleiros das Cruzadas. A edificação era conhecida por nunca ter sido conquistada por meio de guerra ou de cerco.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
… não indestrutível
O castelo, que se localiza ao leste de Homs e próximo à fronteira com o Líbano, foi submetido novamente à artilharia de fogo e ataques aéreos. A luta deixou o teto e muros destruídos, como também partes da edificação desmoronadas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
Impossível de se reconhecer
Dura Europos foi fundada no ano 300 a.C. como uma colônia militar. Aqui não somente as batalhas, mas também os constantes saques foram responsáveis para que muitas edificações da chamada "Pompeia síria" não sejam mais reconhecíveis.
Foto: picture-alliance/akg-images/Leo G. Linder
Templo destruído
A cidade de Palmira é considerada um dos centros culturais da antiguidade. Lutas, saques e o roubo de pedras afetaram consideravelmente as atrações históricas. De 2 mil anos, o templo de Baal – na foto, antes da guerra civil – perdeu uma de suas colunas.