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ONU aprova resolução para investigar crimes na Ucrânia

12 de maio de 2022

Por 33 votos a favor e apenas 2 contra, Conselho de Direitos Humanos da ONU concordou em focar investigação sobre possíveis violações cometidas pelas tropas russas nas regiões de Kiev, Tchernihiv, Kharkiv e Sumy.

Um corpo envolto em panos em uma região cokm árvores
Em Bucha, centenas de corpos foram encontrados após a saída das tropas russasFoto: Dogukan Keskinkilic/AA/picture alliance

O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou nesta quinta-feira (12/05) uma resolução para iniciar uma investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos pelas tropas russas na Ucrânia. Em sessão em Genebra, foram 33 votos a favor (entre eles o do Brasil), dois contra e 12 abstenções.

A ONU já havia estabelecido uma comissão de inquérito em março. Agora, o grupo terá como foco investigar, sobretudo, suspeitas de crimes de guerra nas regiões de Kiev, Tchernihiv, Kharkiv e Sumy, que foram temporariamente ocupadas por tropas russas durante a invasão da Ucrânia por Moscou nas primeiras semanas da guerra.

O objetivo é recolher provas e estabelecer responsabilidades para que os autores físicos e morais das execuções sejam julgados por um tribunal competente.

"As áreas que estiveram sob ocupação russa no final de fevereiro e em março experimentaram as mais terríveis violações dos direitos humanos no continente europeu em décadas", disse ao Conselho a primeira vice-ministra das Relações Exteriores da Ucrânia, Emine Dzhaparova.

Ao falar por vídeo, ela apresentou um desenho feito por um menino de 11 anos que foi estuprado na frente da mãe. "Depois disso, ele realmente perdeu a capacidade de falar e agora a única maneira de se comunicar é com linhas pretas", disse. A agência de notícias Reuters não conseguiu verificar o relato de Dzhaparova. Um porta-voz da missão diplomática da Rússia não respondeu a um pedido de comentários sobre o relato.

Dzhaparova também apontou que meio milhão de pessoas foram deportadas da Ucrânia para a Rússia e estão com paradeiro desconhecido. Desta forma, a mesma resolução pede à Rússia que permita que as organizações humanitárias tenham acesso imediato e irrestrito às pessoas que tenham sido levadas contra a vontade da Ucrânia para a Rússia ou regiões ucranianas que são controladas pelos russos.

China justifica voto contra a resolução

China e Eritreia foram os únicos países que votaram contra a resolução. Até então, Pequim vinha se abstendo das questões envolvendo a guerra na Ucrânia.

Ao justificar a posição, a delegação chinesa disse considerar que a resolução representaria "jogar mais lenha na fogueira", criticando o texto por "não apoiar ao diálogo ou à negociação".

A votação foi considerada uma derrota para Rússia, uma vez que aliados do regime liderado por Vladimir Putin, como Cuba e Venezuela, preferiram a abstenção na votação que coloca pressão política sobre a Rússia, em um momento em que cada vez mais crimes contra a população civil vêm à tona em regiões tomadas pelos russos nas primeiras semanas da guerra na Ucrânia.

A Rússia criticou a votação, afirmando tratar-se de um ataque político. "Em vez de discutir as verdadeiras causas que levaram à crise neste país e procurar formas de resolvê-las, o Ocidente está organizando outra rotina política para demonizar a Rússia", disse o embaixador de Moscou na ONU, em Genebra, Gennady Gatilov, em um comunicado por e-mail antes da votação.

Cidade de Bucha se tornou símbolo do massacre de civisFoto: Emilio Morenatti/AP/picture alliance

Rússia suspensa

Em sete de abril, a Assembleia Geral da ONU aprovou a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos. Moscou, então, imediatamente se retirou do Conselho. A sessão desta quinta-feira foi a primeira sem a presença do país. Agora como um país observador, a Rússia foi chamada para dar sua versão dos fatos, mas se ausentou em forma de protesto.

Antes da reunião, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, denunciou assassinatos extrajudiciais em grande escala contra civis e afirmou que, apenas na região de Kiev, foram achados mais de mil corpos.

A embaixadora dos EUA, Michele Taylor, afirmou que as frustrações da Rússia por não conseguir derrotar a Ucrânia militarmente levaram a "abusos cada vez mais flagrantes dos direitos humanos".

O embaixador da França, Jerome Bonnafont, falando em nome da União Europeia, disse que os "altos números de assassinatos brutais de civis, os casos documentados de estupros repetidos, execuções sumárias e desaparecimentos forçados mostram a verdadeira face da guerra brutal da Rússia".

Mais de seis milhões de refugiados

Também nesta quinta-feira, o Alto Comissariado para Refugiados da ONU (Acnur) informou que mais de seis milhões de ucranianos fugiram do país desde o início da invasão.

Segundo os números atualizados, até 11 de maio, 6.029.705 ucranianos haviam procurado refúgio fora do país. A Polônia abriga, de longe, o maior número de refugiados: 3.272.943, segundo a Acnur. Entre os países que também receberam centenas de milhares de refugiados estão Moldávia, Eslováquia, Romênia, Hungria e Alemanha.  

le (Reuters, AFP, Lusa, EFE, ots)

 

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