ONU defende dignidade de imigrantes
19 de junho de 2002Anúncio
A comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, Mary Robinson, fez um apelo – nesta quarta-feira (19), em Copenhague – para que os governantes europeus não acompanhem a onda de populismo contra imigrantes e requerentes de asilo político. Robinson se mostrou preocupada com a crescente animosidade contra os imigrantes, sobretudo numa época em que o número de pedidos de asilo à União Européia vem diminuindo.
A pauta de Sevilha
– A proposta dos ministros europeus do Interior a ser debatida na conferência de cúpula prevê uma cooperação mais intensa no controle de fronteiras. A médio prazo, a UE deverá recrutar uma tropa multinacional para vigilância das fronteiras externas e uma guarda naval para localizar navios com imigrantes ilegais a bordo. Ao lado destes pontos praticamente consensuais, a imposição de sanções econômicas contra países que permitirem o transporte de ilegais para a UE ainda não é uma decisão unânime.Argumento para populistas
– Para o chanceler espanhol, Josep Pique, presidente do Conselho Europeu, a UE não pode deixar este assunto na mão dos extremistas de direita. Embora a prioridade da presidência espanhola da UE tenha sido inicialmente o combate ao terrorismo, sua atenção acabou se deslocando para a questão da imigração, sobretudo diante da rápida ascenção da extrema-direita na Europa, comprovada nos resultados eleitorais da Dinamarca, Portugal, Holanda e França. Seja pelo populista holandês Pim Fortuyn, assassinado às vésperas das eleições, ou pelo extremista de direita francês Jean-Marie Le Pen, o fomento do temor à imigração tornou-se uma estratégia eleitoral promissora na Europa.Schröder culpa UE
– A menos de 100 dias das eleições parlamentares, a oposição conservadora alemã anunciou que a imigração será um de seus principais temas eleitorais. "A coalizão social-democrata e verde pode lamentar o quanto quiser, pois não relegaremos este assunto para os populistas de direita", declarou a presidente da União Democrata Cristã (CDU), Angela Merkel, por ocasião da convenção de seu partido, encerrada na terça-feira. Diante da crescente perda de eleitorado pelos partidos europeus de centro-esquerda, o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, atribuiu a culpa indiretamente à UE, afirmando que Bruxelas não estaria se dedicando às preocupações reais da população européia.Anúncio