1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

ONU lista empresas ligadas a assentamentos israelenses

13 de fevereiro de 2020

Aguardado há anos, relatório identifica 112 companhias envolvidas em atividades nos assentamentos judaicos na Cisjordânia, considerados ilegais pelo direito internacional. Documento inclui nomes como Airbnb e Motorola.

Assentamento israelense na Cisjordânia
Assentamento israelense na CisjordâniaFoto: Getty Images/AFP/T. Coex

A Organização das Nações Unidas divulgou nesta quarta-feira (12/02) uma aguardada lista de empresas envolvidas em atividades em assentamentos israelenses na Cisjordânia, considerados ilegais pelo direito internacional e por resoluções da própria ONU.

O documento, divulgado pelo Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, lista um total de 112 companhias, sendo 94 delas sediadas em Israel e 18 em seis outros países: Estados Unidos, Reino Unido, Luxemburgo, Holanda, Tailândia e França.

Entre os nomes há bancos e empresas de construção, além de grandes companhias internacionais como Airbnb, Alstom, Booking.com, Expedia, Motorola Solutions e TripAdvisor.

O relatório vem em resposta a uma resolução de 2016 do Conselho de Direitos Humanos da ONU que solicitou um "banco de dados de todas as empresas envolvidas em atividades específicas relacionadas a assentamentos israelenses no território palestino ocupado".

Um porta-voz de Michelle Bachelet, alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, afirmou que o documento não é uma "lista negra" e não tem o objetivo de qualificar qualquer atividade das empresas relacionadas como ilegal.

"Tenho consciência de que esta questão foi e continuará sendo altamente controversa", disse Bachelet. Ela acrescentou, porém, que o relatório foi submetido a um "processo de revisão extenso e meticuloso" e é "baseado em fatos".

Embora a ONU rejeite se tratar de uma condenação a essas empresas, a questão é delicada já que as companhias estão agora sujeitas a boicotes e desinvestimentos com a intenção de impor pressão contra Israel por seus assentamentos. Elas podem também enfrentar batalhas legais.

"Exigimos que as empresas fechem imediatamente suas sedes e filiais dentro de assentamentos israelenses, já que a presença delas contradiz resoluções internacionais e da ONU", afirmou Mohammad Shtayyeh, primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP).

O líder palestino afirmou que as companhias serão perseguidas através de "instituições legais internacionais e em tribunais em seus países por participarem de violações de direitos humanos" no território palestino. Segundo ele, palestinos também poderiam exigir compensações pelo "uso de nossas terras ocupadas ilegalmente".

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por sua vez, rejeitou o relatório, afirmando se tratar do trabalho de um "organismo tendencioso e sem influência", referindo-se ao Alto Comissariado.

"Em vez de lidar com direitos humanos, este órgão está tentando manchar o nome de Israel. Rejeitamos qualquer tentativa desse tipo com toda a força e repugnância", disse o premiê.

O ministro do Exterior israelense, Israel Katz, chamou o documento da ONU de uma "rendição vergonhosa às pressões de países e de organizações que querem prejudicar Israel".

A divulgação da lista era aguardada há muito por ativistas dos direitos humanos. Em seu relatório anual publicado em 14 de janeiro, a organização Human Rights Watch destacou que o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos estava dois anos e meio atrasado em relação ao prazo previsto para apresentar uma lista das empresas que se beneficiaram com os assentamentos.

Israel começou a criar assentamentos no território palestino da Cisjordânia após ter ocupado a região na Guerra dos Seis Dias, em 1967. A maioria dos países considera os assentamentos judaicos ilegais pelo direito internacional.

Mais de 600 mil judeus vivem hoje na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, assim como três milhões de palestinos, com as tensões frequentemente altas. Os palestinos reivindicam a Cisjordânia como parte de seu almejado Estado, junto com Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza.

EK/afp/ap/lusa/rtr

_______________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube 
App | Instagram | Newsletter

Pular a seção Mais sobre este assunto
Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque