Comitê das Nações Unidas pede que políticos e autoridades condenem incondicionalmente discurso de ódio racial. Raramente usada, advertência formal chama atenção para possível conflito civil.
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Um comitê da ONU encarregado de combater o racismo emitiu, nesta quarta-feira (23/08), uma advertência sobre a situação nos Estados Unidos, uma medida raramente usada para sinalizar o surgimento de um possível conflito civil.
O Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial disse que invocou seu "procedimento de advertência precoce e ação urgente" devido à proliferação de manifestações racistas nos EUA. O comitê apontou em particular os tumultos em Charlottesville, no estado da Virgínia, onde uma mulher foi morta em 12 de agosto depois que um supremacista branco jogou seu veículo contra um grupo de manifestantes antirracismo.
O órgão, parte do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, pode emitir um aviso formal para ajudar a evitar que "problemas existentes se transformem num conflito" ou "impedir a retomada de um conflito que ocorreu anteriormente", de acordo com sua página oficial na internet.
O presidente americano, Donald Trump, foi amplamente criticado por sua reação aos confrontos em Charlottesville, depois que ele atribuiu responsabilidades "aos dois lados" pela violência.
Sem mencionar Trump, o comitê da ONU instou Washington, "assim como os políticos e os responsáveis públicos, a rejeitarem e condenarem inequivocamente e incondicionalmente os discursos racistas de ódio".
"Estamos alarmados com as manifestações racistas, com slogans, cantos e saudações de nacionalistas brancos, neonazistas e do Ku Klux Klan, que promovam a supremacia branca e incitam à discriminação racial e ao ódio", sublinhou a presidente do comitê, Anastasia Crickley.
O comitê monitora o cumprimento da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, que os Estados Unidos ratificaram em 1994. A advertência aos EUA foi o sétimo alerta do tipo emitido nos últimos dez anos. Os outros tiveram como alvo sobretudo países envolvidos em conflitos étnicos e religiosos, entre eles Burundi, Nigéria, Iraque e Costa do Marfim.
PV/lusa/afp/dpa
Suásticas viram grafites divertidos em Berlim
Suásticas viram grafites divertidos em Berlim
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Cubo mágico
Os ângulos retos característicos das suásticas viram base para um motivo colorido. A iniciativa PaintBack foi fundada em Berlim pelo artista de grafite e empresário Ibo Omari. A ideia nasceu em 2015, quando um freguês da loja de tintas para grafite de Omari quis comprar um spray de tinta para cobrir uma pichação nazista.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kembowski
Pichando símbolos do ódio
Além de ser dono de uma loja de materiais para grafiteiros, Ibu Omari, de 37 anos, dirige um clube jovem que reúne crianças e adolescentes de origem alemã e imigrante para promoção de atividades diversas, incluindo arte de rua. "Nós, como artistas da rua, queríamos enviar a mensagem 'você está usando o grafite de forma abusiva', diz ele, para justificar a criação da iniciativa PaintBack.
Foto: picture alliance / dpa
Gato na janela
Omari e outros voluntários adultos usam os motivos criados pelos menores de seu clube para "embelezar" as suásticas. O grafite é aplicado quando alguma suástica é encontrada nas redondezas, após ser obtida uma autorização do dono da propriedade pichada. "Escolhemos imagens doces e atrevidas", diz ele.
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Coruja
A maioria dos motivos é desenhado por crianças, para que mesmo os iniciantes, que não são artistas de grafite, possam reproduzi-las facilmente. A ideia da iniciativa é responder aos símbolos nazistas, ícones do ódio e do preconceito, com "humor e amor'".
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Mosquito
A ação visa combater a tendência de aumento de pichações nazistas, que voltaram a se multiplicar, aparentemente alimentadas pelo afluxo de mais de um milhão de imigrantes após a chanceler Angela Merkel ter aberto as fronteiras em 2015. A agência de inteligência doméstica alemã registrou aumento de 7% dos crimes politicamente motivados em 2016, um terço deles foi tido como "crime de propaganda".
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Humor contra o preconceito
Omari, cujos pais fugiram do Líbano como refugiados quando ela ainda estava por nascer, disse que os jovens de seu clube são importantes para transformar em ação "os sentimentos de choque e impotência" provocados pelas pichações de suásticas. Assim, eles apagam, com humor, símbolos nazistas e, ao mesmo tempo, deixam suas próprias marcas em Berlim.