Pacote aprovado por unanimidade é o pior regime de sanções que as Nações Unidas impõem ao país em 20 anos. Medidas preveem inspeções de cargas e visam impedir transferência de itens que possam ter fins militares.
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O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade nesta quarta-feira (02/03) sanções mais duras à Coreia do Norte, em reação aos recentes testes nucleares realizados por Pyongyang.
A resolução apresentada pelos Estados Unidos e apoiada pela China, o único aliado do regime do ditador Kim Jong-un no Conselho de Segurança, estabelece o pior regime de sanções que as Nações Unidas impõem à Coreia do Norte em 20 anos.
"A comunidade internacional, falando em uma só voz, envia a Pyongyang uma mensagem simples: a Coreia do Norte tem de abandonar esses programas perigosos e escolher um caminho melhor para o seu povo", afirmou o presidente dos EUA, Barack Obama.
A resolução prevê que todos os países-membros da ONU conduzam inspeções obrigatórias de cargas provenientes da ou destinadas à Coreia do Norte, em busca de bens ilegais, e proíbam a entrada de navios e aviões suspeitos em seu território.
A proposta visa impedir a transferência para a Coreia do Norte de qualquer item que possa contribuir diretamente para as capacidades operacionais das Forças Armadas norte-coreanas, como caminhões que possam ser modificados para fins militares.
O pacote estabelece ainda a proibição de exportações de carvão, ferro, minério de ferro, ouro, titânio e minerais raros para a Coreia do Norte, bem como de combustível destinado à aviação ou usado em foguetes. Fica proibida também a venda de armas de pequeno calibre e de armas leves.
As sanções estabelecem também a expulsão, pelos países membros da ONU, de diplomatas norte-coreanos envolvidos em contrabando e atividades ilegais.
No setor bancário e financeiro, os países devem congelar os ativos de empresas e outras entidades que tenham ligações com o programa nuclear e de mísseis norte-coreano.
O pacote também acrescenta 16 pessoas, 12 entidades (incluindo a Agência Nacional de Desenvolvimento Aeroespacial, responsável pelo lançamento de um foguete em fevereiro) e 31 navios da empresa norte-coreana Ocean Maritime Management Company à lista de sanções. Isso significa que elas terão patrimônio no exterior congelado e, no caso de pessoas, proibição de viajar ao exterior.
As sanções anteriores à elite do regime também foram endurecidas, com a proibição de exportação para o país de bens de luxo, como relógios, equipamentos esportivos e embarcações navais.
A embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Powel, disse que as medidas visam cortar o acesso a recursos destinados a programas nucleares e de armamentos da Coreia do Norte.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, saudou a aprovação e ressaltou que Pyongyang precisa voltar a cumprir as obrigações internacionais.
A Coreia do Norte está submetida a sanções da ONU desde 2006, devido a seus vários testes nucleares e lançamentos de mísseis. No início de janeiro, Pyongyang surpreendeu o mundo ao declarar que havia feito o teste bem-sucedido de uma bomba de hidrogênio.
O anúncio, porém, foi visto com ceticismo por especialistas internacionais, que acreditam que o país não tem a tecnologia necessária para a produção desse tipo de artefato.
No início de fevereiro, a Coreia do Norte lançou o que afirmou ser umfoguete para colocar um satélite no espaço. A comunidade internacional, porém, considerou tratar-se de um teste de um míssil de longo alcance.
CN/rtr/lusa/ap
Guerra da Coreia, 70 anos depois
Combates na península coreana duraram mais de três anos. De um lado, o sul, apoiado pela ONU. Do outro, o norte, reforçado por China e URSS. Guerra acabou em 1953, com milhões de mortos e a divisão das Coreias cimentada.
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Fronteira da Guerra Fria
Em 27 de julho de 1950, as tropas da comunista Coreia do Norte atravessam o Paralelo 38, iniciando uma verdadeira campanha de ocupação. Em poucos dias, praticamente todo o país estava sob seu controle. É o início de uma guerra que durará 37 meses, custando 4,5 milhões de vidas humanas, segundo certas estimativas.
Foto: AFP/Getty Images
Antecedentes
Depois de ser ocupada pelo Japão de 1910 a 1945, a Coreia estava dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O território acima do 38º paralelo norte ficou sob controle soviético, o do sul, na mão dos EUA. Em agosto de 1948, Seul proclama a República da Coreia. Em reação, o general Kim Il-sung cria no norte a República Popular Democrática da Coreia, em 9 de setembro do mesmo ano.
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Reforço da ONU
Seguindo o avanço dos norte-coreanos sobre o Paralelo 38, a partir de julho de 1950 as Nações Unidas decidem dar apoio militar à Coreia do Sul, por pressão dos EUA. São enviados para a península 40 mil soldados de mais de 20 países, entre os quais 36 mil norte-americanos. A sorte parece ter virado: logo os Aliados conseguem ocupar quase todo o país.
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Codinome Operação Chromite
Em 15 de setembro de 1950, tropas ocidentais sob o comando do general Douglas MacArthur desembarcam perto da cidade portuária de Incheon, no sudoeste, capturando uma base central de suporte do Norte. Pouco depois, Seul está novamente na mão dos Aliados, que em outubro também ocupam Pyongyang. O fim da guerra parece próximo. Mas aí a China envia tropas de apoio aos norte-coreanos.
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Ajuda de Mao
Em meados de outubro iniciava-se a intervenção chinesa. De início, a ajuda parte apenas de unidades de pequeno porte. No final do mês ocorre a primeira mobilização em grande escala na Coreia do Norte do "exército de voluntários" de Mao. Em 5 de dezembro, Pyongyang – única capital comunista ocupada por tropas ocidentais durante a Guerra Fria – está novamente nas mãos de norte-coreanos e chineses.
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Pró e contra a bomba atômica
Em janeiro de 1951 começa uma grande ofensiva da Coreia do Norte, com apoio chinês. Cerca de 400 mil chineses e 100 mil norte-coreanos forçam as tropas aliadas a recuar fortemente. Em abril, o general MacArthur é destituído de seu posto, depois que o presidente Harry Truman lhe ordenara usar bombas atômicas contra a China. Seu sucessor é o general Matthew B. Ridgway.
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Guerra de exaustão
Em meados de 1951, mais ou menos na altura da linha de demarcação que separava o Norte e o Sul antes da guerra, as forças oponentes chegam a um impasse. A partir daí, começa uma encarniçada guerra de exaustão, que durará até o fim das operações de combate, dois anos mais tarde – embora as negociações de paz já tivessem sido iniciadas em julho de 1951.
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Batalha de ideologias
O conflito entre as Coreias é considerado a primeira "guerra por procuração" entre o Ocidente capitalista e o Oriente comunista. A maior parte dos soldados lutando nas tropas da ONU vinha dos Estados Unidos. No lado oposto, os norte-coreanos contaram com o reforço de centenas de milhares de chineses e russos.
Foto: AFP/Getty Images
Coreia do Norte em ruínas
Desde o início, foi uma guerra de ataques aéreos e bombardeios. Durante os três anos de combates, as forças aéreas das Nações Unidas realizaram mais de 1 milhão de operações. Ao todo, os americanos lançaram cerca de 450 mil toneladas de bombas, inclusive de napalm, sobre a Coreia do Norte. A destruição foi extensa: ao fim da guerra, quase todas grandes cidades estavam arrasadas.
Foto: AFP/Getty Images
Estimativas conflitantes
Quando, em 1953, as tropas aliadas se retiram da península coreana, o saldo é de milhões de mortos. Os dados sobre o número de soldados caídos são conflitantes. Calcula-se que morreram cerca de meio milhão de militares coreanos, assim como 400 mil chineses. Os Aliados registram 40 mil vítimas, 90% delas americanos.
Foto: Keystone/Getty Images
Troca de prisioneiros
Ainda durante os combates, de meados de maio a início de abril de 1953, ocorreu a primeira troca de presos entre os dois lados. Até o fim do ano, mais detentos seriam repatriados. A ONU devolveu mais de 75 mil norte-coreanos e quase 6.700 chineses. O outro lado soltou 13.500 pessoas, entre as quais 8.300 sul-coreanos e 3.700 soldados dos EUA.
Foto: Keystone/Getty Images
Cessar-fogo
Após mais de dois anos, as negociações de cessar-fogo iniciadas em 10 de julho de 1951 culminam no Armistício de Panmunjom. A divisão da península está sedimentada: o 38º paralelo norte é definido com fronteira entre as Coreias do Norte e do Sul. Mas como um tratado de paz nunca foi assinado, do ponto de vista do direito internacional os dois países se encontram até hoje em estado de guerra.
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Terra de ninguém
O idílio na cidade fronteiriça de Panmunjom é enganoso. Até hoje, a fronteira ao longo do Paralelo 38 é a mais rigorosamente vigiada do mundo. Ao longo da linha estipulada no acordo de armistício de 1953, o Norte e o Sul são separados por uma zona desmilitarizada de cerca de 250 quilômetros de extensão e 4 quilômetros de largura. Aqui, soldados de ambos os lados se defrontam diariamente.