ONU se preocupa com ataques antes de eleições no Brasil
30 de setembro de 2016
Em meio à onda de violência contra candidatos, ONU pede que autoridades redobrem esforços para garantir clima pacífico nas eleições municipais. Ataques contra políticos ocorreram em ao menos 12 estados.
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O Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos expressou nesta sexta-feira (30/09) preocupação com os vários ataques cometidos contra políticos nos últimos meses no Brasil. A agência da ONU pediu ainda que as autoridades redobrem os esforços para garantir um clima pacífico nas eleições municipais de domingo.
Em nota, o representante para América do Sul do comissariado, Amerigo Incalcaterra, disse que considera preocupante a série de casos de violência e ataques contra políticos e candidatos que ocorreram em vários estados do país.
"Esperamos que durante as eleições de domingo, e também no segundo turno, prevaleça um clima de paz e respeito pelos direitos humanos. Só assim é possível resguardar o direito da cidadania de escolher os seus representantes e, em última instância, garantir a democracia", afirmou Incalcaterra.
A ONU condenou também o ataque que causou a morte do candidato a prefeito de Itumbiara, em Goiás, José Gomes da Rocha. O político foi baleado durante um evento de campanha na quarta-feira. Incalcaterra pediu que as autoridades esclareçam rapidamente os motivos do atentado.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), somente até agosto foram registrados pelo menos 20 homicídios contra candidatos, sendo que a maioria, 16, aconteceu no estado do Rio de Janeiro. Além dos assassinatos, ataques contra políticos em campanha eleitoral ocorreram em ao menos 12 estados do país.
Segurança reforçada
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou nesta sexta-feira que a situação é preocupante e alegou que a crise econômica, que teria gerado problemas na área de segurança, é um dos fatores que causou o aumento da violência contra políticos. Cerca de 25 mil militares foram designados para reforçar a segurança em 420 cidades de 15 estados no dia da eleição.
Estima-se que 144 milhões de brasileiros vão às urnas neste domingo escolher os novos prefeitos e vereadores de 5.568 municípios. Mais de 490 mil candidatos de 35 partidos disputam estas vagas, segundo dados do TSE.
CN/lusa/efe/ots
Protestos no Brasil
Manifestantes saem às ruas das principais cidades brasileiras para demonstrar sua insatisfação com o alto custo de vida, infraestrutura falha, corrupção e gastos excessivos com eventos esportivos internacionais.
Foto: Reuters
Manifestações nos símbolos do poder
Na quinta-feira (20/06), Brasília viveu a sua maior mobilização desde o início dos protestos. Inicialmente pacífica, a manifestação acabou em tentativa de invasão do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. A presidente Dilma Rousseff convocou reunião ministerial para discutir medidas de contenção dos protestos.
Foto: DW/Ericka de Sa
Distrito Federal
O Palácio do Planalto foi novamente tomado por manifestantes nesta quinta (20/06). O exército teve que agir e criar um cordão de isolamento para que os manifestantes não repetissem a ação do início da semana, quando cerca de cinco mil pessoas ocuparam o exterior do Congresso Nacional.
Foto: DW/Ericka de Sa
Tensão no Rio de Janeiro
Os protestos continuam e aumentaram de tamanho. No Rio, o prefeito da cidade ordenou que o Batalhão de Operações Policiais Especiais, BOPE, controlasse atos de vandalismo. Cerca de 300 mil pessoas foram às ruas na quinta-feira (20/06), segundo a imprensa nacional. Em todo o país, foram contados mais de um milhão de manifestantes, numa noite marcada pela tensão.
Foto: Reuters
Fortaleza
Cenas de violência foram vistas na quarta-feira (19/06) nos arredores do estádio Castelão, em Fortaleza, onde manifestantes e policiais entraram em choque. Dentro de campo, o Brasil derrotou o México por 2 a 0 pela Copa das Confederações.
Foto: picture-alliance/dpa
Praça da Sé, São Paulo
A manifestação desta terça (18/06) no centro de São Paulo foi em sua grande maioria pacífica. O centro da cidade foi tomado por manifestantes.
Foto: Reuters
Polícia respeitou o direito de expressão
Em São Paulo, a polícia militar recebeu comando para atuar sem violência. Os manifestantes puderam se expressar sem medo de represálias.
Foto: imago stock&people
Mas houve abusos
Entre os manifestantes houve quem não aceitasse a palavra de ordem de protestar sem violência. Saques e depredações mancharam o caráter dominantemente pacífico dos protestos.
Foto: picture alliance / ZUMA Press
Brasileiros protestam
Os maiores protestos nos últimos 20 anos tomaram conta de diversas cidades brasileiras na segunda-feira (17/06), uma semana depois do início de contestações em São Paulo contra o reajuste das tarifas de transporte público de R$ 3,00 para R$ 3,20. Com a ampliação da lista de exigências e aumento do número de manifestantes, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro revogaram a alta.
Foto: Reuters
Por todo o país
Mais de 200 mil pessoas em todo o Brasil saíram às ruas (17/06) para reclamar da corrupção, da elevação do preço da passagem do transporte público e dos políticos, entre vários outros motivos de revolta. Um dos principais é o gasto, considerado excessivo, com a organização da Copa do Mundo de 2014. Os protestos acontecem durante a Copa das Confederações, ensaio geral para o Mundial de futebol.
Foto: Reuters/Alex Almeida
Imagens simbólicas em Brasília
Na capital, os manifestantes ocuparam o teto de uma das cúpulas do Congresso Nacional na segunda (17/06). A presidente Dilma Rousseff se pronunciou sobre os protestos pela primeira vez naquele dia, dizendo que protestos fazem parte da democracia, mas sem violência.
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Dilma e a "voz da rua"
Numa cerimônia no Palácio do Planalto na terça (18/06), a presidente Dilma Rousseff afirmou que "a grandeza das manifestações comprova a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo da nossa população. O caráter pacífico dos atos evidenciou também o correto tratamento dado pela segurança pública à livre manifestação popular."
Foto: E.Sa/AFP/GettyImages
São Paulo
A Ponte Estaiada em São Paulo foi tomada pelos manifestantes no último fim de semana (15/06).
Foto: Marcelo Camargo/ABr
Belém do Pará
Na capital do estado, cerca de 14 mil pessoas fizeram uma passeata contra a corrupção. O protesto foi pacífico, e a polícia chegou a elogiar o comportamento dos manifestantes.
Foto: Reuters/Paulo Santos
Centros de poder viram alvos
Na capital fluminense, os protestos foram em grande parte pacíficos na última segunda-feira (17). Mas uma pequena parte dos manifestantes atacou o prédio da Assembleia Legislativa, em ação violenta que acabou marcando os protestos no Rio de Janeiro, cidade que teve a maior aglomeração no país naquele dia (100 mil pessoas).
Foto: LLUIS GENE/AFP/Getty Images
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro a ação policial foi considerada excessiva (17/06). Com tiros de balas de borracha e bombas de gás, a PM dispersou os manifestantes.
Foto: CHRISTOPHE SIMON/AFP/Getty Images
Excessos da polícia
A polícia cometeu excessos que provocaram indignação na população. A Anistia Internacional já elaborou um pedido de investigação e penalização dos oficiais.
Foto: Reuters
Dilma Rousseff e Joseph Blatter
Na cerimônia de abertura da Copa das Confederações, Dilma e Blatter, presidente da FIFA (organizadora do torneio e da Copa do Mundo de futebol) sofrem com apupos e vaias no novíssimo estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Foto: Getty Images
Nem todos são pacíficos
Nos protestos dos últimos dez dias, houve grupos de manifestantes que não seguiram o pedido da maioria para não protagonizarem atos de vandalismo.