Campanha "Race to Zero", lançada no Dia Mundial do Meio Ambiente, visa alertar para a necessidade de ações mais decisivas na proteção do clima e já conta com a adesão de centenas de cidades, empresas e universidades.
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O secretariado da ONU para o clima lançou nesta sexta-feira (05/06), quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, uma nova iniciativa de combate às mudanças climáticas.
Com o lema "Race to Zero" ("corrida para o zero"), a campanha tem como objetivo eliminar as emissões de gases causadores do efeito estufa, como o dióxido de carbono, até, o mais tardar, 2050.
De acordo com a ONU, quase mil empresas, 458 cidades, 24 estados e regiões, 500 universidades e 36 investidores de grande porte já se comprometeram com a meta ambiciosa estipulada pela iniciativa. Entre estas, empresas como a Rolls-Royce, Nestlé e o conglomerado têxtil Inditex.
Mais de 120 países também adotaram a meta de se atingirem a neutralidade climática até 2050. O presidente da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), o ministro britânico da Energia, Alok Sharma, declarou que as economias mundiais devem ser reconstruídas de modo mais sustentável e limpo após a pandemia de covid-19.
Em sua avaliação, a iniciativa "Race to Zero" deve ser voltada para incentivar empresas e governos regionais a demonstrar mais ambição na proteção do clima.
Ocorrências de climas extremos em diferentes partes do mundo – como furacões gigantescos na África Oriental, incêndios florestais devastadores nos Estados Unidos e na Austrália e o encolhimento das camadas de gelo nos polos – servem como demonstração do que poderá acontecer se a humanidade não conseguir conter o aquecimento global.
Segundo o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas, o planeta está em torno de 1º C mais quente do que era no período pré-industrial. Os últimos quatro anos foram os de temperaturas mais altas desde o início dos registros.
Efeitos da pandemia de coronavírus sobre o meio ambiente
Da rápida queda na poluição do ar a animais selvagens que se atrevem a passear por centros urbanos, a crise do coronavírus teve fortes impactos sobre o meio ambiente.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/I. Aditya
Melhor qualidade do ar
À medida que o mundo está parado, a paralisação repentina da maioria das atividades industriais reduziu drasticamente os níveis de poluição. Imagens de satélite revelam até mesmo uma clara queda nos níveis globais de dióxido de nitrogênio (NO2) - um gás produzido principalmente por veículos e, portanto, responsável pela má qualidade do ar nas grandes cidades.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/I. Aditya
Menos emissões de CO2
Da mesma forma como com o NO2, aconteceu uma redução nas emissões de dióxido de carbono devido à diminuição nas atividades econômicas. A última vez em que isso aconteceu foi durante a crise financeira de 2008-2009. Somente na China, as emissões caíram cerca de 25% quando o país começou com medidas restritivas, de acordo com o Carbon Brief. Mas essa mudança provavelmente será apenas temporária.
Enquanto os seres humanos se isolam em suas casas, alguns animais aproveitam o espaço à disposição. Com o trânsito rodoviário reduzido, bichos menores, como porcos-espinhos saídos da hibernação, têm menos probabilidade de serem atropelados. Outras espécies, como os patos, podem estar se perguntando para onde foram as pessoas que lhes costumavam dar migalhas de pão no parque.
Foto: picture-alliance/R. Bernhardt
Mais atenção para o comércio de vida selvagem
Os conservacionistas esperam que o surto de coronavírus ajude a conter o comércio global de vida selvagem, responsável por deixar várias espécies à beira da extinção. A covid-19 provavelmente se originou em um mercado chinês que vende animais vivos e é um centro de vida selvagem traficada ilegal e ilegalmente. A repressão ao comércio de animais selvagens vivos pode ser um efeito positivo da crise.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Lalit
Águas mais limpas
Logo após a Itália impor o isolamento, imagens de canais cristalinos de Veneza foram compartilhadas em todo o mundo - as águas hoje estão muito longe de sua aparência turva habitual. E com os navios de cruzeiro temporariamente ancorados, os oceanos também experimentam queda na poluição sonora, diminuindo o estresse de animais marinhos, como baleias.
Foto: Reuterts/M. Silvestri
Problema dos plásticos continua
Mas não há só notícias positivas. Um dos piores efeitos colaterais ambientais da pandemia de coronavírus é o rápido aumento no uso de plástico descartável - de equipamentos médicos, como luvas, a embalagens plásticas, à medida que mais pessoas optam por alimentos pré-embalados. Mesmo cafés que continuam abertos não usam mais copos reutilizáveis, na tentativa de impedir a propagação do vírus.
Foto: picture alliance/dpa/P.Pleul
A crise do clima continua
Com o coronavírus dominando o noticiário, o problema do aquecimento global por enquanto parece deixado de lado. Especialistas alertam que decisões importantes sobre o clima não devem ser adiadas - mesmo com a conferência da ONU sobre o clima adiada para 2021. Embora as emissões tenham caído desde o início da pandemia, é improvável que em longo prazo ocorram mudanças generalizadas.