Conferência Internacional de Doadores para a Síria começa no Kuwait com doações maçicas de país-anfitrião e ONGs. Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon pede 8,4 bilhões de dólares em ajuda para refugiados.
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A Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou nesta terça-feira (31/03) uma conferência no Kuwait com o objetivo de angariar ajuda humanitária em forma de doações para a Síria. Em seu apelo, a ONU espera arrecadar 8,4 bilhões de dólares.
"Quatro em cada cinco sírios vivem na pobreza, na miséria e em privação. O país perdeu quase quatro décadas de desenvolvimento humano", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na conferência que conta com representantes dos ministérios do Exterior de 78 países. Ele descreveu a situação do povo sírio como "a pior crise de nosso tempo".
Com o conflito agora em seu quinto ano, quase metade de todos os sírios foram forçados a fugir de suas casas. Do total dos 8,4 bilhões de dólares necessários, 5,5 bilhões serão destinados para refugiados nos países vizinhos.
Logo na abertura da conferência, o país-anfitrião anunciou uma doação de 500 milhões de dólares. "Tenho o prazer em anunciar um compromisso de 500 milhões de dólares do governo do Kuwait e do setor privado para contribuir com o esforço humanitário na Síria", disse o emir Sabah al-Ahmad al-Sabah.
Antes do início da terceira Conferência Internacional de Doadores para a Síria, o enviado especial da ONU para Assuntos Humanitários alertou que "o não cumprimento dos fundos necessários iria acabar numa catástrofe horrível". As duas primeiras conferências tiveram doações de 1,2 e 2,4 bilhões de dólares, respectivamente. No entanto, segundo o Escritório das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), nem todas as promessas foram honradas.
Um dia antes da abertura da conferência, um tweet da agência de auxílio alimentar da ONU, Programa Mundial de Alimentação, mostrou quais eram os países que mais ajudaram com doações para refugiados sírios até então. EUA lideram com 1 bilhão de dólares.
Desta vez, aproximadamente 40 organizações não governamentais já concordaram em doar cerca de 506 milhões de dólares, um aumento significativo em relação aos dois anos anteriores.
O ano passado foi o mais violento desde o início da guerra civil na Síria, com ao menos 76 mil mortes. No total, desde 2011, quando começaram os protestos contra o regime do presidente Bashar al-Assad, aproximadamente 220 mil pessoas foram mortas e quase 4 milhões fugiram do país.
PV/ap/rtr/afp/ots
Síria: patrimônio histórico destruído na guerra civil
Cerca de 300 locais de interesse histórico já foram danificados, saqueados ou totalmente destruídos na guerra civil da Síria. Uma excursão aos patrimônios culturais ameaçados do país.
Foto: Fotolia/Facundo
Destruição
Em quase quatro anos, a guerra civil síria contabilizou centenas de milhares de mortos e o deslocamento de cerca de dez milhões de pessoas. Análises do Instituto das Nações Unidas para a Formação e Pesquisa (Unitar, em inglês) feitas por satélites mostram a destruição de patrimônios culturais no país. Nesta foto, o centro histórico de Damasco.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Tödt
Mesquita dos Omíadas
A análise revelou que 290 sítios culturais foram fortemente atingidos. Do ano 708, a Mesquita dos Omíadas, em Damasco, teve o mosaico de sua fachada destruído por tiros.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/Neukirchen
Imagem de destruição
Especialmente atingida foi a metrópole de Aleppo, que, com 7 mil anos de história de assentamentos, faz parte das cidades mais antigas do mundo. A imagem de satélite à direita mostra a destruição na região próxima à cidadela.
Foto: US Department of State, Humanitarian Information Unit, NextView License (DigitalGlobe)
Antes dos tiros
A Mesquita dos Omíadas, em Aleppo, também foi fortemente danificada. A mesquita, do ano 715, foi reconstruída diversas vezes nos séculos seguintes à sua construção. Especialmente o minarete, do ano de 1092, é considerado uma obra-prima arquitetônica. Aqui, uma foto da mesquita antes de ser destruída.
Foto: picture alliance/Bibliographisches Institut/Prof. Dr. H. Wilhelmy
Troca de acusações
O minarete da Mesquita dos Omíadas foi destruído durante uma batalha, em 2013. Hoje sobrou somente o escombro, já que grande parte da edificação foi gravemente danificada. O governo e os rebeldes acusam-se mutuamente.
Foto: J. Al-Halabi/AFP/Getty Images
Luta implacável
A batalha entre o governo e rebeldes por Aleppo ocorre desde 2012 e faz com que os danos sejam proporcionais ao tempo do confronto. O hotel Carlton, de 150 anos, em frente à cidadela de Aleppo, era famoso, entre outros motivos, por seu interior histórico e bem conservado.
Foto: CC-SA-BY-Preacher lad
Totalmente destruído
Hoje não sobrou nada do hotel. Em maio de 2014 foram acionados explosivos em um túnel localizado embaixo da construção. De 210 prédios históricos analisados pela Unitar em Aleppo, a metade foi danificada e um quinto foi totalmente destruído.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Mercado de "conto de fadas"
Visitantes do mercado de Aleppo se sentiam num conto de fadas das mil e uma noites. O bazar, que permaneceu inalterado desde o século 16, consistia de uma longa rede de vielas totalizando sete quilômetros.
Foto: AP
Perdido para sempre
Em 2012, um incêndio causou danos irreversíveis ao mercado. De acordo com números oficiais, 1.500 das 1.600 lojas no bazar foram danificadas ou destruídas.
Foto: AP
Inconquistável, mas…
Numa fortaleza curda, foi construído durante os séculos 12 e 13 o chamado Forte dos Cavaleiros, um castelo para cavaleiros das Cruzadas. A edificação era conhecida por nunca ter sido conquistada por meio de guerra ou de cerco.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
… não indestrutível
O castelo, que se localiza ao leste de Homs e próximo à fronteira com o Líbano, foi submetido novamente à artilharia de fogo e ataques aéreos. A luta deixou o teto e muros destruídos, como também partes da edificação desmoronadas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
Impossível de se reconhecer
Dura Europos foi fundada no ano 300 a.C. como uma colônia militar. Aqui não somente as batalhas, mas também os constantes saques foram responsáveis para que muitas edificações da chamada "Pompeia síria" não sejam mais reconhecíveis.
Foto: picture-alliance/akg-images/Leo G. Linder
Templo destruído
A cidade de Palmira é considerada um dos centros culturais da antiguidade. Lutas, saques e o roubo de pedras afetaram consideravelmente as atrações históricas. De 2 mil anos, o templo de Baal – na foto, antes da guerra civil – perdeu uma de suas colunas.