Duas agências da ONU apelam a EUA para que continuem a ajudar pessoas fugindo da guerra e perseguição. Em Paris, ministro do Exterior alemão diz que "amar o próximo" formou parte das tradições cristãs americanas.
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Neste sábado (28/01), duas agências de migração das Nações Unidas instaram o governo do presidente americano, Donald Trump, a continuar concedendo asilo a pessoas vulneráveis.
"As necessidades dos refugiados e migrantes em todo o mundo nunca foram maiores e o programa de realocação dos EUA é um dos mais importantes do mundo", disse uma declaração conjunta da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O pedido veio um dia depois de o presidente Trump assinar uma ordem executiva que endurece medidas de verificação de migrantes com o objetivo de evitar a entrada de terroristas islâmicos no país.
Prioridade para cristãos
A ordem assinada por Trump na sexta-feira bloqueou imediatamente o acesso aos EUA para todos os refugiados provenientes da Síria, onde a guerra civil já provocou a morte de centenas de milhares de pessoas. Ele também impôs uma proibição de entrada de 90 dias para cidadãos de sete países de maioria muçulmana.
Os EUA podem admitir refugiados caso a caso durante esse período, enquanto aqueles que alegam perseguição religiosa podem continuar a ter seus pedidos de asilo processados se "a religião do indivíduo é uma religião minoritária em seu país."
Ao mesmo tempo, Trump declarou à emissora CBN News que cristãos iriam receber prioridade ao solicitar o status de refugiado. Trump justificou as medidas como necessárias para impedir que os "terroristas islâmicos radicais" entrem nos EUA.
Preocupações europeias
Neste sábado, em coletiva de imprensa em Paris, o ministro do Exterior francês, Jean-Marc Ayrault, e seu colega de pasta alemão, Sigmar Gabriel, expressaram as suas preocupações diante da decisão de Trump de limitar a imigração e refugiados.
A medida "só pode nos preocupar", declarou Ayrault. "Receber pessoas que fogem da guerra e da opressão é parte de nossa tarefa", acrescentou o ministro francês.
Gabriel apontou, por sua vez, que "amar o próximo" formou parte das tradições cristãs americanas.
Em sua primeira viagem ao exterior desde a sua nomeação para o cargo de ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel disse que oferecer refúgio aos perseguidos e àqueles que fogem da morte são valores ocidentais que a Europa e os Estados Unidos compartilham.
"Amar seu próximo faz parte dessa tradição, o ato de ajudar outros", afirmou. "Isso nos une, nós ocidentais. E eu acho que isso continua a ser uma base comum que dividimos com os EUA, uma base que pretendemos promover."
No ano passado, os EUA acolheram 84.995 refugiados. Para este ano, o presidente Barack Obama estabeleceu o limite de refugiados em 110 mil. A ordem executiva de Donald Trump procura cortar esse número para 50 mil.
CA/ap/rtr/dw
Fronteira entre EUA e México: sai metal, entra concreto
Uma das promessas mais polêmicas da campanha de Donald Trump foi construir um muro na fronteira sul dos EUA. Ali, já há uma cerca em alguns pontos, que pode ser substituída por concreto.
Foto: Reuters/J. L. Gonzalez
Trump é familiarizado com construções
"Vou construir um grande muro na nossa fronteira sul – e ninguém constrói muros melhor do que eu, e vou fazer com que o México pague por esse muro." Isso é o que o presidente americano, Donald Trump, disse na campanha eleitoral. Até agora, ele construiu sobretudo arranha-céus e hotéis. O muro está no topo de um plano de 10 pontos sobre política de imigração.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Torres
Final no nada
A fronteira entre EUA e México tem cerca de 3.200 quilômetros – dos quais, cerca de 1.100 quilômetros são protegidos por uma cerca. A fronteira passa por quatro estados americanos e seis mexicanos, por desertos e cidades grandes. Devido à dificuldade de acesso, uma pequena parte da fronteira no Novo México é aberta. Outras áreas são patrulhadas por policiais.
Foto: Reuters/M. Blake
Colosso de metal
O número de imigrantes ilegais que entram no país por ano é estimado em 350 mil, uma grande parte vem do México. Alguns mexicanos irregulares são tolerados no país, mas a família mexicana do outro lado não recebe um visto. Os imigrantes desejam uma vida melhor, emprego e mais dinheiro para as suas famílias.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Zepeda
Apenas um pequeno toque
As famílias permanecem separadas pela cerca. Um abraço é impossível. No máximo, as pessoas conseguem esticar as mãos entre as vigas de aço. Se Donald Trump tornar realidade sua promessa eleitoral, como anunciou, logo o concreto vai substituir o aço, impossibilitando qualquer toque.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/J. West
Preconceitos
"Quando o México nos manda seus cidadãos, não manda os melhores", disse Trump durante a campanha eleitoral. "Eles enviam pessoas que têm muitos problemas. Eles trazem drogas, crime, estupradores. Alguns, suponho, são boas pessoas." Trump quer deportar imigrantes ilegais, pelo menos, os criminosos. Apesar das ameaças, muitos mexicanos continuam querendo emigrar.
Foto: picture-alliance/AP Photo/G. Bull
Mortes na fuga
Para alguns mexicanos, o sonho termina na fronteira. Eles acabam na prisão. Outros pagam por cruzar ilegalmente a fronteira com a própria vida. Há notícias de que as forças de segurança atiram em migrantes. Seis cidadãos mexicanos inocentes já foram mortos, sem que tenha havido condenação dos responsáveis. Apenas em 2015 um membro da patrulha da fronteira dos EUA foi indiciado.
Foto: Reuters/D.A. Garcia
Armado contra intrusos
Jim Chilton, um fazendeiro americano, vigia sua propriedade. Sua fazenda, de 200 mil metros quadrados, está localizada no sudeste do Arizona e é adjacente ao México. Há apenas uma cerca de arame farpado separando-a do país vizinho. Chilton costuma usar sua arma para defender o terreno.
Foto: Getty Images/AFP/F.J. Brown
Final curioso
"Tortilla Wall". Este é o nome popular e bastante depreciativo de uma parte da fronteira de 22,5 quilômetros de comprimento entre a Otay Mesa Border Crossing, em San Diego (Califórnia), e o Oceano Pacífico.