ONU pede trégua humanitária no Iêmen
10 de abril de 2015A ONU pediu uma trégua humanitária imediata de pelo menos algumas horas por dia nos confrontos no Iêmen para que ajuda possa chegar ao país. Os primeiros aviões com suprimentos médicos chegaram nesta sexta-feira (10/04) à Sanaa, mas a organização reforçou que a medida ainda está longe de ser o suficiente.
"Nós precisamos de mais desses voos chegando e mais barcos chegando", disse o coordenador da ajuda humanitária das Nações Unidas no Iêmen, Johannes van der Klaauw. Ele acrescentou que o espaço aéreo sobre a capital precisa ser liberado "pelo menos algumas horas" por dia para permitir o acesso de organizações humanitárias.
Nesta sexta-feira, dois aviões, um do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e outro do Unicef, carregados com cerca de 30 toneladas de suprimentos médicos e água, aterrissaram em Sanaa. Essas foram as primeiras aeronaves de ajuda humanitária a pousarem na capital desde o início dos ataques aéreos liderados pela Arábia Saudita, no fim de março.
A ajuda humanitária, porém, começou a chegar ao Iêmen na quarta-feira, quando dois barcos, um da organização Médicos Sem Fronteiras e outro da Cruz Vermelha, atracaram no porto de Aden, no sul do país.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em pouco menos de um mês, cerca 650 pessoas já morreram no conflito e mais de 2,2 mil ficaram feridas nos combates. Van der Klaauw, porém, ressalta que o número de vítimas pode ser bem maior, pois muitos não são levados ao hospital e são enterrados imediatamente.
Catástrofe humanitária
Antes da mais recente escalada de violência na região, quase 16 milhões de iemenitas, ou seja, 66% da população, necessitavam de ajuda humanitária, e aproximadamente metade das crianças no país estavam desnutridas. Com os confrontos, no entanto, a situação piorou ainda mais e está à beira de uma catástrofe, de acordo com a ONU.
"Essa já era uma das maiores e mais complexas emergências humanitárias do mundo", afirmou Van der Klaauw, lembrando que a violência aumenta ainda a grave escassez de alimentos. Além disso, com pouco combustível, cresce também o risco de faltar água, pois as bombas que a transportam tendem a ficar sem abastecimento.
O coordenador da ONU alerta que somente em Áden mais de 1 milhão de pessoas correm o risco de não ter mais acesso à água potável nos próximos dias. A recente onda de violência já obrigou mais de 100 mil pessoas a deixarem suas casas no Iêmen forçou milhares delas a fugir do país.
CN/rtr/dpa/afp/lusa