ONU rejeita acusações russas de armas químicas na Ucrânia
12 de março de 2022
Nações ocidentais consideram acusações sem provas apresentadas pela Rússia no Conselho de Segurança como "teorias absurdas da conspiração". Washington se diz alerta para uso de agentes biológicos por parte de Moscou.
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Nações ocidentais rejeitaram acusações apresentadas pela Rússia no Conselho de Segurança da ONU nesta sexta-feira (11/03), sobre o suposto desenvolvimento de armas químicas por parte da Ucrânia, com ajuda dos Estados Unidos.
Na reunião, convocada após um pedido da Rússia, Moscou acusou Washington financiar de pesquisas com armamentos químicos em solo ucraniano.
O embaixador russo na ONU, Vassili Nebenzia, acusou Kiev de manter uma rede de 30 laboratórios que desenvolvem "experimentos biológicos extremamente perigosos", com o objetivo de disseminar "patógenos virais" através de morcegos.
Esses patógenos incluiriam cólera, antraz, pestes e outras doenças letais, afirmou Nebezia, sem apresentar provas. "Experimentos estão sendo conduzidos para estudar a disseminação de doenças perigosas usando parasitas ativos como piolhos e pulgas", disse o diplomata.
Washington e Kiev negaram a existência de tais laboratórios. O subsecretário-geral da ONU para Desarmamento, Izumi Nakamitsu, disse durante a reunião que as Nações Unidas não possuem conhecimento de qualquer programa de armas biológicas na Ucrânia.
Os países ocidentais criticaram o fato de a Rússia usar o Conselho de Segurança para espalhar desinformação e teorias absurdas da conspiração.
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"Bandeira falsa" russa
A enviada americana, Linda Thomas-Greenfield, disse que a Rússia "fabrica alegações sobre armas químicas ou biológicas para justificar seus próprios ataques violentos ao povo ucraniano".
"A intenção por trás dessas mentiras parece bem clara, e é profundamente perturbadora", afirmou. "Acreditamos que a Rússia poderá usar armas químicas ou agentes biológicos como parte de incidentes de 'bandeira falsa', ou de apoio a suas operações táticas militares."
Ela acusou a Rússia de convocar a reunião simplesmente para "mentir e espalhar desinformação" e disse que seu país ajudou a Ucrânia a erguer instalações de saúde para a detecção de doenças como a covid-19.
"Esse trabalho vem sendo feito com orgulho, clareza e a céu aberto. Esse trabalho tem tudo a ver com a proteção da saúde da população, e não com armas biológicas."
"A Rússia possui um histórico de acusar falsamente outros países de violações que a própria Rússia comete", afirmou Thomas-Greenfield,.
A embaixadora britânica Barbara Woodward disse que a Rússia tentou usar o Conselho para proferir "uma série de teorias da conspiração absurdas, completamente sem fundamento e irresponsáveis".
"Em termos diplomáticos: eles proferem asneiras. Não há um fragmento de provas críveis de que a Ucrânia teria um programa de armas biológicas", disparou.
Em 2018, Moscou acusou Washington de conduzir experimentos secretos com armas biológicas em um laboratório na Georgia, outra ex-república soviética que, assim com a Ucrânia, tinha ambições de aderir à Otan e à União Europeia.
rc (AFP, AP)
Sanções do Ocidente atingem círculo íntimo de Putin
Em reação à invasão da Ucrânia, UE, EUA e outros países ocidentais impuseram sanções severas à economia russa e aos associados do presidente Vladimir Putin. Quem são os bilionários atingidos?
Foto: Christian Charisius/dpa/picture alliance
Igor Sechin
Sechin é ex-primeiro-ministro da Rússia e diretor executivo da estatal petroleira Rosneft. No documento da União Europeia relativo às sanções, ele é descrito como "um dos assessores mais próximos e amigo pessoal" de Vladimir Putin. Além disso, apoia a consolidação da anexação ilegal da Crimeia à Rússia, sobretudo com o envolvimento da Rosneft no fornecimento de combustível à península.
Foto: Alexei Nikolsky/Russian Presidential Press and Information Office/TASS/picture alliance
Alisher Usmanov
Nascido no Uzbesquistão, Usmanov é magnata de metais e telecomunicação. A UE o cita como um dos oligarcas favoritos de Putin, tendo pago milhões a um de seus principais assessores, hospedado o presidente russo em sua luxuosa residência pessoal, além de atuar em sua "linha de frente" e "resolver seus problemas de negócios". Os EUA e o Reino Unido também o acrescentaram a suas listas negras.
Foto: Alexei Nikolsky/Kremlin/Sputnik/REUTERS
Mikhail Fridman e Petr Aven
A UE descreveu Fridman (c.) como "importante financiador e facilitador do círculo íntimo de Putin". Ele e seu parceiro de longa data Aven (dir.) lucraram bilhões de dólares com petróleo, transações bancárias e comércio de varejo, segundo a agência de notícias Reuters. A UE acrescenta que Aven é um dos homens de negócios russos ricos que se reúnem regularmente com Putin no Kremlin.
Foto: Mikhail Metzel/ITAR-TASS/imago
Negando conexões com Putin e o Kremlin
Numa coletiva de imprensa após o anúncio pela UE, tanto Fridman quanto Aven (dir.) negaram ter qualquer "relação financeira ou política com o presidente ou o Kremlin" e prometeram combater as punições, supostamente sem base, "com todos os meios à disposição". Nascido no oeste da Ucrânia, Fridman é um dos poucos russos submetidos a sanções que se pronunciou publicamente contra a guerra.
Foto: Alexander Nenenov, Pool/AP/picture alliance
Boris e Igor Rotenberg
A família Rotenberg é notória por seus laços estreitos com Putin. Boris é coproprietário do SMP Bank, associado à petroleira Gazprom. Seu irmão Arkady, já sob sanções da UE e dos EUA, praticava judô com Putin desde adolescente. Igor, filho de Arkady, controla a campanha de perfuração Gazprom Bureniye. Após a invasão russa, Boris e Igor entraram para as listas britânica e americana de sancionados.
Foto: Sergey Dolzhenko/epa/dpa/picture-alliance
Gennady Timchenko
Timchenko é um importante acionista do Rossiya Bank – definido no documento da UE como o banco pessoal das autoridades russas, investindo nas emissoras de televisão que apoiam ativamente as medidas do governo russo para desestabilizar a Ucrânia. Além disso, o Rossiya teria aberto sucursais na Crimeia, apoiando sua anexação ilegal.
Foto: Sergei Karpukhin/AFP/Getty Images
Alexei Mordashov
Mordashov investiu seriamente no National Media Group, o maior holding particular de mídia da Rússia, que apoia as medidas estatais de desestabilização da Ucrânia, afirma a UE. Em comunicado, o bilionário asseverou que não tem "nada a ver com a emergência da atual tensão geopolítica" e definiu essa guerra como uma "tragédia de dois povos fraternos".
Foto: Tass Zhukov/TASS/dpa/picture-alliance
Iates confiscados
As novas sanções incluem o congelamento de bens e restrições a viagens. Desde sua imposição, diversos iates de luxo pertencentes à elite russa foram confiscados na Itália, França e Reino Unido. Entre seus proprietários estão Sechin, Usmanov e Timchenko.