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PolíticaSíria

ONU renova autorização de ajuda transfronteiriça na Síria

12 de julho de 2020

Após uma semana de impasse, Conselho de Segurança aprova nova permissão de entrada de remessa humanitária. Mas passagem só poderá ocorrer por um ponto, deixando cerca de 1,3 milhão de sírios sem assistência.

Soldados junto a caminhões do Crescente Vermelho
Soldados russos junto a comboio de ajuda humanitária do Crescente Vermelho na SíriaFoto: Reuters/O. Sanadiki

O Conselho de Segurança das Nações Unidas finalmente aprovou neste sábado (11/07) uma resolução para estender o mecanismo que permite a entrada, através da fronteira, de ajuda humanitária para população do norte da Síria. Mas passagem só poderá ocorrer através de uma das três entradas propostas inicialmente por Alemanha e Bélgica.

Doze dos 15 membros do mais alto órgão executivo da ONU votaram a favor da nova resolução, propondo manter aberta por mais um ano a travessia de Bab al-Hawa, que dá acesso à região de Idlib, enquanto três outros membros – Rússia, China e República Dominicana – abstiveram-se.

A aprovação ocorreu após duras negociações e a rejeição de outras propostas de acordo nesta semana, sobretudo em decorrência dos vetos de China e Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança que consideram que "a soberania e a integridade territorial da Síria devem ser respeitadas" e que, por isso, apenas uma das passagens deve permanecer operacional.

O Conselho de Segurança da ONU continuou as intensas negociações neste sábado para tentar estender o uso de vários pontos de fronteira para ajuda humanitária, um dia depois do fim da vigência da autorização da ONU que desde 2014 permitia a passagem da ajuda transfronteiriça à Síria desde a Turquia. O dispositivo é vital para a chegada de assistência humanitária para milhões de pessoas, sem o consentimento de Damasco.

Em declaração conjunta após a votação, a Alemanha e a Bélgica afirmaram: "Uma passagem de fronteira não é suficiente, mas nenhuma passagem de fronteira teria colocado em questão o destino de toda uma região".

Quando o Conselho de Segurança da ONU autorizou pela primeira vez a operação de ajuda transfronteiriça na Síria em 2014, também incluiu acesso por Jordânia e do Iraque. Essas travessias foram cortadas em janeiro devido à oposição da Rússia e da China.

Apesar da aprovação da resolução, o embaixador belga na ONU, Marc Pecsteen de Buytswerve, garantiu que este é um "dia triste" para os sírios, já que, após vários dias de votação, não foi possível estender a utilização das passagens de Bab al-Salam, que se comunica com a região de Aleppo e por onde estima-se ser possível atender a mais de 1,3 milhão de sírios, e Al-Yarubiyah.

"Onze milhões de sírios continuam a precisar de assistência e proteção humanitária: comida, água, abrigo, assistência médica e outros cuidados. Desde 2014, as passagens de fronteira oferecem a eles um verdadeiro sustento", explicou o diplomata belga.

De Buytswerve descreveu esses pontos de fronteira como uma "necessidade absoluta", observando que o Conselho não teve escolha senão tomar uma decisão que "não reflete as necessidades humanitárias no terreno para alcançar um compromisso".

Ele disse que 1,3 milhão de pessoas, incluindo 500 mil crianças, deixarão de receber ajuda através do ponto de Bab al-Salam, mas afirmou que a prorrogação do uso de Bab al-Hawa por um ano proporcionará uma melhor capacidade de planejamento.

Já Dmitry Polyansky, embaixador adjunto da Rússia na ONU, observou que seu país tem sido a favor da ajuda humanitária na Síria de maneira "consistente", mas "respeitando a soberania e a integridade territorial do país e coordenação com seu governo legal".

Moscou, o maior aliado do governo de Bashar al-Assad, defende que continuar com as entregas de assistência do exterior, com exceção da província de Idlib – o último grande bastião da oposição –, significa minar a soberania da Síria e não aceitar a realidade local, agora que Damasco controla quase todo o território.

Desde o início do conflito na Síria em março de 2011, estima-se que pelo menos 500 mil pessoas tenham sido mortas. Os apoiadores do presidente sírio, Bashar al-Assad, agora controlam novamente cerca de dois terços do território do país. Além da grave crise política e econômica, atualmente existe o perigo da pandemia de coronavírus. Em Idlib, as autoridades de saúde locais acabam de divulgar evidências de um primeiro caso registrado de coronavírus.

MD/efe/afp/ap/rtr/dpa

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