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ONU se diz preocupada com violência em eleição no Brasil

12 de outubro de 2018

Casos de agressão por razões políticas levam órgão internacional a pedir que autoridades condenem crimes publicamente. "O discurso violento e inflamatório destas eleições é profundamente preocupante", diz porta-voz.

Apoiadores de Bolsonaro incendeiam modelo de urna eletrônica em São Paulo
Campanha eleitoral com ânimos acirrados: eleitores incendeiam modelo de urna eletrônica em São PauloFoto: Getty Images/AFP/A. Schneider

A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou em comunicado, nesta sexta-feira (12/10), estar "profundamente preocupada" com o clima de violência nas eleições do Brasil e apelou aos líderes nacionais.

"Pedimos aos líderes políticos e àqueles com influência que condenem publicamente qualquer ato de violência durante este período eleitoral delicado, e chamem todos os lados para que se expressem de forma pacífica e com o total respeito pelos direitos dos demais", disse a porta-voz da ONU Ravina Shamdasani.

Segundo o jornal Estadão, em declaração emitida em Genebra o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos enfatizou que considera "delicada" a situação brasileira, e pede investigações imparciais sobre os crimes registrados.

Depois do ataque a faca contra o candidato do Partido Social Liberal (PSL), Jair Bolsonaro, num ato de campanha em 6 de setembro, foram registrados nos últimos dias diversos casos de agressão por questões políticas, inclusive um homicídio.

Na segunda-feira, o mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, foi assassinado a facada num bar de Salvador, após se envolver numa discussão na qual defendia o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad. O suspeito foi identificado como adepto de Bolsonaro.

Questionado acerca do caso, o candidato do PSL respondeu: "A pergunta deveria ser invertida. Quem levou a facada fui eu. Se um homem que tem uma camisa minha comete um excesso, o que isso tem a ver comigo? Eu lamento, e peço às pessoas que não pratiquem isso, mas eu não tenho controle."

Na quarta-feira, num tuíte, ele voltou ao assunto em tom diferente: "Dispensamos voto e qualquer aproximação de quem pratica violência contra eleitores que não votam em mim. A este tipo de gente peço que vote nulo ou na oposição por coerência, e que as autoridades tomem as medidas cabíveis, assim como contra caluniadores que tentam nos prejudicar."

Numa segunda postagem, porém, afirmou haver um "movimento orquestrado forjando agressões" para prejudicar sua campanha, "nos ligando ao nazismo, que, assim como o comunismo, repudiamos".

Bolsonaro venceu o primeiro turno das eleições presidenciais brasileiras com 46,03% dos votos, seguido por Haddad, com 29,28%. O segundo turno, em que ambos se enfrentarão pela maioria absoluta dos votos, está marcado para 28 de outubro.

A declaração emitida pelas Nações Unidas não cita o nome de nenhum dos dois candidatos. Shamdasani frisou: "Condenamos qualquer ato de violência e pedimos investigações imparciais, efetivas e imediatas sobre tais atos."

"O discurso violento e inflamatório destas eleições, especialmente contra LGBTs, mulheres, afrodescendentes e aqueles com visões políticas diferentes, é profundamente preocupante, especialmente tendo em conta os relatos de violência contra tais pessoas", censurou a porta-voz da ONU.

AV/lusa/ots

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