ONU suspende envio de ajuda ao norte de Gaza após saques
20 de fevereiro de 2024
Programa Alimentar Mundial relata ataques violentos a caminhões que transportavam alimentos até o norte do enclave palestino. Funcionários descrevem "níveis sem precedentes de desespero".
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O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) informou nesta terça-feira (20/02) que o fornecimento de alimentos no norte da Faixa de Gaza, que havia sido retomado no domingo após uma pausa de três semanas, teve de ser novamente interrompido após comboios da organização se tornarem alvo de saques e atos de violência.
Funcionários do PAM relataram que "vários caminhões foram saqueados", "um motorista foi agredido" e "tiros foram disparados": "Na segunda-feira, a viagem de um segundo comboio rumo ao norte enfrentou caos total e violência devido ao colapso da ordem civil."
O PAM relatou "níveis sem precedentes de desespero" em Gaza, vendo-se forçado a interromper as entregas de alimentos "até que haja condições que permitam distribuições seguras".
A ONU calcula que a guerra deixou a população de 2,2 milhões à beira da fome e forçou o deslocamento de 1,7 milhão de palestinos em Gaza.
A guerra em Gaza teve início com os ataques do grupo extremista Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que mataram cerca de 1.200 pessoas. A reação israelense, com intensos bombardeios seguidos de uma ofensiva terrestre em larga escala, deixou quase 30 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde do enclave palestino.
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Crise se agrava em hospital de Khan Yunis
A Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou ter realizado, entre o domingo e a segunda-feira, duas missões para transferir 32 pacientes em estado grave – incluindo duas crianças – do hospital Nasser, na cidade de Khan Yunis. O local, no sul do enclave, é alvo de um cerco imposto pelas tropas israelenses.
Ao menos 130 pacientes e 15 médicos e enfermeiros permanecem no hospital, após dias de combates no entorno do complexo. Funcionários da OMS relataram "cenas indescritíveis" em meio a condições que favorecem a transmissão de doenças. O hospital Nasser não tem eletricidade nem água corrente; o lixo, hospitalar e comum, "cria um terreno fértil para doenças", afirma um comunicado da entidade.
Soldados israelenses invadiram o hospital em 15 de fevereiro. Segundo a OMS, seus funcionários tiveram acesso negado ao local no sábado e no domingo. A unidade de terapia intensiva deixou de funcionar, com pacientes sendo transferidos para outros hospitais da região.
Os alertas das agências humanitárias da ONU ocorrem enquanto Israel prepara uma ofensiva em Rafah, no sul do enclave palestino. Situada na fronteira com o Egito, a cidade abriga 1,5 milhão de refugiados que se dirigiram para a região depois de Israel ordenar a evacuação de amplas áreas ao norte de Gaza.
rc/av (DPA, AFP)
Morte e desespero em Gaza
Uma catástrofe humanitária atinge a Faixa de Gaza. Após os ataques do Exército israelense em retaliação aos atentados terroristas do grupo radical islâmico Hamas, o número de mortos e feridos só aumenta.
Foto: Fatima Shbair/AP/picture alliance
Fumaça preta sobre escombros
Uma imagem de destruição máxima: três dias após os ataques do grupo fundamentalista islâmico Hamas, classificado como organização terrorista pela UE, EUA e outros países, Israel intensificou os bombardeios na Faixa de Gaza. A retaliação foi anunciada pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu: "O que faremos com nossos inimigos nos próximos dias repercutirá por gerações."
Foto: Belal Al SabbaghAFP/Getty Images
Centenas de prédios destruídos
Segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), cerca de 800 edifícios na Faixa de Gaza foram completamente destruídos, e mais de 5 mil foram severamente danificados. Além disso, o abastecimento de água foi interrompido para cerca de 400 mil pessoas.
Foto: Mohammed Talatene/dpa/picture alliance
Mais de mil mortos de ambos os lados
Equipes de resgate buscam sobreviventes após ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza. Em apenas seis dias, o conflito entre o Hamas e Israel já deixou mais de 2,5 mil mortos de ambos os lados.
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Luto pelas vítimas
Um homem carrega o corpo de uma criança morta no ataque israelense ao campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, antes de ela ser enterrada ao lado de outras vítimas. Segundo autoridades de saúde palestinas nesta quinta-feira (12/10), mais de 440 crianças e mais de 240 mulheres estão entre os mortos em Gaza.
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Fugir para onde?
Palestinos na Faixa de Gaza fogem dos ataques israelenses em um micro-ônibus. Segundo informações da ONU, mais de 338 mil pessoas já foram deslocadas de suas casas. Grande parte está se abrigando em escolas, e outras, em residências particulares. A fuga de Gaza deixou de ser possível depois que Israel isolou a área.
Foto: Saleh Salem/REUTERS
Israel controla a fronteira
Tropas de Israel patrulham a fronteira com Gaza. Na noite de 7 de outubro, combatentes do Hamas romperam barreiras em alguns pontos e entraram em território israelense. A cerca, que tem 60 quilômetros de extensão, foi construída em 1994. A fronteira com o Egito também é cercada numa faixa de um quilômetro.
Foto: Oren Ziv/AP/picture alliance
Movimentação de tropas
Após a mobilização de mais de 300 mil reservistas por parte de Israel, muitas pessoas na Faixa de Gaza temem uma ofensiva terrestre das forças israelenses. Veículos e equipamentos militares foram agrupados ao longo da fronteira. Além disso, as populações das cidades israelenses que fazem fronteira com Gaza foram quase que totalmente evacuadas.
Foto: Ilia Yefimovich/dpa/picture alliance
"Desastre absoluto"
Crescem os temores de uma catástrofe humanitária na Faixa de Gaza. O secretário-geral do Conselho Norueguês de Refugiados, Jan Egeland, alertou sobre um "desastre absoluto". Uma "punição coletiva" da população violaria a lei internacional: "Se crianças feridas morrerem em hospitais porque não há eletricidade, isso pode ser um crime de guerra."
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Jahia Sinwar, líder do Hamas
Jahia Sinwar, chefe do Hamas na Faixa de Gaza desde 2017, é considerado um dos líderes do ataque terrorista a Israel. O extremista, que cresceu em um campo de refugiados em Gaza, é o segundo homem mais poderoso depois do líder supremo Ismail Haniya. Sinwar conceitua "seu povo" como "mártires que preferem morrer a ceder à humilhação frente ao inimigo".
Foto: Mohammed Abed/AFP
Escalada da violência
A escalada da violência continua. Um porta-voz do Hamas disse a agências de notícias que toda vez que Israel bombardear civis sem aviso, um refém israelense será morto. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, respondeu à ameaça, alertando sobre mais violência contra os reféns: "Esses crimes de guerra não serão perdoados."