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ONU teme aumento de fome e pobreza devido a pandemia

7 de maio de 2020

Órgão pediu US$ 6,7 bilhões para ajudar países mais pobres e vulneráveis a enfrentar consequências do novo coronavírus. Pico de infecções ainda está por vir, mas populações já sofrem com escassez de alimentos.

Fila de pessoas ao lado de baldes no Zimbábue. Pessoas esperam para encher recipientes com água potável
No Zimbábue, escassez de água dificulta higienização das mãosFoto: DW/P. Musvanhiri

As Nações Unidas temem que a população mais pobre do planeta sofra com mais fome, guerras e pobreza devido à pandemia do coronavírus Sars-Cov-2. 

Nesta quinta-feira (07/05), a ONU disse precisar de um total de 6,7 bilhões de dólares para auxiliar países frágeis e vulneráveis a combater as consequências da disseminação do vírus. O montante é mais que o triplo do que foi estipulado em março pelo órgão, de 2 bilhões de dólares.  

"A não ser que adotemos ações agora, teremos que nos preparar para um aumento significativo de conflitos, fome e pobreza. O fantasma de múltiplas ondas de fome está à espreita", disse o coordenador da ajuda emergencial da ONU, Mark Lowcock. 

Sob o comando de Lowcock, o Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) da ONU prevê que o número de pessoas no limite da inanição deverá dobrar para 250 milhões em todo o mundo este ano. 

O chefe humanitário da ONU reiterou que o pico da pandemia só deverá atingir as nações mais pobres do planeta em três a seis meses. Porém, as populações mais vulneráveis já estão sentindo as consequências do coronavírus, com queda de salários, eliminação de postos de trabalho e escassez de alimentos. Além disso, as crianças de famílias economicamente frágeis estão ficando sem vacinas e merendas escolares. 

À agência de notícias alemã DPA, Lowcock disse também que o aumento da pobreza poderia deixar populações à mercê de extremistas, apontando para atividades terroristas crescentes no Oriente Médio e na região africana do Sahel.

Ele alertou igualmente para um aumento de movimentos migratórios no mundo. "Quando as pessoas não conseguem sobreviver, se deslocam", constatou. 

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que o número de infecções pelo coronavírus na maioria dos países em desenvolvimento listados no apelo por ajuda da ONU "parece pequeno, mas sabemos que a observação, os testes de laboratório e as capacidades dos sistemas de saúde nesses países são fracos". "Por isso, é provável que haja transmissão comunitária [do vírus] que não está sendo detectada", explicou. 

Desde o primeiro apelo da ONU, o órgão recebeu 1 bilhão de dólares de doadores internacionais para ajudar 37 países. Nesta quinta-feira, o OCHA incluiu mais nove países vulneráveis na lista: Benin, Djibuti, Libéria, Moçambique, Paquistão, Filipinas, Serra Leoa, Togo e Zimbábue. 

RK/dpa/ap

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