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Opaq confirma que Skripal foi envenenado com Novichok

12 de abril de 2018

Organização para a Proibição das Armas Químicas corrobora análise britânica sobre ataque ao ex-espião russo, mas não aponta culpados nem identifica origem do veneno.

Especialistas recolhem amostras no local do envenenamento, em SalisburyFoto: picture-alliance/PA Wire/B. Birchall

Investigadores da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) confirmaram nesta quinta-feira (12/04) que o ataque ao ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha Yulia foi realizado com um agente nervoso.

A Opaq confirmou as "conclusões do Reino Unido em relação à identidade do agente químico tóxico", sem especificar o nome. O Reino Unido havia identificado a substância como o agente Novichok, criado na União Soviética nos anos 1970 e 1980.

A Opaq disse que agente químico utilizado era de alta pureza, mas não apontou responsáveis pelo ataque. O papel da agência era apenas identificar o veneno e não rastrear suas origens ou apontar culpados.

Leia também: Filha de ex-espião russo deixa hospital no Reino Unido

O Reino Unido, apoiado pelos parceiros europeus e pelos Estados Unidos, culpa a Rússia pelo ataque químico contra os Skripal, ocorrido no dia 4 de março na cidade de Salisbury. Moscou, por sua vez, nega qualquer envolvimento no caso e argumenta que os britânicos não apresentaram provas. Londres convocou uma reunião da Opaq na próxima semana para discutir as conclusões da investigação.

O caso Skripal piorou as relações entre o Ocidente e a Rússia, que chegaram ao pior nível desde a Guerra Fria. Mais de 20 países ocidentais expulsaram mais de 150 diplomatas russos em solidariedade ao Reino Unido. Moscou, por sua vez, respondeu na mesma moeda.

O relatório da Opaq não menciona o nome do agente químico Novichok, mas confirma "as conclusões do Reino Unido relacionadas à identidade do agente químico tóxico utilizado em Salisbury". A agência disse que o nome e a estrutura do veneno foram incluídos no relatório completo e confidencial, enviado aos 192 países membros da entidade.

Segundo a Opaq, o fato de o agente químico ser de alta pureza dificulta saber quando foi fabricado, porque o produto não se degrada com o tempo.

Mas, segundo os britânicos, a análise química foi apenas um dos fatores que levaram à conclusão de que a Rússia estaria por detrás do ataque. Outros fatores são informações de inteligência que sustentam que a Rússia fabricou agentes nervosos e estudou a utilização deles em assassinatos.

O ministro britânico do Exterior, Boris Johnson, saudou as conclusões da Opaq, afirmando que testes em quatro laboratórios independentes em diferentes países apresentaram os mesmos resultados. "Não há dúvidas sobre o que foi utilizado e não há explicação alternativa sobre quem seria o responsável. Apenas a Rússia possui os meios, o motivo e os antecedentes", afirmou Johnson.

A porta-voz do Ministério russo do Exterior, Maria Zakharova, disse que seu país não aceitará as conclusões da Opaq até que a Rússia possa analisar o material por conta própria. "A Rússia não acreditará em nenhuma conclusão sobre o caso Skripal até que seja permitido aos especialistas russos o acesso às amostras", disse.

RC/ap/afp

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