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Operação de Angelina Jolie é opção, mas não única saída

Rachel Baig (mc)16 de maio de 2013

Especialistas alertam que mastectomia impõe riscos e só deve ser feita em casos de predisposição genética, mas reconhecem que atitude da atriz pode ajudar a reduzir preconceitos e quebrar tabus.

Foto: picture-alliance/dpa

É o medo do câncer que leva muitas mulheres a retirarem os seios. A chamada mastectomia é um procedimento de remoção do tecido mamário, que geralmente é substituído por enxertos de gordura ou de silicone. O mais recente exemplo de escolha por esse passo – para muitos radical – foi o de Angelia Jolie. Mas ela não é a primeira celebridade a fazer essa opção

Sharon Osbourne, mulher do roqueiro Ozzy Osbourne, fez a cirurgia no ano passado. Christina Applegate, conhecida pelo papel de Kelly Bundy na série de TV Married with Children (Um Amor de Família, no Brasil), viveu a mesma experiência em 2008. Nos dois casos, ao contrário do de Jolie, ambas já haviam sido diagnosticadas com câncer.

Na Alemanha, é cada vez mais comum as mulheres optarem pela operação como uma forma preventiva de tratamento. Porém, isso só é indicado quando há uma predisposição genética, afirma Suzanne Briest, médica e porta-voz do centro que pesquisa câncer de ovário e de mama na Universidade de Leipizig.

De acordo com o Instituto Alemão do Câncer, cerca de 74 mil mulheres recebem o diagnóstico de câncer de mama todos os anos. É o segundo tipo mais letal da doença. Cerca de 5% das pacientes estão geneticamente predispostas. Aquelas que têm na família três ou mais parentes diagnosticadas em uma idade jovem com câncer de mama ou ovário devem fazer um teste genético, dizem os médicos, de forma a aumentar as chances de cura. Com o teste é possível saber se a mulher carrega os genes BRCA1 ou BRCA2, causadores do tumor.

scanner serve para examinar seiosFoto: picture alliance/CHROMORANGE

“Eu fui diagnosticada pela primeira vez com câncer de mama há 15 anos”, conta Andrea Mahnken. “Decidi fazer o teste porque eu queria saber o máximo possível sobre a minha doença”. Como ela descobriu que não é portadora dos genes BRCA, não precisou fazer a mastectomia.

O Conselho de Ética Alemão publicou, no mês passado, um parecer sobre os exames genéticos e, nele, foi enfatizado que muitas análises indicam apenas probabilidades que podem nunca acontecer.

A presidente do Conselho, Christiane Woopen, vê de maneira crítica a atitude de Jolie. Para ela, não se deve tratar a saída encontrada pela atriz como a única ou a mais correta. Por outro lado, ela reconhece que o impulso tornado público pela estrela de Hollywood pode ajudar outras mulheres a terem menos receio da operação.

Cada vez mais mulheres com carga genética favorável ao desenvolvimento do câncer decidem pela retirada dos seios. De acordo com o Hospital Universitário de Düsseldorf, entre 60% e 70% optam pela mastectomia. A razão é que os métodos cirúrgicos se tornaram mais avançados e ainda há a saída da cirurgia plástica. E o resultado é que o risco de o tumor se manifestar cai para apenas 5%. 

Na maioria das vezes, na operação como a de Angelina Jolie, o tecido da mama é removido e no lugar entram implantes. A paciente também decide junto com o médico se o mamilo será mantido. Se for mantido, deve ser parte da mama, para diminuir a possibilidade de cancros.

Angelina Jolie retirou a mama como forma de prevençãoFoto: Getty Images/Oli Scarff

Com relação aos implantes, o recomendado é que eles sejam verificados sempre, porque podem ser recebidos pelo organismo como “corpos estranhos”. É por isso ainda que algumas mulheres preferem reconstruir a mama com tecido próprio. Se for essa a decisão, várias operações reparadoras são necessárias.

Muitos especialistas aconselham o corte radical da mama, o que gera nas pacientes, às vezes, um transtorno psicológico. “Nos Estados Unidos as mulheres levam com mais leveza o teste genético e a cirurgia do que na Alemanha, por exemplo”, diz Andrea Hahne, presidente da rede BRCA, que presta assistência a portadoras de câncer.

O exame de toque, a ultrassonografia ou ressonância magnética regulares podem ajudar na prevenção. Quando o câncer é descoberto em estágio inicial, a chance de cura é maior. Outro detalhe é que, se uma paciente faz o teste genético e dá positivo, o sistema de saúde na Alemanha arca com as despesas das cirurgias posteriores e até das cirurgias reparadoras, bem como de todo o pós-operatório.

No caso do câncer de ovário, a cirurgia é a única forma de livrar a pessoa da doença. O diagnóstico precoce é mais complicado. Por isso, se uma mulher de 40 anos fica sabendo que tem câncer de ovário, precisa remover um ou os dois. “A ovariectomia é muito comum na Alemanha. Mais comum do que a mastectomia. Esse tipo de câncer é descoberto geralmente muito tarde, o que reduz as chances de cura”, explica Hahne.

Seja qual for a situação, médicos alertam para o perigo de uma decisão rápida. Somente o medo de uma doença, dizem, não deve ser parâmetro para uma escolha definitiva. O importante é ter uma vida saudável. E os fatores de risco incluem, além da mutação genética, a idade, consumo de álcool, cigarro e sedentarismo. É importante ainda, insistem os especialistas, se informar.

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