Ação para capturar piloto rebelde deixa mortos na Venezuela
15 de janeiro de 2018
Entre as vítimas estão policiais e integrantes do grupo de Óscar Pérez, afirma o governo. Piloto ficou conhecido ao lançar granadas contra o Supremo Tribunal de Justiça a partir de um helicóptero.
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As autoridades venezuelanas anunciaram nesta segunda-feira (15/01) que desarticularam o grupo rebelde liderado pelo ex-policial e piloto Óscar Pérez, acusado de executar um ataque terrorista contra o Supremo Tribunal de Justiça. A operação em El Junquito, nos arredores de Caracas, deixou ao menos sete mortos e cinco policiais feridos.
Entre os mortos estão dois policiais e cinco membros do grupo de Pérez. "Os integrantes desta célula terrorista que fizeram resistência armada foram abatidos, e cinco criminosos foram capturados e detidos", detalhou o governo venezuelano na emissora estatal VTV.
"Estavam fortemente apetrechados com armamento de alto calibre e abriram fogo contra os funcionários encarregados da sua captura e tentaram detonar um veículo cheio de explosivos", relatou o Ministério de Interior, que destacou que os agentes foram atacados quando negociavam as condições para a rendição de Pérez.
Segundo o comunicado, cinco policiais ficaram gravemente feridos na operação. O texto não oferece maiores detalhes sobre os mortos e detidos nem esclarece se Pérez foi morto ou capturado. O ministério afirmou ainda que o grupo planejava ataques com bombas no país.
Pérez ficou conhecido em julho de 2017 quando, no meio dos protestos antigovernamentais, lançou várias granadas de um helicóptero da Polícia Científica contra dois edifícios governamentais em Caracas. Em dezembro, ele assumiu a autoria de um ataque a um quartel da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar), em Laguneta de La Montaña.
Pelas redes sociais, o ex-policial afirmou no início da manhã desta segunda-feira que as autoridades o tinham localizado após mais de seis meses de fuga, numa área montanhosa perto de Caracas. Ele publicou uma série de vídeos no Instagram nos quais assinalava que ele e seu grupo estavam cercados e que as forças de segurança lhes disseram que os queriam matar. Pérez assegurou que queria se entregar, mas que, mesmo assim, não paravam de disparar contra o grupo.
No último vídeo é possível ver o ex-policial com manchas no rosto, que parecem ser sangue, e gritando: "Vamos nos entregar, parem de atirar". Ele afirmou ainda que havia feridos entre seu grupo.
CN/efe/lusa/dpa
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Em tempos de crise, venezuelanos buscam cura pela bruxaria
Quem fica doente na Venezuela enfrenta vários problemas, como escassez de medicamentos e contas astronômicas. No "beco dos bruxos", na favela de Petare, o tratamento é barato e consiste em toque de mãos e rituais.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Fuente
Em caso de urgência, procure um feiticeiro
Eles são chamados de bruxos – e, para muitos venezuelanos, são a única alternativa de tratamento de doenças. A crise no sistema de saúde fez com que muitos não consigam mais pagar tratamentos médicos convencionais. Medicamentos são escassos e extremamente caros. Muitas vezes, pacientes com câncer também não têm acesso à quimioterapia.
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Cura no "consultório espiritual"
Em vez da aparelhagem médica, velas e estátuas: muitos venezuelanos adotaram a medicina alternativa. Num beco da favela de Petare, na região metropolitana de Caracas, dezenas de pacientes vão diariamente a um dos "consultórios espirituais", na esperança de conseguir a cura que não conseguem buscar na medicina convencional.
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"Beco dos bruxos" existe há mais de 50 anos
"El callejón de los brujos", ou "beco dos bruxos", é o nome popular dessa rua na favela de Petare. Há meio século, pacientes de todo o país vêm para cá. O movimento é especialmente grande aos sábados. Curandeiros e bruxos praticam a cura pelas mãos para amenizar o sofrimento dos doentes.
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Sem dinheiro para a cirurgia
Com frequência, os pacientes que vão ao "beco dos bruxos" não têm como arcar com as despesas de um tratamento hospitalar. Seriam obrigados a pagar centenas de dólares do próprio bolso por uma operação. É dinheiro demais para as pessoas na Venezuela, assolada por hiperinflação, fome, criminalidade e escassez de alimentos. Já consultar um curandeiro custa apenas um dólar.
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Questão de fé
Centenas de pessoas esperam diariamente para serem tratadas por um bruxo ou um curandeiro. Os curandeiros apostam em tratamentos baratos: dieta, rituais, toque de mãos. As intervenções espirituais devem "equilibrar a energia do paciente", explica um desses médicos tradicionais.
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Velas para combater doenças
Os mais jovens também recebem tratamentos. "Mas o espírito precisa autorizar o tratamento primeiro", explica um curandeiro. Algumas pessoas também se cadastram para um tratamento convencional, e a excursão pela medicina alternativa serve, entre outras coisas, para encurtar o tempo de espera até o início da terapia no hospital.