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Operações da JBS em mercados sob suspeita

19 de maio de 2017

Companhia teria lucrado com os efeitos da delação que envolveu o presidente Michel Temer. Um bilhão de dólares teriam sido comprados antes de real despencar, gerando milhões em ganhos.

US-Dollarnoten
Foto: imago/Winfried Rothermel

Em meio ao terremoto político criado no país após a delação da JBS, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu processos administrativos para investigar possíveis irregularidades cometidas pela empresa no mercado, confirmou nesta sexta-feira (19/05) a autarquia, vinculada ao Ministério da Fazenda, que regula e fiscaliza o mercado de capitais.

Em comunicado, a CVM informou suas áreas técnicas vão apurar acusações de que o grupo J&F, holding que controla a JBS, teria operado no mercado financeiro para lucrar com os efeitos da delação premiada firmada por seus executivos. Segundo a entidade, os processos foram abertos após notícias publicadas pela imprensa brasileira.

As investigações, de acordo com o comunicado, vão se centrar em questões como uma compra de dólares pela JBS e a venda de ações da empresa por seus controladores.

Na quarta-feira, pouco antes da revelação dos depoimentos do dono da JBS, Joesley Batista, envolvendo o presidente Michel Temer e outros políticos, a empresa frigorífica teria feito um grande volume de compra de dólares, segundo informara a imprensa, citando fontes do mercado financeiro.

O jornal Valor Econômico, assim como o diário O Globo, mencionam que o valor da compra teria superado 1 bilhão de dólares. Com isso, a JBS teria se beneficiado da valorização de mais de 8% da moeda americana ante o real na quinta-feira, causada justamente em reação às acusações contra Temer.

O mercado financeiro prevê sigilo dos investidores, portanto não seria possível identificar se foi a JBS quem realizou a operação. Caso as investigações confirmem a prática da empresa, isso configuraria uso indevido de informações privilegiadas, o que é proibido pela CVM.

Na quinta-feira, o dólar comercial fechou com alta de 8,15% em relação ao real, encostando na marca de 3,40 reais – a maior valorização diária desde o início de 1999.

A CVM investiga ainda se a JBS teria se beneficiado com operações no mercado de ações. Seus controladores venderam o equivalente a 327,4 milhões de reais em ações da empresa durante o mês de abril, segundo o formulário mensal enviado pela companhia à comissão.

Entre os dias 24 e 27 de abril, a tesouraria da JBS comprou 19,3 milhões de ações da própria empresa, o equivalente a quase 200 milhões de reais, informa o Valor. Os depoimentos de Joesley e de seu irmão Wesley Batista no âmbito da delação premiada ocorreram entre abril e maio. As vendas de ações em abril teriam sido as primeiras movimentações dos controladores no período de um ano.

Em nota, a JBS informou que gerencia de maneira minuciosa e diária sua exposição cambial e de commodities. A empresa acrescenta que as movimentações no mercado de câmbio feitas nos últimos dias estão "alinhadas à sua política de gestão de riscos e proteção financeira".

EK/ebc/ots

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