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Moratória nuclear

10 de abril de 2011

Enquanto as principais companhias energéticas alemãs fazem pressão sobre governo em Berlim devido à política atômica, Siemens desfaz parceria nuclear com franceses.

Companhias energéticas iriam pagar quase 17 bilhões de euros para fundoFoto: picture alliance/dpa

Em reação à moratória nuclear defendida pela coalizão de governo em Berlim, as quatro grandes fornecedoras de energia elétrica na Alemanha, RWE, Eon, Vattenfall e EnBW, mandaram um recado ao governo alemão e anunciaram neste fim de semana a suspensão de seus pagamentos para um fundo bilionário de fomento às fontes renováveis.

As empresas justificaram a decisão através da vinculação dos pagamentos ao prolongamento da vida útil das usinas nucleares alemãs, determinado em 2010. A Vattenfall afirmou que os pagamentos estariam "suspensos temporariamente". Um porta-voz da RWE disse que a empresa iria transferir suas prestações mensais "para uma conta especial até o esclarecimento da moratória". E a EnBW declarou: "isso é uma consequência lógica da moratória".

Após a catástrofe no Japão, o governo alemão determinou uma moratória nuclear até meados de junho e desligou, temporariamente, as sete usinas mais antigas da rede. Até lá, a segurança das instalações deverá ser avaliada e então será decidido que usinas poderão ser reativadas.

O governo em Berlim reagiu com tranquilidade ao anúncio das operadoras. Uma porta-voz oficial afirmou que o governo irá avaliar as consequências financeiras da moratória do tempo de funcionamento. "Maior clareza sobre o assunto virá somente com o novo direcionamento da política energética", explicou a porta-voz, acrescentando que esse novo direcionamento "pode levar, se for o caso, a uma mudança do acordo com as companhias fornecedoras".

Reações de políticos

O ministro alemão do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, afirmou que o governo em Berlim deve cancelar, rapidamente, o prolongamento da vida útil das usinas nucleares do país. Os partidos do governo devem "dizer claramente: nós corrigimos nossas decisões, tomadas no final do ano passado", afirmou o político democrata-cristão em entrevista à revista Super Illu publicada neste domingo (10/04).

Röttgen disse que o que estaria em jogo seria a credibilidade da política energética. A mudança de curso por parte do governo após a catástrofe no Japão deve ser expressada claramente e "também executada realmente". Os acordos encaminhados pelo governo Merkel no ano passado estipulam que a vida útil das 17 usinas nucleares alemãs seja prolongada, em média, em 12 anos, em relação a uma lei aprovada pelo governo anterior, do chanceler Gerhard Schröder, prevendo o desligamento paulatino de todas as usinas nucleares alemãs até 2021.

O fundo de fomento às energias renováveis foi implementado no final de 2010 em correlação com o prolongamento da vida útil das usinas nucleares. Uma parte dos lucros adicionais com essa prorrogação deveria ser transferida para o fundo. Neste ano, as companhias energéticas deveriam pagar 300 milhões de euros. No total, esperava-se uma receita de 16,9 bilhões de euros para o fundo.

O Partido Verde alemão criticou a suspensão do pagamento das quatro grandes empresas energéticas para o fundo de energias renováveis como uma "falta de vergonha". Volker Beck, diretor parlamentar da bancada verde, disse ao site Handelsblatt Online que a medida "seria, infelizmente, também o reconhecimento do trabalho desleixado feito durante a campanha pela prorrogação da vida útil através do parlamento alemão ".

Mudança de curso

Como consequência da catástrofe nuclear no Japão, a Siemens, por outro lado, anunciou a desejada separação da companhia estatal francesa Areva. Um porta-voz da empresa alemã confirmou neste domingo que já em 18 de março último a Areva havia transferido o pagamento de 1,62 bilhão de euros fixado por um perito por 34% das ações da firma Areva NP, que agora pertence exclusivamente aos franceses.

O acidente na usina japonesa levou a empresa de Munique a reavaliar negócios com a energia nuclear. O ceticismo cresce entre os executivos da Siemens, apesar de há não muito tempo o presidente da empresa, Peter Löscher, ter demonstrado grandes esperanças na energia atômica. Devido à crescente demanda energética em todo o mundo, Löscher tinha grandes planos com negócios de fornecimento para usinas nucleares.

"Nosso objetivo conjunto é ser líder mundial do mercado de energia nuclear", disse Löscher há dois anos, após a assinatura de uma declaração de intenções com a empresa nuclear russa Rosatom. Segundo a declaração, ambas as partes planejam construir novas usinas nucleares e modernizar antigas centrais, através de uma empresa comum.

Na próxima semana, Löscher irá visitar a Rússia, juntamente com o governador da Baviera, Horst Seehofer. Nesta segunda-feira, eles se encontram com o ministro russo da Energia, Serguei Chmatko. Ele deverá estar atento ao que Löscher irá lhe dizer. Já há alguns dias, especula-se que a Siemens também cogita abandonar o planejado projeto com a Rosatom.

CA/dpa/dapd/afp
Revisão: Marcio Damasceno

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