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2020: É hora de uma ruptura

16 de dezembro de 2019

O mundo parece estar atingindo seus limites econômico, ecológico e social. E insistimos em tentar resolver problemas do século passado como no século passado. Chegou o momento de repensar as estruturas.

Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz

Para muitos, o ano 2020 já foi símbolo de um futuro distante. Alguns o imaginavam mais promissor, outros, mais sombrio. Mas, agora, estamos aqui. O futuro é agora.

As notícias diárias indicam que não estamos preparados para este futuro: mudanças climáticas, desastres ambientais catastróficos, sistemas sociais perversos, desemprego, pobreza, conflitos, déficit habitacional – e a lista continua. 

E os problemas são globais. Seja em Jacarta, Lagos, Cairo, Los Angeles, Paris, os maiores desafios são surpreendentemente semelhantes. O mundo parece estar atingindo seus limites econômico, ecológico e social. Ou melhor, já passou há muito tempo por eles.

O que podemos fazer? Nós consertamos o sistema. Corrigir e otimizar – é o que sempre fizemos. Por exemplo, estamos tentando agora substituir o motor de combustão por um motor elétrico. Um projeto complexo e caro que, em última análise, serve para levar pessoas de A para B pela manhã, e de B para A à noite.

Mas não faria mais sentido considerar o porquê de nos deslocarmos todos os dias? Por que milhões de pessoas se dirigem a escritórios localizados nos centros das cidades todos os dias e que ficam vazios depois do horário de expediente? E em uma localização privilegiada no centro da cidade, onde aqueles com uma renda normal há muito tempo não têm condições de morar. 

Mesmo que utilizemos o transporte público, o desafio continua grande, porque todo o tráfego atinge agora os seus limites nas horas de pico. Por que precisa ser assim?

Outro exemplo: as Nações Unidas estimam que até meados deste século dois terços da população mundial viverão em cidades. Os problemas decorrentes da urbanização afetam a todos, independentemente de onde vivem.

Ao mesmo tempo, o número de lares com várias pessoas vem declinando rapidamente há anos, especialmente nas grandes cidades. Metade das casas é, hoje, o lar de somente uma pessoa, porque vivemos mais e estamos cada vez menos ligados uns aos outros. Como lidamos com isso? Quais seriam as alternativas?

Outro ponto: nos queixamos da criação de gado em massa e da resistência aos antibióticos associada a essa prática, dos solos e da água poluídos por nitrogênio e do desmatamento para a produção de alimentos.

No entanto, estamos nos mantendo fiéis à agricultura convencional. Não há ideias mais sustentáveis que satisfaçam tanto os clientes como os agricultores? O que devemos fazer?

Até agora, temos tratado principalmente os sintomas sem abordar as causas. Estamos consertando os problemas do século passado com as soluções do século passado. Mas isso está se tornando cada vez mais raro porque os problemas estão se tornando mais complexos.

Chegou o momento de repensar as estruturas do século passado e talvez encontrar soluções inteiramente novas e melhores.

A Deutsche Welle estabeleceu exatamente esse objetivo para 2020: reunir abordagens promissoras e soluções propostas de uma grande variedade de áreas e delinear uma utopia construtiva, ou seja, realizável. Como seria o trabalho, a mobilidade, a nutrição, a comunicação, a medicina, o espaço de convivência e a coexistência do futuro?

Embora já existam algumas abordagens promissoras para a mudança, ainda não resolvemos realmente os enormes problemas econômicos, ecológicos e sociais, e quem é realista têm de admitir isso.

Queremos construir um "mundo inteligente", nos consideremos extraordinariamente inteligentes, mas não nos fazemos as perguntas certas. Estamos presos no pensamento do final do século 20 e encontramos mil razões para que as coisas sejam como são e não possam ser diferentes.

Não se trata de basicamente proibir ou de um romântico "retorno à natureza". Nem todos temos de nos sentar num home office, viver um estilo de vida vegano no campo e andar de bicicleta.

Isso não é realista porque não é desejável para a maioria. E o que não queremos, não fazemos voluntariamente. Coerção e proibições podem ser eficazes, mas há certamente soluções mais atraentes que fazem viver e trabalhar juntos valer mais a pena.

Estamos em 2020 – e o futuro é agora! Nós precisamos de utopias novas e construtivas. Nós queremos que planejadores urbanos e futurólogos, especialistas em agricultura e políticos, visionários e pensadores criativos tenham sua opinião sobre como seriam as melhores estruturas e soluções. Buscar alternativas é trabalhoso, é um desafio, mas valerá a pena!

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