Ninguém apoiou o jogador após as ofensas xenófobas nas últimas partidas da seleção alemã. A federação chegou a fazê-lo de bode expiatório para a eliminação da Copa. No final, ele será o único a sair de cabeça erguida.
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O caso finalmente atingiu seu pico. Mesut Özil nunca mais jogará pela seleção alemã. "O tratamento que recebi da DFB [Federação Alemã de Futebol] e de muitos outros fez com que eu não queira mais usar a camisa da seleção da Alemanha. Eu sinto que não sou benquisto", escreveu o jogador de 29 anos na última das três partes de seu acerto de contas publicado neste domingo (22/07) em seus perfis na rede social.
Este passo era inevitável e é a consequência lógica dos acontecimentos das últimas semanas. Özil foi abandonado pela maioria de seus companheiros de equipe e pela DFB, e agora deixa o palco do futebol alemão com um grande estrondo.
E com razão. Não porque ele fez a polêmica foto com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, mas porque ele, numa situação de crise, não recebeu nenhum apoio da DFB: ninguém apoiou o jogador após as ofensas xenófobas nas últimas partidas da seleção alemã. Em vez disso, a DFB – ou seja, o diretor esportivo Oliver Bierhoff e o presidente Reinhard Grindel – chegou a fazer de Özil o bode expiatório da histórica eliminação na Copa do Mundo.
Özil vai mais longe em sua carta, acusando o presidente da DFB de racismo. "Aos olhos de Grindel e de seus apoiadores sou alemão se vencermos, mas quando perdemos sou um imigrante." O fato de agora um jogador da seleção renunciar por causa de racismo é um sinal fatal para o futebol alemão – e mostra o fracasso da DFB nas últimas semanas.
A Federação Alemã de Futebol, que tanto se gaba de sua natureza cosmopolita, catapultou-se para fora do jogo. É preciso haver consequências. O presidente da DFB não tem mais condições de ficar no cargo, a situação de Oliver Bierhoff também deve ser discutida. A DFB precisa ser vigorosamente reorganizada. Uma coisa já está clara: no final, provavelmente Mesut Özil, frequentemente criticado por sua postura, será o único a sair de cabeça erguida.
Thomas Klein é repórter da editoria de Esportes da DW
Com quatro títulos mundiais e três Eurocopas, a Alemanha é uma das nações mais fortes do futebol. Muitos craques vestiram a camisa da "Nationalelf". Relacionamos os 10 mais importantes da história. Concorda com a lista?
Foto: picture alliance/dpa/W. Baum
#10: O matador dos gols bonitos
Jürgen Klinsmann não conquistou tantos títulos na carreira, mas foi talvez o atacante mais completo do futebol alemão. Seu arranque era fenomenal, marcava belos gols com ambas as pernas e subia de cabeça como poucos. Em três Copas do Mundo, balançou 11 vezes as redes. Foi campeão mundial em 1990 e europeu, como capitão, em 1996.
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#9: O polivalente
Capitão nas Copas de 2010 e 2014, além da Eurocopa de 2012, Philipp Lahm personifica as principais qualidades de um jogador alemão: disciplina tática, dedicação e excepcional condição física. Lahm atuou em ambas as laterais e no meio-campo defensivo – e sempre no mais alto nível técnico. Ele simboliza o renascimento e a nova mentalidade do futebol alemão.
Foto: Imago
#8: O capitão dos vices
Considerado um dos melhores jogadores da década de 80, Karl-Heinz Rummenigge conquistou todos os títulos possíveis com o Bayern de Munique. Com a seleção alemã, porém, não teve a mesma sorte. Até ganhou a Eurocopa de 1980 e foi eleito melhor jogador do torneio, mas perdeu as finais das Copa de 1982 e 1986 – ambas como capitão. Rummenigge marcou 45 gols em 95 partidas pela Alemanha.
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#7: O maior artilheiro em Copas
Como deixar de fora o maior artilheiro em Copas? Nascido na Polônia, Miroslav Klose não se destacava por sua habilidade ou gols bonitos – ele era um daqueles centroavantes clássicos com excepcional posicionamento na grande área. Assim marcou 16 gols em Copas e lidera a artilharia da seleção alemã com 71 gols em 137 partidas. Impressionante: em quatro Copas, nunca terminou abaixo da 3ª colocação.
Foto: Reuters
#6: O craque sem títulos
Pode-se dizer que Uwe Seeler é o Zico da Alemanha. Grandioso jogador, carismático, leal e símbolo de uma geração excepcional, mas que não conseguiu conquistar um Mundial. Seeler foi capitão da Alemanha nas Copas de 1966 – quando perdeu a polêmica final para os ingleses – e 1970. O ex-atacante do Hamburgo foi também o primeiro esportista a receber o Ordem de Mérito da República Federal da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Heidtmann
#5: O milagreiro de Berna
Helmut Rahn é considerado o autor do gol mais importante do futebol alemão – aquele que devolveu a autoestima depois da Segunda Guerra. Na final da Copa de 1954, frente a Hungria, Rahn anotou o gol do título, aos 39 minutos do 2º tempo, celebrado com a narração épica de Herbert Zimmermann que não parava de gritar "gol". A história de Rahn e daquele Mundial é contada no filme "O milagre de Berna".
Foto: AP
#4: O recordista
Lotthar Matthäus é recordista de partidas disputadas (150) e como capitão (75) pela seleção alemã. Conquistou a Eurocopa de 1980 e a Copa de 1990, além de dois vices nos Mundiais de 1982 e 1986. Somando ainda os de 1994 e 1998, Matthäus é o único jogador de linha a participar de cinco Copas. Matthäus foi o primeiro a ser eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa, levando a Bola de Ouro em 1991.
Foto: AP
#3: O "Bomber da Nação"
Impressionantes 68 gols em 62 partidas pela Alemanha; artilheiro da Copa de 1970; 14 gols em Mundiais; máximo goleador em 18 competições distintas – a lista de recordes de Gerd Müller, o "Bomber da Nação", é extensa. Seus impressionantes 85 gols na temporada de 1971/1972 foram superados somente por Lionel Messi, em 2012. Müller marcou o gol decisivo do título mundial de 1974 da Alemanha.
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#2: O gênio da chuva
Fritz Walter foi o primeiro grande craque – que alçou a Alemanha ao patamar das grandes nações do futebol. Meia cerebral, ele capitaneou a Alemanha contra a máquina húngara de Ferenc Puskas na Copa de 1954. Naquela final choveu – chamado na Alemanha de o "Clima Fritz Walter". Por ter contraído malária na Segunda Guerra, ele tinha dificuldades de jogar no calor e, portanto, preferia atuar na chuva.
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#1: O Kaiser
Somente Mário Jorge Lobo Zagallo e Franz Beckenbauer conquistaram a Copa do Mundo como jogador e treinador. Beckenbauer liderou a geração que venceu a Eurocopa de 1972 e o Mundial de 1974 e treinou a Alemanha na Copa de 1990. Beckenbauer é sinônimo da posição de líbero, e sua liderança, inteligência tática e inconfundível elegância em campo lhe deram o apelido de Kaiser, o imperador alemão.