Principais economistas da Alemanha veem país enfrentando grave recessão. Mas eles pedem prudência e programa de estímulo econômico, em vez do fim de medidas de isolamento. Eles estão certos, opina Henrik Böhme.
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"Previsões sempre são um negócio difícil. Especialmente quando dizem respeito ao futuro." Esse inteligente ditado é atribuído a Mark Twain, mas opcionalmente também a Kurt Tucholsky, Winston Churchill ou Niels Bohr.
Independentemente de quem desses cavalheiros pudesse agora reivindicar a autoria: essa sabedoria nunca foi tão correta quanto nos tempos da crise do coronavírus. Porque, é claro, foi dada a partida para corrida pela cifra mais alta: qual será a porcentagem de retração da economia alemã? Cinco, dez, até 20 por cento?
Nessa corrida, quem está na frente é Clemens Fuest, o incansável presidente do instituto de pesquisa econômica ifo de Munique. Ele pediu que seus pesquisadores trabalhassem com diversos cenários. O resultado não pode surpreender ninguém, e para chegar até ele nem é preciso ter estudado economia: quanto mais longa a paralisação econômica, maior o prejuízo.
O mesmo se lê num relatório especial do conselho de peritos encarregado de acompanhar o desenvolvimento da economia alemã ‒ mais conhecido como Conselho dos Cinco Sábios. Os assessores do governo (atualmente apenas três e somente homens, porque dois postos estão vagos) preveem uma forte recessão, mas não veem a economia cair tanto quanto no ano da crise financeira global em 2009.
É claro que os peritos também avaliaram vários cenários. E é óbvio que eles não podem saber quanto tempo vão durar as medidas de quarentena e distanciamento social. O que eles sabem e também afirmam: o ônus aumenta de forma desproporcional com a duração da crise. Mas, no final, eles dizem considerar exagerada uma queda de um quinto do rendimento econômico do país.
Esta é a boa notícia: o relatório especial vai entrar agora nas considerações do governo em Berlim, que prometeu apresentar aos alemães uma "estratégia de saída" após a Páscoa. Então se deverá ter clareza como vão continuar as proibições de movimento e as restrições de contato social.
Na ocasião, o setor econômico também deverá receber sinais sobre a possibilidade de uma reabertura gradual das fábricas. Também deverá haver previsibilidade sobre as medidas de apoio com que a economia vai poder ser impulsionada novamente, além dos bilhões já acordados em ajuda. Um programa de estímulo econômico terá que vir, algo que os economistas do Conselho dos Cinco Sábios também recomendam.
Mas e se o número de novas infecções continuar aumentando daqui a duas semanas e não houver achatamento da curva? Então vai se realizar a profecia que algumas pessoas estão prevendo? Mortos versus crescimento econômico?
E as 120 mil pessoas que morrem anualmente devido às consequências do tabagismo na Alemanha, porque o governo não consegue impor uma proibição de fumar, vão ser usadas novamente como desculpa? Talvez seria preciso esclarecer que, nessa pandemia global, não existe o conflito mortos versus retração econômica. Isso não existe.
Caso se deixe a pandemia seguir seu curso, pode-se supor com certeza que ela trará sofrimento a milhões de pessoas no planeta. A crise econômica será então drasticamente maior do que a atual paralisação. Porque mortos não compram carros
O silêncio ocupa os principais pontos turísticos das capitais europeias, devido às restrições de contato social por causa da pandemia do novo coronavírus. Veja como estão alguns lugares da Europa.
Desde domingo, quando a chanceler federal Angela Merkel anunciou mais restrições à circulação de pessoas na Alemanha, as ruas de Berlim e outras cidades alemãs estão mais vazias. O plano de nove pontos anunciado pelo governo proíbe encontros públicos de mais de duas pessoas, a não ser familiares. Todos devem manter uma distância de 1,5 metro dos outros e ir para a rua somente se necessário.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken
Estrangeiros barrados, fronteiras fechadas
Além de limitar o movimento interno, a Alemanha reforçou as restrições à entrada de estrangeiros no país. Como resultado, o tráfego no aeroporto mais movimentado do país, em Frankfurt, teve uma queda significativa.
Foto: picture-alliance/nordphoto/Bratic
Os bávaros devem ficar em casa
Na Baviera, estado mais meridional da Alemanha, as pessoas estão proibidas de sair às ruas para evitar a propagação do novo coronavírus. Sob as medidas que estarão em vigor por pelo menos duas semanas, as pessoas não podem se reunir no exterior em grupos e os restaurantes foram fechados. As ruas de Munique ficaram vazias.
Foto: picture-alliance/Zuma/S. Babbar
Paris isolada
A atividade nas ruas normalmente movimentadas de Paris parou completamente depois que a França anunciou um bloqueio nacional na semana passada. As pessoas não podem sair de casa, a menos que seja para como comprar comida, visitar um médico ou ir ao trabalho. O prefeito de Paris, no entanto, pediu medidas de confinamento mais rigorosas à medida que o número de infecções aumenta em todo o mundo.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Camus
Capital britânica ficou mais vazia
O Reino Unido fechou todos os bares, pubs e restaurantes para combater a ameaça do coronavírus. O primeiro-ministro, Boris Johnson, exortou todos os cidadãos a evitar qualquer viagem e contatos não essenciais com outras pessoas.
Foto: picture-alliance/R. Pinney
Milão, no coração da pandemia
No norte da Itália, só os pombos se atrevem a fazer aglomerações na rua. A catedral de Milão ergue-se solitária para o céu numa praça deserta. Na Itália, as pessoas só podem sair de suas casas para trabalhar ou fazer compras.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/L. Bruno
Vaticano fechado ao público
Embora um número esmagador de casos de coronavírus tenha sido registrado na região da Lombardia, no norte da Itália, Roma e o Vaticano também foram forçadas a restringir severamente as reuniões públicas. Toda a Itália está sob quarentena. As lojas fecharam e os turistas deixaram o país. A Praça de São Pedro, no Vaticano, está bloqueada. Em Roma, museus e pontos turísticos estão fechados.
Foto: picture-alliance/dpa/Zuma/G. Galazka
Espanha, um país fortemente atingido pela crise
O governo espanhol prorrogou até 11 de abril o estado de emergência no país. A Espanha tem o segundo maior número de casos de doenças pelo novo coronavírus na Europa, atrás da Itália. Barcelona e Madri são particularmente atingidas.
Os cidadãos austríacos também já não podem circular livremente. Desde meados de março, todos os bares e restaurantes estão fechados. O marco de Viena - a Catedral de Santo Estêvão - está fechada aos turistas, os serviços na igreja são realizados sem fiéis e são transmitidos por rádio. Também a praça em frente à catedral, normalmente bastante movimentada, está deserta.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Gredler-Oxenbauer
República Tcheca se fecha
A tradicional Ponte Carlos, em Praga, normalmente visitada por multidões de turistas, agora está em silêncio. A República Tcheca declarou estado de emergência por causa da pandemia do novo vírus e impôs uma extensa proibição de entrada e saída. Todas as ligações transfronteiriças de trens e ônibus também foram suspensas. A liberdade de circulação dos habitantes foi rigorosamente restringida.