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A luta das mulheres segue na Alemanha

Deutsche Welle Brockmann, Anja Portrait
Anja Brockmann
12 de novembro de 2018

Há 100 anos, mulheres alemãs conquistaram o direito ao voto. Mas isso não significa chances iguais: elas precisam continuar lutando, especialmente em tempos em que democracia é atacada.

Merkel com outras políticas em evento pelo centenário da conquista do direito ao votoFoto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka

As mulheres alemãs nunca tiveram uma formação profissional tão boa como atualmente. Em algumas disciplinas escolares, as meninas já deixaram há muito os meninos para trás. Mesmo assim, os homens geralmente conseguem os melhores empregos: no mercado de trabalho, na política.

No Parlamento alemão, a participação das mulheres atualmente é a menor dos últimos 20 anos. A igualdade de direitos "continua a ser uma tarefa duradoura", como disse a chanceler federal Angela Merkel – conferindo assim, involuntariamente, uma avaliação medíocre aos seus 13 anos de governo.

Sim, a eleição de Merkel como chanceler significou um ponto de virada na Alemanha. Sim, em seu entorno imediato, a chefe de governo deu estímulo às mulheres, escolhendo uma delas para ser até mesmo a primeira ministra da Defesa do país.

E não, ela nunca rezou pela cartilha de nenhum homem – não importa se eles se chamam Gerhard Schröder, Vladimir Putin ou Donald Trump.

Mas a mulher mais poderosa do mundo raramente exerceu a sua autoridade em termos de política para mulheres e apostou por muito, muito tempo, em compromissos voluntários em vez de cotas obrigatórias – no setor econômico ou em seu partido, a União Cristã Democrática (CDU).

Atualmente, a sua própria legenda a vê como masculina demais e reconhece estar perdendo eleitoras e que precisa agir. Finalmente! Mas priorizar a política para mulheres já é outra coisa.

Ainda há muito a fazer na Alemanha. O país precisa de um novo sistema tributário. Um que não recompense quando as esposas ganham pouco ou até mesmo ficam em casa. A desigualdade salarial entre homens e mulheres, que na Alemanha é maior que em qualquer outro país da Europa, precisa ser finalmente eliminada.

E é preciso introduzir urgentemente modelos de partilha do trabalho em posições de chefia, como também escolas de tempo integral por todo o país – a lista é longa.

Para que isso aconteça, é necessário que as mulheres se envolvam na política, que participem e sirvam de modelo. Essa é uma tarefa difícil e, nas atuais estruturais, não é praticável sem aliados: homens, como o marido da secretária-geral da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer.

Ele desistiu de seu emprego para que a esposa pudesse começar a carreira política. Atentar para a escolha do parceiro é um conselho ainda muito pouco seguido pelas mulheres.

Nas eleições gerais alemãs de 2017, a abstenção feminina foi maior que a masculina. Abster-se não é alternativa! As eleitoras precisam estar cientes de seu poder e usá-lo.

Elas precisam mostrar o cartão vermelho para as alianças masculinas na política. Com seus votos, elas devem valorizar homens e mulheres que não pratiquem uma política autoritária, que levem os problemas delas a sério e que queiram resolvê-los.

E os homens precisam finalmente entender que política para mulheres também é de sua conta! Que para eles também vale a pena lutar por isso. Um exemplo é o mercado de trabalho: em grandes empresas alemãs, a partir de 2019, há a possibilidade legalmente assegurada de voltar a trabalhar integralmente, após um período a tempo parcial.

Isso também permite aos homens horários de trabalho mais flexíveis – uma pequena revolução para muitas famílias.

Para a atividade política, essa revolução começou há 100 anos com o sufrágio feminino passivo (de candidatar-se) e ativo (de votar). A mensagem disso não perdeu a sua atualidade: um Parlamento no qual as mulheres estão sub-representadas não espelha a sociedade – e perde, portanto, a sua legitimidade no longo prazo.

Isso prejudica a democracia. Principalmente em tempos em que ela está sendo é atacado por muitos.

Anja Brockmann é jornalista da Deutsche Welle.

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