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Opinião: Acusação contra Lula ganha nova dimensão

15 de setembro de 2016

Graves acusações de corrupção podem minar chances eleitorais do ex-presidente. Porém, Lava Jato ainda deve as provas de que ele era o comandante máximo do esquema na Petrobras, afirma o jornalista Alexandre Schossler.

Alexandre Schossler
Alexandre Schossler é jornalista da redação brasileira da DW

Os problemas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudaram de dimensão nesta quarta-feira (14/09), dia em que os procuradores da Operação Lava Jato o chamaram de comandante do esquema de corrupção da Petrobras e afirmaram que, sem o poder de decisão dele, o esquema seria impossível.

Até esta quarta, Lula era o nome mais forte na corrida para a Presidência da República em 2018. Agora essa situação pode mudar rapidamente, tanto por causa da provável perda de apoio entre os eleitores como em caso de uma condenação, que tornaria o petista inelegível pela Lei da Ficha Limpa.

As acusações feitas são graves: o líder petista teria recebido 3,7 milhões de reais em vantagens indevidas da construtora OAS, em grande parte relacionadas com a reforma de um apartamento de luxo no Guarujá. Ninguém pode questionar ou minimizar a gravidade dessa acusação com observações de que esse valor seria irrisório perto do que outros acusados de corrupção receberam. Não é o valor recebido, mas o ato de receber que incrimina.

De forma coerente com essas acusações, Lula foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É a partir daí, porém, que os procuradores se perdem. Se Lula é mesmo o comandante máximo do esquema de corrupção, como afirmaram, por que ele não foi denunciado por formação de quadrilha?

Essa dúvida fica ainda mais forte diante da inegável espetacularização da entrevista dada pelos procuradores da Lava Jato, com slides de Powerpoint que mostravam o nome do ex-presidente no centro de um sistema solar da corrupção e o uso recorrente de frases de efeito e até de um neologismo: propinocracia. Quem acha que a Lava Jato persegue Lula vê nisso a confirmação de sua opinião.

Talvez os procuradores tenham as provas que embasem a acusação de que Lula seria o mentor de um megaesquema de corrupção que visava o enriquecimento ilícito e a perpetuação do PT no poder. Mas não as mostraram, e fazer uma acusação dessa gravidade, embalada por um show para a mídia, só reforça as dúvidas e críticas daqueles que há muito tempo veem exagero e espetacularização na Lava Jato.

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