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Opinião

(rw)12 de dezembro de 2006

A conferência sobre o Holocausto convocada pelo Irã foi acompanhada por duras críticas da comunidade internacional. Com sua linha anti-Israel, o presidente Ahmadinejad prejudica o Irã, opina Peter Philipp.

As autoridades iranianas fizeram, nos últimos dias, uma nova investida contra a internet e bloquearam o acesso a páginas críticas ao regime, assim como à oferta de filmes e livros e à enciclopédia livre Wikipedia. Em contradição tão clara como macabra a essa atitude está o que Teerã oficialmente alega como motivo para organizar uma conferência sobre o Holocausto: dar oportunidade a cientistas de todo o mundo de dizerem o que não podem manifestar em suas pátrias.

Dificilmente pode-se dizer que foram "cientistas" que se reuniram em Teerã. Foi, antes, o circo ambulante dos negadores do Holocausto, que em nenhum outro lugar são levados a sério. E aos quais praticamente se está prestando um favor com leis contra a "mentira de Auschwitz": sem os processos em conseqüência dessas proibições, essas pessoas não teriam oportunidade de ser notadas e ficariam reduzidas ao que na realidade são: pobres loucos.

Como deve estar ruim a situação do presidente iraniano para que ele busque o apoio dessa gente para atingir seus objetivos políticos... Quem quer que se interesse por história no Irã obviamente sabe que a desconfiança de Ahmadinejad em relação ao Holocausto é uma provocação sem qualquer fundamento: seu objetivo não é esclarecer a história, mas, sim, mostrar Israel como sendo o produto ilegítimo de um genocídio que pretensamente não aconteceu e, assim, dar força aos seus planos de eliminar Israel.

E como ele deve ter ficado agradecido pelo fato de que também um punhado de judeus ultra-ortodoxos compareceu ao plenário de debates em Teerã. O presidente iraniano não notou que justamente estes participantes desmascararam os obscuros propósitos dos organizadores: eles não negaram o Holocausto, mas ressaltaram que rejeitam o Estado de Israel. Segundo a convicção dos judeus ortodoxos, o Estado judeu só poderá surgir quando chegar o Messias. Só que todos continuam esperando por Ele.

E, apesar de todo este senso missionário: Mahmoud Ahmedinejad também não é nenhum messias. Com sua linha, ele prejudica o Irã, leva iranianos sensatos ao desespero e intimida as pessoas no exterior que pensam em se engajar por interesses legítimos do Irã.

Ahmadinejad não conseguirá com isso eliminar Israel, nem solucionar o conflito israelense-palestino. E só os alienados na Palestina e no mundo árabe considerarão Ahmadinejad um herói. A maioria das pessoas por lá já é realista o suficiente para aceitar fatos como Israel e o Holocausto e para exigir um consenso histórico para a Palestina. Para que palestinos e judeus finalmente possam viver em paz e tranqüilidade.

Peter Philipp é chefe da equipe de correspondentes da Deutsche Welle e especialista em Oriente Médio.

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