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Esporte

Opinião: Bundesliga mostra que árbitro de vídeo é supérfluo

Tobias Oelmaier
21 de agosto de 2017

As principais ligais europeias, como a alemã, se decidiram a favor do vídeo-assistente. Mesmo assim, continua não havendo justiça absoluta no futebol - o que é perfeitamente normal, opina Tobias Oelmaier.

Árbitro Tobias Stieler já teve apoio do vídeo-assistente no primeiro jogo da temporada 2017/18 da BundesligaFoto: picture-alliance/augenklick/GES/W. Eifried

Finalmente justiça no futebol! O que um árbitro, dois bandeirinhas, um quarto árbitro e a tecnologia da linha do gol, introduzida há um ano, não conseguem alcançar, é agora missão para um assistente de vídeo. Armado de câmara lenta e linhas de impedimento virtuais, a partir de uma central em Colônia ele dá seu veredicto em situações delicadas e decisivas nas partidas da Bundesliga.

A estreia foi já na abertura da temporada, na sexta-feira (18/08) à noite. Aos 7 minutos do segundo tempo do jogo entre Bayern de Munique e Bayer Leverkusen, o atacante Robert Lewandowski, do time bávaro, entrou na grande área. O juiz Tobias Stieler de início não apitou, mas o dedo indicador logo foi ao ouvido – rápida conversa com o assistente à distância. A decisão: pênalti.

"São justamente essas situações em que o assistente de vídeo pode ajudar a tornar o futebol mais justo”, diria Stieler mais tarde. Só que, passado um quarto de hora, a "prova por imagem” também esbarrou em seus limites.

Joshua Kimmich, do Bayern, driblava ao longo da linha lateral, Karim Bellarabi o atingiu com a sola no joelho. O cartão vermelho seria a única decisão certa. No entanto Bellarabi saiu totalmente impune. Por que neste caso o assistente ficou mudo? Isso está longe de ser justiça!

No sábado, então, houve alguns problemas técnicos, e em três partidas não foi possível recorrer à ajuda externa. Nos encontros entre Hoffenheim e Bremen, assim como entre Hertha Berlim e Stuttgart, ela pelo menos funcionou no segundo tempo. Embora só em parte, pois não foi possível traçar uma linha calibrada para decisões de impedimento – o que custou à prestadora de serviços Hawkeye uma bronca da Liga Alemã de Futebol (DFL).

Descontando as dificuldades de estreia, mais difícil ainda é responder algumas perguntas básicas. Por exemplo, quem entra em contato com quem, o árbitro com o supervisor em Colônia ou vice-versa? Ou quando cabe ao assistente de vídeo interferir?

Até agora está previsto que ele entrará em ação em jogadas envolvendo o básico da regra: gol, pênalti, expulsão ou, por exemplo, quando o juiz confunde um jogador por outro numa determinada marcação. Mas qual é exatamente a origem de um gol? Uma falta cobrada rápido demais, em sua própria área, que vai gerar um contra-ataque; um escanteio dado para o lado errado; uma cobrança de lateral feita errada, que gerou assistência para gol; uma falta a 17 metros do gol?

Se o que se quer é justiça máxima, então praticamente toda decisão seria questionada, com recursos, revisões, medidas liminares. Os árbitros mal ousariam apitar, de tanto medo de tomar decisões erradas. Seus assistentes quase nunca levantariam a bandeira. Um apito de impedimento equivocado não deixa segunda chance para um contra-ataque.

Agora as principais ligais europeias se decidiram a favor do vídeo-assistente, certamente por bons motivos. Mesmo assim, continua não havendo justiça absoluta: as zonas cinzentas perduram, só se deslocam um pouco. Mesmo depois de eliminadas as imperfeições técnicas iniciais, isso forçosamente vai gerar descontentamento, entre torcedores, jogadores, treinadores e cartolas. E, não menos, entre os próprios árbitros.

O que não se deve esquecer é que o futebol é um esporte de gente, com gente, para gente. E gente comete erros, isso faz parte do jogo. Nenhum assistente de vídeo vai mudar tal fato: essa figura é perfeitamente supérflua.

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