Guerra das palavras
18 de outubro de 2007Anúncio
Nem cinco anos se passaram desde que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, resolveu garantir seu lugar nos livros de História, ao anunciar que repetiria, no Oriente Médio, aquilo que os Aliados obtiveram, sob liderança norte-americana, durante a Segunda Guerra Mundial na Europa: com a derrubada de um ditador, libertar o Iraque, e, com ele, o restante da região, abrindo caminho para a democracia e a liberdade.
Dia após dia, o mundo pode observar o que restou deste sonho: o Iraque não está livre nem se tornou democrático; nenhum outro regime da região se declarou adepto desses ideais e os EUA, com a sobriedade reavida, tudo fariam para encontrar uma saída honrosa para o campo minado que se tornou o país.
Terceira Guerra Mundial?
Bush parece ser um dos poucos que seguem seu caminho sem hesitar, alardeando agora com a idéia de que o Irã deve ser impedido de obter armas atômicas, sob risco de eclosão de uma Terceira Guerra Mundial. Embora ao mesmo tempo tenha dito que continuará fazendo qualquer esforço político para convencer Teerã a desistir de seus planos, ninguém mais acredita nisso.
Bush é a força-motriz por trás da campanha internacional movida contra a política nuclear iraniana, sendo que, nos últimos anos, advertira clara e freqüentemente que almeja a troca de regime no Irã e que, para tanto, estaria disposto a partir para o uso de armas, se necessário, pois os iranianos teriam de ser detidos a qualquer custo.
Só as provas de suas acusações contra Teerã é que Bush continua devendo. Pois tais provas não existem, apenas a suspeita de que o domínio do conhecimento do ciclo nuclear poderia possibilitar e estimular o Irã a utilizar tal conhecimento não apenas para a obtenção de energia, mas também para a construção de armas atômicas.
Reação a Putin?
Com um fundamento tão fraco, não se deveria lançar uma campanha política, ainda mais uma capaz de levar a uma guerra. Mas o presidente não se deixa incomodar por isso, pois está muito convencido de que seu curso é certo. E não está sozinho: nenhum político norte-americano interessado em se candidatar à sucessão de Bush perde a oportunidade de advertir contra o Irã e prometer que impedirá o armamento nuclear de Teerã.
Tais declarações são feitas especialmente diante de organizações judaicas, sendo que o próprio Bush já deixou claro o que está em jogo: ele vê no Irã um inimigo mortal de Israel, um país que quer destruir o Estado israelense e deve ser impedido de fazer isso.
Com suas estimativas, Bush vai muito além até dos mais experientes militares norte-americanos: apesar da pesada retórica antiisraelense, Teerã não representa nenhuma ameaça séria para Israel e – como disse recentemente o general John Abizaid, comandante-chefe das tropas norte-americanas no Oriente Médio – o mundo poderia sobreviver mesmo se o Irã tivesse armas nucleares.
O fato de Bush já falar em uma Terceira Guerra Mundial se deve também ao presidente russo, Vladimir Putin, que acaba de garantir ao Irã seu direito de utilizar a energia atômica com fins pacíficos. O que não combina mesmo com os planos de Bush.
Peter Philipp é chefe da equipe de correspondentes da Deutsche Welle e especialista em Oriente Médio.
Dia após dia, o mundo pode observar o que restou deste sonho: o Iraque não está livre nem se tornou democrático; nenhum outro regime da região se declarou adepto desses ideais e os EUA, com a sobriedade reavida, tudo fariam para encontrar uma saída honrosa para o campo minado que se tornou o país.
Terceira Guerra Mundial?
Bush parece ser um dos poucos que seguem seu caminho sem hesitar, alardeando agora com a idéia de que o Irã deve ser impedido de obter armas atômicas, sob risco de eclosão de uma Terceira Guerra Mundial. Embora ao mesmo tempo tenha dito que continuará fazendo qualquer esforço político para convencer Teerã a desistir de seus planos, ninguém mais acredita nisso.
Bush é a força-motriz por trás da campanha internacional movida contra a política nuclear iraniana, sendo que, nos últimos anos, advertira clara e freqüentemente que almeja a troca de regime no Irã e que, para tanto, estaria disposto a partir para o uso de armas, se necessário, pois os iranianos teriam de ser detidos a qualquer custo.
Só as provas de suas acusações contra Teerã é que Bush continua devendo. Pois tais provas não existem, apenas a suspeita de que o domínio do conhecimento do ciclo nuclear poderia possibilitar e estimular o Irã a utilizar tal conhecimento não apenas para a obtenção de energia, mas também para a construção de armas atômicas.
Reação a Putin?
Com um fundamento tão fraco, não se deveria lançar uma campanha política, ainda mais uma capaz de levar a uma guerra. Mas o presidente não se deixa incomodar por isso, pois está muito convencido de que seu curso é certo. E não está sozinho: nenhum político norte-americano interessado em se candidatar à sucessão de Bush perde a oportunidade de advertir contra o Irã e prometer que impedirá o armamento nuclear de Teerã.
Tais declarações são feitas especialmente diante de organizações judaicas, sendo que o próprio Bush já deixou claro o que está em jogo: ele vê no Irã um inimigo mortal de Israel, um país que quer destruir o Estado israelense e deve ser impedido de fazer isso.
Com suas estimativas, Bush vai muito além até dos mais experientes militares norte-americanos: apesar da pesada retórica antiisraelense, Teerã não representa nenhuma ameaça séria para Israel e – como disse recentemente o general John Abizaid, comandante-chefe das tropas norte-americanas no Oriente Médio – o mundo poderia sobreviver mesmo se o Irã tivesse armas nucleares.
O fato de Bush já falar em uma Terceira Guerra Mundial se deve também ao presidente russo, Vladimir Putin, que acaba de garantir ao Irã seu direito de utilizar a energia atômica com fins pacíficos. O que não combina mesmo com os planos de Bush.
Peter Philipp é chefe da equipe de correspondentes da Deutsche Welle e especialista em Oriente Médio.
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