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Davos não é um clube exclusivo

20 de janeiro de 2020

Pitoresca Davos é visitada principalmente por turistas ricos. Uma vez por ano, lá acontece o Fórum Econômico Mundial. No entanto, há muito que a elite mundial não se reúne somente entre si, diz Manuela Kasper-Claridge.

Montanhas de Davos refletem situação mundial, diz editora-chefe da DW, Manuela Kasper-ClaridgeFoto: Reuters/D. Balibouse

É tão fácil criticar o Fórum Econômico Mundial (FEM). Um jornal relata que 3 mil pessoas de todo o mundo estão sendo esperadas no encontro deste ano em Davos, incluindo 116 bilionários. Entre os participantes, estão muitos CEOs de empresas multinacionais e famosos "devoradores" como a operadora de ativos e gestão de riscos Blackrock.

Chefes de estado como o presidente dos EUA, Donald Trump, e chefes de governo como a chanceler federal alemã, Angela Merkel, ou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, também confirmaram presença.

Mais uma vez, a elite está entre si e fala sobre problemas sobre os quais nada entende. Essas conversas serão regadas, provavelmente, a muito champanhe. Essa é uma imagem frequentemente desenhada do FEM e, no entanto, está errada. Sim, existe champanhe e não posso descartar um ou outro excesso, mas a maioria dos que vêm ao Fórum Econômico Mundial em Davos trabalha duro e intensamente.

Ali se dispõem a conversar pessoas que, em outras ocasiões, evitariam deliberadamente cruzar o caminho. Muitos estão tão ocupados com seus próprios problemas no cotidiano de suas empresas ou governos que nem percebem o que está acontecendo em outros lugares.

Em Davos, é diferente. Desigualdade social, mudanças climáticas, um novo e talvez mais justo capitalismo, essas são as questões que estão sendo discutidas. Trata-se também de tecnologias para redução da pobreza ou questões de menos interesse público, como depressão ou solidão.

Ali os refugiados sentam-se junto a CEOs e representantes governamentais nos plenários, tendo que conversar e ouvir um ao outro. E quem sabe que os representantes mais importantes das ONGs estão ali, além de importantes ativistas ambientais e adolescentes que discutem seus projetos com os CEOs das empresas.

Só se pode parabenizar o fundador do Fórum Econômico Mundial (WEF), Klaus Schwab, por essa plataforma única, mesmo que a princípio haja apenas conversas e pouca ação.

E esse é o verdadeiro problema: Quando é que algo vai acontecer de verdade, quando vocês vão implementar o que vocês discutiram e anunciaram na invernosa Davos?, perguntam muitos com razão.

"Nossa casa está pegando fogo", disse a ativista climática Greta Thunberg no Fórum Econômico Mundial no ano passado. Neste ano, ela está novamente em Davos e quer enfatizar suas demandas. Ela está acampando a 1.800 metros de altitude nas montanhas de Davos, junto a cientistas que querem chamar a atenção para as mudanças climáticas no Ártico.

Junto a muitos outros, Greta Thunberg está usando este fórum para apontar problemas e o "grande negócio" está sentindo o vento contrário. Declarações de intenção esvaziadas não são mais suficientes. A pura maximização do lucro como objetivo corporativo não é sustentável nem sensata. A crescente desigualdade deve ser combatida.

A situação mundial se reflete nas montanhas de Davos nestes dias. E é por isso que o intercâmbio e a discussão aberta entre todos os participantes do Fórum Econômico Mundial são importantes. Assim como a pressão daqueles que não fazem parte da chamada elite.

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