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Democratas devem se unir contra o extremismo

Portrait Prof. Dr. Dr. Alexander Görlach
Alexander Görlach
19 de fevereiro de 2020

Na lamentável eleição no Leste alemão, partidos democráticos deixaram a AfD jogá-los uns contra os outros, para alegria dos extremistas. Quem perde com isso é a democracia, opina o jornalista Alexander Görlach.

Björn Höcke durante polêmica eleição na Turíngia: AfD se alegra após manobra que chocou o paísFoto: Reuters/H. Hanschke

Os meios políticos alemães tiveram que enfrentar uma grande onda de choque nas últimas duas semanas: com a ajuda do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), um candidato do Partido Liberal Democrático (FDP) foi eleito governador na Turíngia. Um procedimento monstruoso, que levou a duas renúncias na União Democrata Cristã (CDU), inclusive a presidente do partido, Annegret Kramp-Karrrenbauer. A liderança do FDP pediu desculpas a seus eleitores, e seu presidente foi reconfirmado no cargo num voto de confiança.

No centro das atenções esteve inicialmente a manobra da bancada da AfD, que não deu nenhum voto a seu próprio candidato e votou em peso no liberal, o que lhe permitiu apresentar-se como um partido normal de centro, e ao mesmo tempo desacreditar a CDU e o FDP como partidos normais de centro. Mas o principal feito de Björn Höcke, líder da AfD na Turíngia – um político que pode legalmente ser chamado de fascista – foi ter jogado os partidos democráticos uns contra os outros.

O Partido Social-Democrata (SPD), por exemplo, declarou que tudo o que está à sua direita não é mais democrático. Os social-democratas, que têm menos de 10% nas pesquisas de intenção de voto, tentam, assim, lucrar com a jogada da extrema direita. Nos verdes também é reconhecível a tendência de colar um estigma nazista na rival FDP, através do slogan "Nunca mais!" e assim desacreditá-la como legenda democrática.

E é justamente esse "Nunca mais!", uma lição tirada da catástrofe alemã de 1933 a 1945, que sempre uniu todos os democratas contra a extrema direita no país. O professor de Harvard Daniel Ziblatt, famoso internacionalmente pelo livro Como morrem as democracias, atestou que, na sequência da devastadora eleição na Turíngia, a sociedade alemã articulou com clareza sua rejeição ao extremismo de direita racista.

Tanto pior, portanto, quando líderes de siglas democráticas acusam seus concorrentes políticos de não estarem mais do lado da Constituição. Esse tipo de comportamento divide primeiro os partidos, e depois a sociedade. A AfD se alegra: ficando mais forte quando os democratas deixam de dialogar.

Um objetivo por trás desse acirramento da esquerda alemã pode ser preparar uma coalizão entre A Esquerda (sucessora do partido comunista da Alemanha Oriental, o SED), a social-democracia e os verdes, no plano federal. Pois a Alemanha vai eleger um novo parlamento federal em 2021, o mais tardar, selando o fim do governo de centro da chanceler federal Angela Merkel, que lidera desde 2005.

Setores do A Esquerda também são monitorados pelo serviço secreto interno, que na Alemanha verifica se uma agremiação ou pessoa oferece riscos ao sistema democrático, e justamente na Turíngia há setores da legenda que já existiam nos tempos da Alemanha Oriental. Eles não estão dispostos a denunciar a ditadura do SED e a RDA (Alemanha Oriental) como o Estado de ausência de direito que sem dúvida era.

A direita radical e a extrema esquerda já têm mais da metade dos mandatos em alguns parlamentos estaduais da Alemanha. Isso torna ainda mais urgente a necessidade de as siglas do centro trabalharem juntas, em vez de se destruírem mutuamente.

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