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Opinião: Finalmente, Deniz Yücel está livre

16 de fevereiro de 2018

A libertação do jornalista turco é um ato tão político quanto foi sua prisão, há cerca de um ano. Não se trata de nenhuma vitória do Estado de Direito, mas da diplomacia, opina Jens Thurau.

Berlin Demonstranten fordern Frelassung von Deniz Yücel
Milhares de pessoas se manifestaram em prol de Deniz YücelFoto: Imago/Seeliger

Nos últimos dias, já havia indicações: notava-se uma agitação diplomática entre Ancara e Berlim; soube-se de diversas conversas diretas, por exemplo, entre o ministro do Exterior alemão, Sigmar Gabriel, e o ministro do Exterior turco, Mevlüt Cavosoglu. E, como foi noticiado agora, até mesmo diretamente com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, nos últimos dez dias.

O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, esteve nesta quinta-feira (15/02) em Berlim, onde se encontrou com a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e disse em entrevista à TV que desejava a libertação do jornalista alemão de origem turca Deniz Yücel.

Essa é uma afirmação para deixar alguém sem palavras: pois foi o governo turco que prendeu, arbitrariamente, o correspondente um ano atrás, mantendo-o aprisionado sem uma acusação formal desde então.

Jornalista da DW Jens Thurau

Mas, primeiramente, é claro, reina a alegria. Durante todo um ano, milhares de colegas, amigos e parentes se engajaram por Deniz Yücel, que pôde agora deixar o cárcere. Enquanto a Promotoria pedia uma pena de 18 anos de prisão, o fato de a Justiça tê-lo libertado é sinal de algo bem diferente. Tomara.

Obviamente, a razão para tal não está no fato de Erdogan ter passado a agir com mais prudência, desejando respeitar os direitos humanos no futuro. E, certamente, não se trata de nenhuma vitória do Estado de Direito: a libertação de Deniz Yücel é um ato tão político quanto foi sua prisão há cerca de um ano.

Não, o motivo está, antes, no fato de a Turquia ter reconhecido que, nos últimos meses, deu início a uma série de conflitos. Com Berlim devido às prisões de cidadãos alemães, devido às nefastas comparações nazistas por parte do presidente turco. E com muitos países europeus por problemas semelhantes, com os EUA, parceiro da Turquia na Otan, devido aos ataques contra os curdos na Síria.

A prisão de Deniz Yücel por apoiar o terrorismo era o maior ponto de discórdia na relação turco-alemã, e parece que isso agora foi afastado. Mas é preciso lembrar que ainda existem vários cidadãos alemães atrás das grades na Turquia, a maioria deles sob acusações ilegítimas.

Talvez a mensagem mais importante, além da liberdade para o inocente Deniz Yücel, seja a seguinte: o poder do imprevisível autocrata Erdogan tem realmente limites, pelo menos em relação a países estrangeiros. Por isso, seria importante que principalmente o governo alemão – o atual interino e, sobretudo, o que está por vir – não volte, simplesmente, à ordem do dia em relação a Ancara. Quase tudo mudou desde o fracassado golpe contra Erdogan em meados de 2016.

No entanto, a libertação do jornalista também é um sucesso da diplomacia do Ministério das Relações Exteriores em Berlim e de seu chefe, Sigmar Gabriel, que em sua legenda, o Partido Social-Democrata (SPD), não desfruta mais o apreço de quase ninguém e, portanto, tem pouca chance de permanecer no cargo mais alto da diplomacia alemã numa nova grande coalizão de governo.

Ao menos, até agora. Pois, com o trunfo de ter contribuído para a libertação de Yücel, as suas chances de permanecer no cargo aumentam, é claro, consideravelmente.

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