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Guerra na Ucrânia diz respeito a todos nós

23 de fevereiro de 2023

Há um ano se desenrola uma agressão brutal no meio da Europa. Somente o trabalho de jornalistas traz à tona o sofrimento dos ucranianos, opina a chefe de redação da DW, Manuela Kasper-Claridge.

Há meses ucranianos resistem em BakhmutFoto: Marek M. Berezowski/AA/picture alliance

A neve está manchada de sangue em Bakhmut. Há meses, as tropas russas tentam tomar a pequena cidade no leste da Ucrânia. Eles atacam de vários fronts com o apoio dos mercenários brutais do Grupo Wagner. Casas e ruas são bombardeadas impiedosamente, sem qualquer consideração por vítimas civis.

Antes da agressão russa, Bakhmut tinha cerca de 70 mil habitantes. Ninguém sabe quantos ainda estão lá. Mas aqueles que permaneceram não desistem. Com o apoio de tropas ucranianas, eles lutam pela liberdade. Eles não querem deixar Bakhmut para o inimigo. A pequena cidade é um símbolo de resistência e da coragem do desespero de ucranianos.

Horror em todas as cidades

Bakhmut diz respeito a todos nós. Não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo em solo europeu. Assassinatos, tortura, estupros. A guerra não é abstrata. Na guerra, há mortes. Civis se tornam vítimas. Em Bakhmut, Bucha, Irpin ou Mariupol.

Nós, jornalistas, temos o dever de documentar esses horrores. Ao fazê-lo, precisamos decidir com zelo que imagens mostramos. A realidade brutal não deve ser atenuada. Ao mesmo tempo, precisamos resguardar a dignidade dos afetados. E também noticiar, é claro, sobre como a população civil nas regiões de conflito consegue superar os constantes bombardeios. E com uma vida, na qual nada é mais como antes. Uma vida que, no entanto, tem momentos de alegria e força.

Desmascarar informações falsas

O que é real e o que é mentira? Nem sempre é fácil descobrir. Ainda mais quando se trata de uma guerra. Nossos jornalistas que estão na Ucrânia não tem somente um dos trabalhos mais perigosos, mas também precisam analisar imagens e vídeos com sua redação, falar com testemunhas, verificar fatos, fornecer contextos e desmascarar informações falsas. E diariamente correm risco de ser tornarem vítimas desta guerra. Seu trabalho não pode ser suficientemente valorizado. Esse jornalismo independente causa medo em ditadores.

Por isso, a propaganda do presidente russo, Vladimir Putin, tenta com todos meios desinformar, impedir a divulgação da verdade sobre a agressão russa. Nem o mundo e nem a sua população deve descobrir o que realmente acontece na Ucrânia: quantas vítimas civis a guerra já custou, ou quão grandes são as perdas do exército russo. Há mentira, falsificações e silêncio sobre o que não cabe na propaganda.

A luta pela verdade

É árduo se impor contra os trolls russos. E dirigir a atenção ao que realmente ocorre. Mas cada esforço vale a pena, pois a verdade precisa aparecer. Muitos jornalistas da DW e também de colegas de outros veículos arriscam muito para isso. E eles recebem o apoio da população ucraniana, que quer que o mundo sabia os sacríficos que a invasão russa custou ao seu país e como eles se defendem. Que há uma resistência ativa contra as tropas russas nas regiões ocupadas da Ucrânia. Ou os crimes de guerra brutais cometidos pelos agressores. São informações que não aparecem na imprensa russa controlada pelo Estado.

Essa guerra é também uma luta pela verdade e pela soberania interpretativa. Um ano de invasão russa na Ucrânia significa para muitos ucranianos uma dramática luta pela defesa e liberdade do seu país. Uma luta que merece o apoio de todos os europeus.

Nós, jornalistas, fornecemos informações livres e independentes. Essa é nossa tarefa. Nós esclarecemos e fornecemos o contexto, além de sermos transparentes no trato com as nossas fontes para que todo o público possa formar sua própria opinião sobre a situação em Bakhmut e em toda a Ucrânia. E sobre o que é verdade e o que é propaganda pura.

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