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Hoje é impossível dizer o que virá após Merkel

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Felix Steiner
28 de agosto de 2021

A um mês das eleições alemãs, o cenário é imprevisível. A verdade é que grande parte do eleitorado preferiria não ver nenhum dos atuais candidatos no governo, opina Felix Steiner.

O social-democrata Olaf Scholz: seu partido aparece atualmente à frente nas pesquisasFoto: Florian Gaertner/photothek/imago images

É um quadro contraditório: de um lado, a campanha eleitoral alemã avança de forma entendiante, com quase nenhum debate quente, nenhuma polarização real entre campos políticos; de outro, porém, configura-se um cenário emocionante, com as pesquisas mostrando que hoje é imprevisível dizer quem sucederá a Angela Merkel no governo alemão.

A chanceler em exercício não está concorrendo à reeleição – algo que nunca aconteceu antes na história da República Federal. Mas isso por si só não explica a corrida completamente aberta. Ela lembra as eleições presidenciais americanas do ano passado: uma grande parte do eleitorado não concorda com os principais candidatos e preferiria não ver nenhum deles no governo.

Aos poucos, fica complicado

A CDU/CSU, partido de Merkel que tem Armin Laschet como candidato, e o Partido Verde, da candidata Annalena Baerbock, estão em constante declínio nas pesquisas há semanas. O social-democrata Olaf Scholz, por outro lado, que há não muito tempo aparecia quase sem chances, acabou se tornando a surpresa do verão alemão. Ele e seu partido aparecem agora em primeiro nas pesquisas, algo que não acontecia há 15 anos.

Mas como mesmo esses três partidos, que são atualmente os mais fortes, estão apenas próximos da marca de 20%, provavelmente não haverá bancada parlamentar suficiente para nenhuma das coalizões bipartidárias ocorridas nos últimos 25 anos.

A tradicional "grande coalizão", entre conservadores da CDU e os social-democrata do SPD, há muito deixou de ser grande. Ou seja: vai ser complicado. Politicamente, um total de quatro coalizões tripartidárias são concebíveis - e nenhuma delas seria um casamento por amor.

A formação de um governo há quatro anos foi como uma prévia: a CDU, os verdes e os liberais negociaram durante semanas e fracassaram no final. E assim pode muito bem acontecer que aqueles que previram no último Ano Novo que Merkel faria também um 17º discurso de Ano Novo estavam certos. Não porque ela reverteria sua tão anunciada aposentadoria da política, mas porque, sem um sucessor eleito, ela ainda teria que ficar no cargo como chanceler em exercício.

Coalizão frágil, chanceler fraco

Os alemães, mesmo assim, conseguem tocar sua vida - o país consegue funcionar bem sem um governo por alguns meses: polícia, tribunais, repartições, escolas e universidades ainda fazem seu trabalho, funcionários públicos, aposentados e outros dependentes de benefícios continuam a receber seu dinheiro. Em todo caso, tal situação não é comparável a uma paralisação nos EUA. A UE seria sem dúvida a que mais sofreria, pois sem uma Alemanha capaz de agir, normalmente pouco acontece.

Muito mais decisivo é que não importa que coalizão governará a Alemanha - será um governo frágil. E o líder terá que estar em casa para manter a união. Mas os Putins, os Erdogans, os Xi Jinpings e também os Bidens deste mundo têm plena noção disso também. E eles vão fazer a Alemanha notar isso. São ruins as perspectivas de que a Alemanha terá um chanceler forte e influente internacionalmente após Angela Merkel.

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Felix Steiner é jornalista da DW. O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.