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FutebolReino Unido

Inglesas fazem história goleando Noruega na Euro 2022

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Matt Pearson
12 de julho de 2022

A vitória por 8 a 0 encantou os torcedores britânicos e serviu para convencer os mais céticos quanto à força do futebol feminino, opina o jornalista da DW Matt Pearson.

Goleada não foi sobre um time qualquer, mas sobre uma seleção que tem dois títulos europeus a mais que as inglesasFoto: ADRIAN DENNIS/AFP

Começou como muitos jogos da fase de grupo. Com cautela, hesitante, tentando se adaptar à pressão do início da competição. Um pouco como no jogo de abertura de quarta-feira à noite, na verdade.

Então, de repente, um pênalti leve sofrido por Ellen White e cobrado com empolgação por Georgia Stanway deu início a algo que eu nunca experimentei em décadas assistindo a Inglaterra; uma demolição total, pura e sublime de um time considerado entre os favoritos do torneio. Além da qualificação para as quartas de final.

Foi incisivo, simples e sublime. Beth Mead, Fran Kirby e Lauren Hemp se moviam com rapidez, deixando um rastro de defensoras atacando os espaços recentemente desocupados por suas sombras. Ellen White fazia desarmes, ganhava todas as bolas altas e dava a sensação de que toda vez que se movia, marcaria um gol.

Menos de meia hora após Stanway abrir o placar, White fez o sexto do time com seu segundo gol na partida. Mead também fez dois, enquanto Hemp também fez o dela. A Noruega tinha sorte, eram apenas seis. E aqueles mais atentos à história devem ter lembrado da maior derrota da história da Inglaterra, 8 a 0 para a Noruega em 2001.

Enquanto a multidão no estádio Amex lotado cantava Football's Coming Home, uma música lançada para a Eurocopa masculina em 1996, ficava evidente que a história estava sendo feita aqui. A Inglaterra é o primeiro time a marcar oito gols neste torneio.

Tons de Euro 96

Se alguém me perguntasse antes qual jogo da Inglaterra foi o mais impressionante a que eu já assisti, eu teria dito a vitória por 4 a 1 sobre a Holanda na Euro 96. Foi em casa, a reputação do futebol inglês estava mudando para melhor e, assistindo na minha casa de infância a poucos quilômetros de Brighton, parecia que algo havia mudado.

Desta vez, tive a sorte de estar no estádio, cobrindo aquele jogo. Parecia surreal que fosse tão convincente, que fosse em Brighton e até mesmo que o estádio, e meu telefone, estivessem vibrando com pessoas totalmente cativadas por uma partida feminina.

Isso seria impensável para mim e para o resto do país em 1996, mas não é agora. Há uma sensação de que, se este torneio realmente deve ter o legado desejado por seus organizadores, então os anfitriões precisam performar a contento. Há alguma verdade nisso. E elas estão fazendo a sua parte.

Essa exibição, coroada por uma cabeceada no segundo tempo de Alessia Russo e o terceiro de Mead, oitavo do time inglês, chamou a atenção até mesmo para quem via a partida com interesse passageiro. Foi uma forjada pelas ex-integrantes da seleção inglesa agora sentadas nos camarotes da imprensa, as pioneiras retratadas na exposição do museu no centro da cidade, os torcedores que assistiam em 2001 e os incontáveis milhares que trabalharam em segundo plano para levar o esporte a esse ponto.

Partida com significado

Em suma, foi tão sísmico como sensacional. O tipo de jogo para conquistar aqueles ainda em cima do muro.

Apesar de todo o progresso claro que já demonstrado neste torneio, ainda há muito o que fazer. A vitória da Inglaterra por 20 x 0 sobre a Letônia em novembro passado foi um dos vários resultados unilaterais que evidenciam a desigualdade de um esporte que ainda se desenvolve após proibições, tratamento desigual e chauvinismo.

Mas, não se engane, essa não foi uma vitória contra um time qualquer e sim sobre uma equipe liderada por Ada Hegerberg, que tem dois títulos europeus a mais que a Inglaterra.

Essa contagem de títulos pode mudar em 31 de julho. Mas a final está muito longe. Quando o apito soou, quase 30 mil torcedores explodiram de alegria pela nona vez naquela noite quente de verão. Para aqueles como eu, cujos anos de formação foram passados assistindo ao futebol masculino, o tom é diferente, embora não menos potente. Significa exatamente o mesmo. E veio para ficar.

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Matt Pearson é jornalista da DW. O texto reflete a opinião pessoal do autor, não necessariamente da DW.

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