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Opinião: Iniciativa de paz de Merkel merece respeito

Michael Knigge (ca)7 de fevereiro de 2015

Apesar das incertas perspectivas de sucesso, a iniciativa da chanceler federal alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, François Hollande, no conflito da Ucrânia está correta, diz articulista da DW Michael Knigge.

Deutsche Welle Michael Knigge
Articulista da DW Michael KniggeFoto: DW/P. Henriksen

Apesar das incertas perspectivas de sucesso, a iniciativa da chanceler federal alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, François Hollande, no conflito da Ucrânia está correta, diz articulista da DW Michael Knigge.

A missão de última hora que levou nos últimos dias a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, primeiramente a Kiev e depois a Moscou mostra quão dramática é a situação na Ucrânia. Recentemente, os separatistas apoiados pela Rússia não somente ganharam terreno, como também assumiram claramente a superioridade militar.

O fato de supostos separatistas desorganizados poderem afetar seriamente um país da dimensão da Ucrânia fala por si: a Rússia apoia os separatistas com todos os meios disponíveis. Atualmente, ninguém mais duvida seriamente disso.

Devido a esse desequilíbrio militar, o Exército ucraniano corre o risco de perder ainda mais terreno, o que – caso venha a continuar – põe em risco a integridade da Ucrânia a longo prazo. Para evitar isso, aumentam as exigências, principalmente nos EUA, com vista ao fornecimento de armas à Ucrânia. Somente assim, argumentam os defensores da ideia, é possível conter o presidente russo, Vladimir Putin, e evitar uma divisão de fato da Ucrânia.

Até agora, o presidente americano, Barack Obama, não se posicionou claramente sobre a questão. Mas está claro que Washington não descarta mais nenhuma opção, mesmo que se continue a ressaltar que o conflito, em última instância, só pode ser resolvido diplomaticamente.

É justamente aqui onde entra a chanceler federal alemã. Ela concorda com a avaliação dos EUA de que, no conflito com os separatistas, a Ucrânia está em posição irremediavelmente inferior. Na sessão de perguntas e respostas após o seu discurso na Conferência sobre Segurança de Munique, neste sábado (07/02), Merkel deu provas disso de forma impressionante. Ao mesmo tempo, Merkel não acredita que este desequilíbrio possa ser eliminado por meio de fornecimentos de armas à Ucrânia.

Fornecer ainda mais armamentos para regiões em crise não vai melhorar a situação, mas somente acirrá-la. A chanceler federal está convencida: o conflito só pode ser resolvido através de negociações.

Infelizmente, fora da Europa, Merkel está cada vez mais isolada com essa visão. Até agora, a partir de sua posição de força militar, o presidente russo Putin tem mostrado claramente com suas ações o que ele pensa das tentativas de negociação: nada. Mesmo duras sanções e um dramático declínio do rublo não conseguiram fazer com que Putin cedesse. Isso foi notado atentamente nos EUA e levou à atual mudança de estratégia ali registrada. A conclusão é que Putin não reage a negociações. Para muitos em Washington, a única possibilidade de forçá-lo a repensar a sua posição está no fornecimento de armas à Ucrânia.

Aqui também Merkel concorda com a primeira parte da análise americana. Ela não esconde o fato de que, até agora, Putin ignorou todos os resultados das negociações. Pelo contrário: Merkel admite isso claramente. E, da mesma forma, ela também admite não existir nenhuma garantia de que os esforços de negociações, dela e de François Hollande, levem a algum resultado significativo e que, desta vez, Putin vai considerá-los.

O senador americano John McCain acusou o governo alemão de não fazer a menor ideia da situação ou não se importar com a matança de pessoas na Ucrânia. Uma crítica clara à missão de Merkel não é só algo legítimo, mas também lógico. As acusações de McCain, no entanto, vão muito além do nível aceitável de crítica. Assim, o senador se desacredita a si próprio, mesmo que ganhe pontos dentro dos EUA.

No conflito da Ucrânia, o Ocidente se encontra numa situação paradoxal. Se nada acontecer, o avanço dos separatistas vai continuar. Se o Ocidente fornecer armas, paira a ameaça de uma escalada da violência, algo que o americano comandante em chefe das forças da Otan na Europa já deixou bem claro. O resultado é incerto.

A missão de Merkel é uma tentativa desesperada de encontrar uma saída para essa situação. O objetivo é evitar um desvio aparentemente inexorável rumo a uma guerra aberta, por meio de uma solução negociada. A arriscada manobra de última hora de Merkel merece respeito. Porque o tempo está passando. A época de uma "guerra total", como o presidente francês Hollande expressou recentemente, poderia vir em breve.

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