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EsporteGlobal

Copa do Mundo escancara injustiças do VAR

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Matt Pearson
1 de dezembro de 2022

No final, teve pouca consequência, pois Argentina e Polônia avançaram ao mata-mata. Mas um pênalti concedido a Lionel Messi foi outro lembrete de que o VAR não é justo e não está funcionando, opina Matt Pearson.

O treinador argentino Liones Scaloni protesta de forma veemente no lance que culminou na marcação de pênaltiFoto: picture alliance/dpa

Na longa lista de equívocos atrelados a esta Copa do Mundo, os pênaltis duvidosos estão entre os menores dos problemas. Mas, em termos puramente esportivos, algumas das decisões tomadas pelo Árbitro Assistente de Vídeo (VAR, na sigla em inglês) têm sido uma farsa.

Na quarta-feira, a Polônia lutava para manter um empate sem gols contra a Argentina no primeiro tempo. O goleiro polonês Wojciech Szczesny tinha acabado de realizar outra defesa brilhante e saltou para cortar um cruzamento no segundo poste. Na descida, acabou por roçar o rosto de Lionel Messi com a mão esquerda – a bola já estava perdida e a ação não interferiu no desfecho da jogada.

Momentos depois, o goleiro polonês exibiu um sorriso desgostoso quando o árbitro Danny Makkelie, que inicialmente não enxergou nenhum problema com o contato, voltou do monitor do VAR para reverter sua decisão. Fora os barulhentos argentinos nas arquibancadas e no campo, quase ninguém avaliou o lance como passível de grande penalidade.

Decisões subjetivas são problemáticas

O mesmo ocorreu na segunda-feira, quando foi assinalada uma penalidade absurda para Portugal já nos acréscimos contra a seleção do Uruguai – o toque de mão na bola do zagueiro uruguaio José María Giménez foi interpretado como violação das regras do jogo.  

Embora o VAR semiautomático tenha apresentado uma melhoria na eficiência nas marcações de impedimento, as decisões subjetivas bizarras são difíceis de engolir.

O ponto em questão não é que Szczesny defendeu o pênalti de Messi ou que Argentina e Polônia avançaram na competição após a vitória dos sul-americanos por 2 a 0. A questão é que este – e um punhado de outras decisões – não são aqueles erros claros e óbvios nos quais o VAR deveria intervir e ajudar os árbitros na revogação de suas decisões em campo.

Os impedimentos são mensuráveis e, em termos gerais, objetivos. Faltas e toques de mão na bola, não. Portanto, pode haver aqui um argumento para manter aquilo que funciona e descartar a parte que não tem funcionado.

Mas, realisticamente, estamos presos a esse sistema falho operado por humanos que cometem erros humanos. A Fifa e as maiores e mais lucrativas ligas do mundo aderiram ao VAR e parece que está fora de questão se o sistema funciona ou não.

O goleiro polonês Wojciech Szczesny defende a cobrança de Lionel Messi. Mas será que o pênalti deveria ter sido marcado?Foto: picture alliance/dpa

Quem ganha com o VAR?

É muito difícil enxergar quem, além dos beneficiários de momento, ganha com isso do jeito que está. Os árbitros de campo são obrigados a se debruçar sobre decisões à luz distorcida de replays em câmera lenta, os jogadores não têm ideia de como defender com segurança, os treinadores ainda estão insatisfeitos com a desejada consistência da arbitragem, e os torcedores muitas vezes não fazem ideia do que está acontecendo.    

Aqueles que defendem o VAR sugerem que ele elimina erros terríveis e permite uma tomada de decisão mais racional. Mas esses dois pênaltis e vários outros, incluindo o marcado para o Irã contra a Inglaterra e os não assinalados para o Canadá contra a Bélgica, são confusos, mal explicados e injustos. Algumas destas decisões estão, de fato, criando erros, não os eliminando.

Somado a isso, em alguns momentos de uma partida, como em escanteios, por exemplo, sempre há bastante contato entre os jogadores. E esses contatos parecem piores do que são vistos em câmera lenta e de vários ângulos.

O Canadá está eliminado e o Uruguai pode deixar o Mundial nesta sexta-feira. Talvez o canadense Alphonso Davies tivesse falhado na marca da cal pela segunda vez na partida e talvez o Uruguai tivesse conseguido um empate injusto no final da partida contra Portugal. Mas se o VAR não está tomando decisões melhores do que os próprios árbitros em campo, então qual é o ponto?

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Matt Pearson é jornalista da DW. O texto reflete a opinião pessoal do autor, não necessariamente a da DW.