Há mais de cinco anos, vinha sendo discutida de forma controversa a lei Estado-nação, projeto da direita de Israel. Agora, o Knesset aprovou surpreendentemente a controversa lei, que tem estatuto constitucional, de forma rápida, antes das férias de verão, mesmo que apenas por uma margem estreita. O texto define Israel como o Estado do povo judeu e inclui disposições que discriminam todas as minorias não judias.
Primeiro, chama a atenção que a direita israelense do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tenha forçado esta nova autodeterminação do Estado de Israel sem criar um amplo consenso para isso. A lei dá continuidade, assim, à lista de decisões fundamentais – como o Brexit e a nova Constituição turca –, tomadas após uma maioria apertada ter prevalecido sobre uma forte minoria. A lei dividiu o povo judeu; na diáspora, a oposição era ainda maior do que na própria Israel.
Mas os colonos nacionalistas-religiosos e os partidos ultraortodoxos não deixam barato, moldando, depois da sociedade, até mesmo o Estado da forma que lhes convém. O ambiente internacional os encoraja. Pois na Casa Branca está Donald Trump, um presidente americano que simpatiza com a direita israelense.
Na Europa, e em cada vez mais países, políticos e partidos que prestam homenagem ao nacionalismo étnico dão o tom. Foi provavelmente uma coincidência, mas uma de valor simbólico, que justamente o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, estivesse visitando Israel no momento da aprovação da lei.
No mundo árabe, que está ocupado consigo mesmo e com seus conflitos, a sorte dos palestinos não tem mais a urgência como após a fundação do Estado de Israel, que levou à expulsão de centenas de milhares de palestinos. E, aliás, a Declaração de Independência do Estado de Israel estabeleceu padrões dando ênfase à democracia e à igualdade de todos os cidadãos – independentemente de sua religião e origem.
Mas os conceitos de democracia e igualdade não aparecem mais na lei Estado-nação. Em vez disso, as minorias não judias têm negado seu direito de autodeterminação, a língua árabe é rebaixada, a formação de assentamentos puramente judaicos é considerada interesse nacional. Assim, se manifesta não uma política de conciliação, mas uma política de supremacia, que não evita conflitos.
Rainer Hermann é jornalista do diário alemão "Frankfurter Allgemeinen Zeitung".
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