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Liberdade de imprensa, pilar de toda democracia

Ines Pohl
Ines Pohl
7 de janeiro de 2019

A restrição à mídia não é um problema apenas em países de regime autocrático. A liberdade está ameaçada também em cada vez mais democracias e, com isso, essa forma de governo, opina a editora-chefe Ines Pohl.

Foto: picture alliance/dpa/N. Khawer

O direito à livre expressão não é artigo de luxo. A liberdade de imprensa irrestrita não é algo a que uma democracia possa renunciar, mas que, sim, precisa ser defendida com toda força, pois ela é o pilar dessa forma de Estado que proporciona ao indivíduo o máximo possível de liberdade, e a melhor proteção a todas as minorias.

Só se há possibilidade de se expressar livremente, de questionar criticamente as ações e omissões da política e economia, de investigá-las sem obstáculos e, justamente, de publicar as revelações resultantes, há a possibilidade de desvelar e, no melhor dos casos, impedir corrupção e abusos.

Essa constatação está longe de ser nova. Especialmente nós, alemães, aprendemos, o mais tardar com Adolf Hitler, como é importante o jornalismo independente. Foi uma estratégia calculada o fim da imprensa independente coincidir com o início de seu regime de terror.

Mas o que significa esse conhecimento hoje? Em primeiro lugar, que não podemos deixar de noticiar sobre a repressão de jornalistas, de exigir a libertação de colegas presos e de denunciar os dirigentes que tentem coibir a livre expressão de opinião. Isso significa que devemos instar nossos próprios governos e partidos de oposição a se engajarem justamente nisso, por vias diplomáticas mas, se necessário, também através de ações concretas.

Em especial a União Europeia precisa se perguntar como pretende lidar com países-membros que restringem cada vez mais a liberdade de imprensa, em que as leis são modificadas nesse sentido, juristas críticos são demitidos e opositores do regime, neutralizados. Em futuras negociações para filiação à UE, a livre imprensa deve passar a ser um quesito inegociável: é a falta de rigor com os novos membros, nos últimos anos, que se faz sentir agora de forma tão amarga.

Os desdobramentos que vemos dentro da UE não são banais, em absoluto. Em países como Polônia, Hungria ou Romênia, as circunstâncias se agravam rapidamente. A situação de blogueiros e jornalistas cidadãos – muitas vezes uma das poucas fontes de informações independentes – se torna cada vez pior, com potencial francamente fatal: 13 deles foram mortos em 2018, em todo o mundo, quase o dobro de 2017.

E, no entanto, a violência direta contra jornalistas não é a única ameaça. Políticos como Donald Trump ou Vladimir Putin reconheceram onde o jornalismo é mais vulnerável: em seu bem mais alto, a credibilidade. Quando o presidente americano ataca a mídia como "fake news", não é apenas para desviar a atenção de suas próprias mentiras: trata-se de uma estratégia de longo termo para minar a credibilidade de seus críticos mais perigosos, enfraquecendo, assim, quem se ocupa de expor as falcatruas dele e seu contexto.

Por outro lado, cabe justo aos próprios jornalistas e editoras de mídia investigar com cuidado ainda maior, questionar também os colegas de modo ainda mais crítico e expor os erros sem qualquer restrição. Pois cada má conduta involuntária, cada exagero sem provas, cada caracterização unilateral faz o jogo de quem quer impedir as cidadãs e cidadãos de estarem bem informados ao ponto de formar uma opinião própria e independente. Mas essa é a pré-condição para que, no fim das contas, eleições sejam realmente democráticas.

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